Polvo companheiro na UTI
Dora Paula Paes 18/08/2017 17:51 - Atualizado em 21/08/2017 16:36
Valentinna nasceu há quatro meses, com 32 semanas. Ela foi a primeira bebê prematura de Campos a ter companhia dentro da incubadora. Um amiguinho rosa, quentinho e que lhe acalentou durante 30, dos 48 dias em que esteve longe da mãe após o nascimento. De maio para cá, mais de 100 crianças que estavam internadas na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e na Unidade Intensiva (UI) do Hospital Plantadores de Cana (HPC), em Campos, receberam o mesmo carinho, graças a uma técnica simples, que começou na Dinamarca em 2013. A técnica que tem ajudado os bebês prematuros é um polvo feito de crochê. Quando colocado dentro das incubadoras tem melhorado a frequência cardíaca, índice de saturação de oxigênio e deixado os recém-nascidos mais calmos.
— A partir do mês de maio quando foi criado um grupo de voluntárias, os bebês estão recebendo o polvo e ainda podem levar para casa. O que a gente observa é que o ambiente frio das UTIs ficou mais colorido com a chegada dos polvos. Conseguimos humanizar. As mães quando chegam logo querem saber se os filhos irão receber os polvos. Tudo isso é muito gratificante. Não existe comprovação científica, mas a diferença é visível na melhoria da qualidade de saúde das crianças — afirma a enfermeira Pamela Costa Araújo da Silva
O tentáculo lembra o cordão umbilical e os bebês acabam segurando neles, oferecendo uma sensação de segurança como se fosse o útero materno. A implantação do projeto em Campos surgiu depois de um contato de um grupo de São Paulo que faz os bichinhos e ofereceu a técnica para a confecção da criação dos polvos.
Aline Nunes dos Santos, mãe de Valentinna, conta que sua filha ganhou o polvo da irmã. O projeto foi apresentando ao médico coordenador da UTI, Marianto de Freitas Cunha Filho. “Ninguém espera por um filho para sair do hospital sem ele. Nunca imaginei que isso iria acontecer comigo. Lembro de chorar muito por deixar minha filha lá sempre chorando durante os primeiros 17 dias. Mas, logo que ganhou a companhia do seu polvo rosa, só a vi chorando duas vezes, isso me deixava mais tranquila quando ia para casa”, conta, destacando que o polvo continua sendo a companhia da filha em casa.
A mãe de Valentinna também faz parte do grupo de voluntárias que cuida para não faltar polvos para os recém-nascidos prematuros da UTI. Na página do hospital já existe a “receita” de como fazer o trabalho manual: www.hpccampos.com.br.
— As crianças choram menos e dentro de UTI que existe uma situação grande de procedimentos para controle do quadro clinico, qualquer ‘ferramenta’ que gente possa ter vai ajudar. A situação de stress provoca alteração corporal. O polvo acalenta o bebê e ajuda no desenvolvimento neuromotor — explicou o médico Marianto de Freitas.

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