Paula Vigneron e Ana Laura Ribeiro
12/09/2017 11:24 - Atualizado em 12/09/2017 14:05
Moradores da localidade de Quilombo fecharam a RJ 180 (Campos-Quissamã) na manhã desta terça-feira (12), com pneus e galhos em chamas, reivindicando melhorias na saúde, segurança e educação. A manifestação começou às 5h e, de acordo com os manifestantes, a rodovia só será liberada quando o grupo de moradores retornar de sede da Prefeitura de Campos. A Polícia Militar está no local.
A população da localidade explicou que há diversos problemas: falta de médicos e de remédios nos postos de saúde local e de Dores de Macabu e de merenda e gás na Escola Municipal Maria Antônia Pessanha Trindade. Outras reclamações dos manifestantes são o descuido com o ponto de ônibus, que está sem tapagem, e com o banheiro público, além da ausência de segurança nas ruas:
— Nós nos juntamos para pagar o conserto de uma viatura, que ficaria à disposição da comunidade, mas não tem quantidade suficiente de policiais para o patrulhamento constante da região — disse Edna Barleta da Silva, de 39 anos, que mora em Quilombo há 10 anos. A manifestante destacou, também, que a população local não estava sendo atendida pela ambulância há cerca de uma semana. “Na semana passada, perdemos duas pessoas da nossa localidade porque não tinha ambulância. O bombeiro veio de Campos para ajudar”, contou Edna.
Quanto à segurança, o grupo informou que os moradores se reuniram para pagar o conserto de uma viatura. O veículo ficaria responsável por fazer a segurança de Quilombo. Mas, no momento, segundo eles, há apenas um policial no Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO).
— A nossa viatura está dentro do DPO de enfeite porque o comandante está remanejando o pessoal. Não pode. E estamos pagando o conserto dela. Teve uma reunião com o coronel para escolhermos a viatura que quiséssemos. Ela veio para cá e estava quebrada. Foram gastos ou R$ 3 mil ou R$ 5 mil para o conserto, mas não tem pessoa para trabalhar — relatou Edna.
Em resposta às reivindicações, a Prefeitura de Campos, em nota, informou que “o processo de aquisição de medicamentos já está em curso, através de pregão, que foi homologado, e o estoque será normalizado a partir da entrega dos fornecedores para não haver descontinuidade do atendimento. Em fevereiro, também foi feita uma compra emergencial desses insumos para atender a população até o final do primeiro semestre”.
Protesto de moradores de Quilombo
Protesto na localidade de Quilombo
Protesto na localidade de Quilombo
Protesto na localidade de Quilombo
Protesto na localidade de Quilombo
Protesto na localidade de Quilombo
Protesto na localidade de Quilombo
Também em relação à saúde, o governo municipal disse que “a UBS da localidade de Quilombo é destinada a atendimento ambulatorial e conta com ambulância disponibilizada”. Ainda em nota, a assessoria de comunicação da Prefeitura afirmou que “a escola não chegou a ficar sem alimentos, foi uma questão pontual de falta de alguns itens devido à quebra de caminhão esta semana, utilizado na distribuição. Os veículos já estão fazendo a entrega e hoje mesmo a situação deverá ser normalizada”.
“As portas do gabinete do batalhão estão abertas” — Comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), o tenente-coronel Fabiano Santos de Souza contou que, na reunião com os moradores de Quilombo, informou ao grupo que, caso houvesse necessidade — determinada pela mancha criminal —, a viatura, que está no DPO da localidade, poderia ser deslocada para áreas com maior índice de violência:
— A questão de segurança pública não é estática. A gente aperta em um lugar, e as coisas acontecem em outro. Eu tenho uma mancha criminal para cumprir. Então, como comandante, tenho autonomia para tirar a viatura e colocar em outro lugar. E foi feito pontualmente. Assim como eles precisaram, meses atrás, quando estava com problema em Dores, e eu atendi com alterações lá. E precisei atender aqui em Campos. Então, pontualmente, eu usei a viatura. E falei desde o início que usaria no momento em que eu precisasse, como precisei.
Fabiano assegurou, também, que o batalhão está atendendo a localidade. Quando há crimes em Quilombo, caso o efetivo esteja em outra área, o policial, no plantão de 24 horas, recebe as ocorrências e aciona uma viatura. O patrulhamento é realizado pelo DPO de Quilombo, nos dias de policiamento completo, ou por DPOs de locais vizinhos.
— Existe policiamento, existe viatura. O que eu tenho em mãos, hoje, está lá. Como também em outros locais em que tenho queda de efetivo, mas nada que prejudique o policiamento porque tem policial lá, no DPO, 24 horas por dia — explicou.
O comandante ressaltou que, se houver necessidade, policiais de DPOs próximos podem auxiliar no patrulhamento e nas ocorrências. “A última ocorrência que teve lá foi no mês de abril. Estamos em setembro. Então, hoje, não tem uma mancha criminal que eu não possa tirar a viatura em hipótese nenhuma. Quando não podia, não tirei. Ela atendeu e melhorou o índice de ocorrência. As portas do gabinete do batalhão estão abertas para as comunidades que quiserem conversar comigo”, afirmou.