Maior dos Maiores, Maestro José Carlos Ligiéro Faleceu Ontem
POR MARCOS VINICIO DIAS RIBEIRO
Uma história de dedicação a musica, a arte e a cultura de nosso município

Morreu na noite desta terça-feira, 13 de setembro, o grande nome da música itaperunense, o maestro José Carlos Ligiéro. Nascido no dia 04 de dezembro de 1930 no distrito de Comendador Venâncio. Filho caçula de Francisco Mattos Ligiéro e Maria do Carmo Goulart Ligiéro, cresceu protegido e cercado do carinho dos seus pais e irmãos: Antônio, João, Rita de Cássia e Pedro. Sempre fascinado pela música, José Carlos Ligiéro, o Juca, como era conhecido pelos familiares, herdou o talento do avô Giovane Francesco, um imigrante italiano que era músico.

Nas lembranças de José Carlos Ligiéro, quando em conversas, sempre aparecia o nome do maestro e professor Orlando Tupini que mudou-se para Comendador Venâncio e ali conheceu o menino Juca e a ele deu a oportunidade de tocar o primeiro instrumento e ensiná-lo a arte da música. Mas, por uma sucessão de tragédias onde perdeu todos os filhos, Orlando Tupini resolveu abandonar a carreira pelo desgosto. Sabedor da presença de um professor de música em Laje do Muriaé, Nicolino Mazzinne, José Carlos Ligiéro não mediu esforços para ir lá e aprender a arte que tanto amava. Ele fazia o percurso a pé sob sol, chuva e muitas vezes amassando muito barro até o local das aulas.



Aos 14 anos mudou-se para Itaperuna com toda a sua família em 1945 o que veio trazer grande mudanças em sua vida. Entre essas a amada Irani a quem declara que foi a sua musa a sua alma.

“Quando chegamos em Itaperuna, aqui já existia a banda 19 de Março e comecei a tocar com aquela equipe e assim foi durante um bom tempo”, disse José Carlos Ligiéro.

José Carlos – O Músico

Em 1947 foi criada a banda-baile “Ases da Melodia” que atuou até 1950 com presença constante na Rádio Itaperuna que naquela época tinha uma participação importantíssima na difusão da cultura de Itaperuna. Neste mesmo ano veio para a cidade o maestro “Chiquito” que foi um grande amigo de José Carlos Ligiéro e criaram a “Itaperuna Orquestra”.

“Me lembro muito bem o dia da primeira apresentação da orquestra, foi 10 de maio de 1950. Eram somente dois conjuntos naquela época o “Ases da Melodia” e o “Jazz Natal” que era da família Costa. A fusão destes dois conjuntos fez surgir esta orquestra”, acrescentou José Carlos.




Em 1953 no dia 24 de janeiro casou-se com a D. Irani que teve um papel importantíssimo em sua carreira, pois sempre o apoiou principalmente nos momentos difíceis. Pode com o apoio de D. Irani aperfeiçoar os seus estudos e aprimorou-se em: harmonia, morfologia, estruturação musical. Teoria musical, introdução a pesquisa folclórica, regência, composição entre outros aspectos da música. Foi para o Rio de Janeiro em 1956 onde pode mostrar o seu talento e sendo sempre convidado a apresentar nas festividades da então capital federal. O talento deste itaperunense levou a banda dos Salesianos de Niterói a conquistar um prêmio na Suiça com um de seus arranjos.

Em 1959, Claudio Cerqueira Bastos (Claudão), Alcemar Vargas e Norival de knopp fundaram a Sociedade Musical Itaperunese tendo José Carlos Ligiéro como o seu primeiro e único maestro. Prêmios não faltaram a esta Banda de Música onde além de reger ensinava também música.



Como compositor José Carlos tem mais de 900 obras registradas e uma delas foi executada pela Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro em 1989 na comemoração do centenário da República no palácio do Catete no Rio de Janeiro. Pode formar vários corais no norte e no noroeste fluminense e na zona da mata mineira. Sem dúvida se Itaperuna hoje tem uma cultura musical deve em muito ao talento e a dedicação de José Carlos Ligiéro, pois quase a unanimidade dos músicos que atual hoje em nossa cidade e muitos espalhados por esse Brasil passaram pelas mãos deste tão brilhante maestro.

“Muitos profissionais estão na Aeronáutica, Marinha, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros e que iniciaram com suas aulas por essa Banda fundada pelo Claudão antes mesmo de ser político”, acrescentou José Carlos.


A Fotografia entrou na vida de José Carlos Ligiéro como um hobby, e sem maiores pretensões levava sempre em suas viagens com a Orquestra uma máquina fotográfica que era uma de suas mais fiéis companhias e com ela tirava fotos da natureza, dos amigos e das cidades por onde passava.

“Apesar de ter várias fotografias de pessoas importantes, da minha família entre outras o meu grande prazer era fotografar a natureza, pois ela nunca faz pose e a sua beleza é sem dúvida inesgotável”, disse o maestro.

Carlos com o pai Francisco a mãe Maria do Carmo e os irmãos, João, Rita de Cássia e Pedro
José Carlos com o pai Francisco a mãe Maria do Carmo e os irmãos, João, Rita de Cássia e Pedro
Em 1977 ele pode mostrar em uma exposição suas belas obras fotográficas na Sala Celília Meirelles no Rio de Janeiro, e consta nos registros que foi uma das mais concorridas amostras realizadas naquele local.

“Hoje me sinto muito feliz, pois trabalhei em uma profissão que sempre amei e gostei e criei oito filhos o que para mim foi a mais bela melodia por mim criada”, finalizou o maestro.
Fonte-RadioItaperunaFMGospel
 

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    Nino Bellieny

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