Assembleia dos médicos: casuísmo?
11/08/2017 10:30 - Atualizado em 15/08/2017 15:26
Ponto Final
Ponto Final / Ilustração
Assembleia dos médicos
Em tese, a assembleia marcada para às 19h de hoje, no sindicato dos Médicos, tem cinco itens na pauta: A) reposição de insumos e equipamentos, B) condições de trabalho, C) corte da gratificação da emergência, D) segurança e E) assuntos gerais. Na prática, os médicos decidirão se aderem ou não ao estado de greve definido na noite de quarta pelos demais servidores da Saúde Pública do município.
Casuísmo?
Pela importância do serviço que prestam, os médicos formam uma categoria de liderança natural no seio de qualquer comunidade. E ninguém que já tenha passado por uma unidade pública de Saúde em Campos ignora que os itens A e B da pauta teórica são sofríveis na prática. E não é de hoje. Justamente por ser uma situação que se arrasta há anos, pode soar a casuísmo passar a trabalhar com a possibilidade de greve só no dia seguinte à Câmara Municipal aprovar o ponto biométrico e a regulamentação das substituições no serviço público municipal.
Exemplo
Na manifestação que os servidores da Saúde fizeram, na subida da ponte Gal. Dutra, na manhã da última segunda-feira (07), deram um indicativo de que não é nos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que estão pensando quando protestam. Afinal, além de fecharem o trânsito no trecho de ligação da BR 101, cerceando o direito de ir e vir de quem não tem nada a ver com isso, ninguém pareceu pensar nos pacientes do Hospital Ferreira Machado (HFM), maior de Campos, a poucos metros da fumaça negra gerada pelo protesto.
Poderia ser pior
Que o governo Rafael Diniz (PPS) herdou uma Prefeitura em estado falimentar da gestão Rosinha Garotinho (PR), não é novidade. De tanto a atual administração repetir o fato, já ficou até cansativo. E a coisa seria mais grave se as procuradorias do município e da Câmara não tivessem restituído na última hora, no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF 2), a liminar que impede a Caixa Econômica Federal (CEF) de cobrar os R$ 1,3 bilhão da “venda do futuro” nos termos pactuados pelos Garotinho. Se não fosse isso, faltaria dinheiro, literalmente, até para pagar o servidor. Campos poderia ficar ainda pior do que o Estado do Rio.
Sangramento
O orçamento de Campos para 2017 é de R$ 1,6 bilhão. Embora tenha sido o mesmo de 2016, Rosinha teve uma execução orçamentária de quase R$ 3 bilhões, com o aporte das duas “vendas do futuro” e os saques ao PreviCampos. A necessidade financeira tem empurrado Rafael à tomada de medidas antipáticas, ao custo do sangramento do capital político de quem conquistou a Prefeitura em turno único, vencendo em todas as sete Zonas Eleitorais (ZEs) do município.
Sem mágica
Numa municipalidade que precisa manter seus serviços básicos, não dá para fazer mágica com menos dinheiro e gente. Dos quase 4 mil RPAs que hoje tem o governo, por exemplo, a previsão é da redução de 50% até setembro. Diante deste vácuo de pessoal, não há solução que não seja chamar à realidade o servidor que passou em concurso público para trabalhar 40 horas semanais, mas protesta quando se vê obrigado a ir além das 30 horas de labuta por semana.
Pântano
A certeza do que precisa ser feito tem que ser apresentada com didatismo e paciência, sem nenhum tropeço na arrogância. O servidor tem que ser encarado (e envolvido) como a solução, não parte do problema. Uma administração que se elegeu pela fluidez da comunicação com a população, inclusive os servidores, que votaram em peso em Rafael, mais do que nunca precisa de diálogo. Como adverte Daniel Day Lewis como protagonista do filme “Lincoln”, para quem sabe onde quer chegar, mas ignora que no meio do caminho há um pântano, só saber a direção correta pode significar um mergulho no lodo.
José Renato

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