Adiléa: Médica aos 67 anos
Dora Paula Paes 18/08/2017 17:40 - Atualizado em 17/04/2018 16:49
Adélia Lopes
Adélia Lopes / Paulo Pinheiro
Adiléa Lopes, 67 anos, é um exemplo, de que sonho se realiza, nem que seja na terceira idade. No momento, ela se prepara para emoção de estar entre os formandos da Faculdade de Medicina de Campos. Aos 59 anos, chegou à Universidade como caloura. Segundo ela, foi novidade até para os colegas de turma. Na bagagem: duas faculdades, aposentadoria, doenças, falta de dinheiro e o fim do casamento com três filhos pequenos. Como propósito: minimizar o sofrimento das pessoas. Foram sete anos e a futura “doutora” Adiléa mantém o mesmo foco, com pé no chão. Ela sabe aonde quer chegar, afinal, aprendeu atravessando tempestades.
— Foi um sonho de criança. É com muita alegria que estou concluindo minha faculdade. Muito feliz por Deus ter me dado essa graça. Na minha cabeça no primeiro momento foi muito fácil fazer o vestibular, ingressar mesmo sem dinheiro, mas eu não sabia o que estava por vir. Primeiro lidei com a surpresa dos meus colegas de turma, depois a rotina exaustiva de estudo, noites sem dormir, muita tensão até o 4º ano. Agora, na reta final, estou só no estágio e defendendo minha segunda tese de Pós-graduação. A primeira foi sobre gravidez na adolescência. A atual, uma abordagem disciplinar da saúde da mulher. Minha intenção é atuar na área da saúde da família — diz Adiléa.
A medicina, apesar se sonho acalentado desde a infância, só aconteceu na vida da professora e bióloga, após sofrimento com os problemas de coluna e emocionais decorrentes da separação, quando se viu sozinha com três filhos pequenos. “Foram tempos difíceis. Mas estou aqui”, ressalta. E ela está realmente, mais firme que nunca. “Sei que pela minha idade vou trabalhar por uns 15 anos, esse é meu plano, fazer o que gosto. Quero atuar em comunidade. Acredito que não será difícil conseguir uma colocação no mercado de trabalho, meu plano não é ganhar dinheiro, mas sei que vou precisar. Se não conseguir por aqui, não descarto ir para outros estados, como no Norte do país”, projeta.
Nessa viagem pelo conhecimento na área de medicina, a futura médica Adiléa conta que passar pela área de oncologia só lhe deu a certeza de que é preciso atuar mais próxima das unidades de família. “Na oncologia fiquei chocada por estar tão perto da morte, muitas precoce. Alguns porque não se cuidaram na adolescência, não mudaram hábitos de vida. Quero perder tempo com as pessoas. As doenças vêm em decorrência de conflitos, alimentação inadequada, estresse e genética, é claro”, disse.
Mãe de três filhos, avó de sete netos, Adiléa é exemplo. Se tem alguma mensagem, no alto dos seus 67 anos, cabelos grisalhos e arrumados, unhas pintadas de vermelho alegre, ela diz que sim: “Todos que tem um sonho e mesmo com dificuldades, não pode desanimar. O sonho faz parte da vida. Mas, é bom ficar ciente que sonhar é fácil, existem dificuldades, mas eu sei que possível, basta não desacreditar de si mesmo”.

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