Projeto Invo ameaçado?
Dora Paula Paes 18/08/2017 16:33 - Atualizado em 21/08/2017 16:32
Após 11 anos de sucesso, estaria o Centro de Infertilidade e Medicina Fetal, no Hospital Escola Álvaro Alvin, ameaçado? Segundo o coordenador do projeto, o médico especialista em Reprodução Humana, Francisco Colucci, o serviço continua disponível. “Entretanto, vem sofrendo seguidos cortes no que diz respeito ao número de tratamentos disponíveis. Inicialmente eram 20 por mês, passou para nove e, agora, parece que há uma intenção da Secretaria de Saúde do município em reduzir mais ainda, para sete por mês, o que comprometeria não somente o funcionamento do serviço, mas traria um congestionamento maior de pacientes ao acesso”, revela.
— Hoje a fila de espera para o tratamento está em torno de 2 anos. A direção do Hospital Escola Álvaro Alvim e a Secretaria de Saúde vêm trabalhando para que o serviço não seja inviabilizado, pois além de pioneiro, e a única porta de acesso público de todo o Estado do Rio. Trabalham para que o Hospital Escola Álvaro Alvim seja referência para o Estado e reconhecido pelo Ministério da Saúde através da rede cegonha — diz o médico.
O caminho de sucesso é longo. O sonho da maternidade se tornou realidade a partir da Fertilização In Vitro (FIV), oferecida gratuitamente para casais inférteis neste período. São aproximadamente 350 crianças que nasceram através do programa. “Nos dá uma média de 35% de sucesso e aproximadamente 60% quando a mulher tem menos de 35 anos. Mas mais significante para nós é que nesse período não tivemos nenhuma internação hospitalar por complicações e somente um caso de trigêmeos, o que traduz a qualidade do serviço”, ainda ressalta Colucci.
O acesso, segundo o especialista, é simples. Basta entrar em contato com o Centro de Infertilidade no Hospital Escola Álvaro Alvin e agendar a consulta tanto através do SUS como consultas particulares e convênio. Apesar de receber casais de todo o país, o acesso ao tratamento é exclusivo para munícipes de Campos. Enquanto o programa não é referenciado no Estado e Ministério da Saúde, os casais de outros estados e municípios são atendidos, mas o tratamento é solicitado à secretaria de Saúde do município de origem.
Como é estar à frente de um projeto, reconhecido internacionalmente? “É muito gratificante não só para nós do serviço mas para todos, pois não só o Centro de Infertilidade e o Hospital mas Campos repercutiu intensamente na imprensa internacional. O importante do Invo não é somente a técnica, mas porque permitiu e permite que muitos casais que não teriam acesso ao tratamento passaram a ter a esperança de constituir uma família. Somente 1% da população tem acesso à fertilização in vitro convencional devido ao alto custo financeiro, o Invo permitiu democratizar esse acesso por ser mais barato e com chances de sucesso semelhante. Isso é que o levou a entrar no Obama Care por exemplo, após ser reconhecido pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva em 2014”, conclui.
Equipe acompanha passos do primeiro bebê
Francisco Colucci também fala com carinho do primeiro bebê que nasceu em Campos através do programa. “A mãe Claudia e a Maria Vitória não são pacientes, fazem parte da família do Centro de Infertilidade! Elas têm hoje uma relação muito próxima de todos no serviço e são muito presentes no Centro de Infertilidade, a Maria Vitória é muito inteligente, esperta e nos vemos com frequência e todo aniversário dela estamos presentes!”, conta e ainda destaca:
— Já se vão 6 anos! Vale ressaltar que a Maria Vitória teve toda a sua assistência dentro da rede de atendimento público do município: a fertilização depois de 13 anos tentado ser mãe, o pré-natal muito bem acompanhado e sem problemas e o parto bem assessorado no HPC. Mais que tudo, ela é’ o exemplo que podemos ter uma assistência de saúde de excelência.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS