Epidemias versus vacinação
18/08/2017 15:19 - Atualizado em 21/08/2017 16:30
Dia D contra a Febre Amarela em Campos
Dia D contra a Febre Amarela em Campos / Ana Laura Ribeiro
De Oswaldo Cruz aos dias de hoje. Entre o final do Século XIX e início do Século XX já se brigava no Brasil para erradicar febre amarela e varíola, havia os batalhões “mata-mosquito” e até uma rebelião aconteceu, que ficou conhecida como “Revolta da Vacina”, por aqueles que rejeitavam receber a vacina, por puro desconhecimento. No Século XXI, doenças como a febre amarela voltam a assustar. A luta contra mosquitos também não foi vencida, pelo contrário, o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da Dengue, é o vilão dos vilões, se proliferou e, ainda, trouxe de carona, doenças como Zika vírus e Chikungunya. As autoridades de Saúde estão sempre em alerta. Campanhas de vacinação são realizadas e vacinas para os mais variados tipos de enfermidades podem ser adquiridas nas redes pública e privada.
Em Campos, a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Campos, Roberta Lastorina Rios, informa que a população pode contar com doses de BCG, Pentavalente (união da tetravalente com a hepatite B), hepatite B, tríplice ou tetra viral, varicela, rotavírus, poliomielite, meningo C, HPV, dupla e tríplice viral, influenza, DTPa (gestante) disponíveis nas unidades de saúde do município para atender ao calendário vacinal de rotina. Exceto a BCG que é realizada pelo Programa de Atenção Integral a Saúde da Criança (Paisca) ainda na maternidade ou no Pólo II do Centro de Referência e Tratamento da Criança e do Adolescente (CRTCA 2).
A vacinação contra a febre amarela segue sendo disponibilizada nas seguintes salas de vacinação: UPH Morro do Coco, UPH Travessão, UPH Ururaí, UPH Hospital São José, UBS Eldorado, UBS Félix Miranda, UBS IPS, UBS, Jamil Abidu, UBS Santa Rosa, UBS Penha, Centro de Saúde, CRTCA1, CRTCA 2, Custodópolis, Farol de São Tomé e PU de Guarus.
Mosquito continua sendo grande vilão
A vacina contra febre amarela só faz parte do calendário de vacinas de rotina das regiões chamadas de endêmicas. Em regiões chamadas de alerta, como Campos, ocorre como medida provisória, porém a partir do ano de 2018 a mesma irá compor o calendário vacinal de rotina no estado do Rio de Janeiro devido ao cenário epidemiológico.
No caso das doenças transmitidas por mosquito, o diretor do Centro de Referência de Doenças Imunoinfecciosas (CRDI), antigo Centro de Referência da Dengue (CRD), Luiz José de Souza, reconhecido nacionalmente, já chamado até de “Doutor Dengue”, lembra que é preciso valorizar e entender as arboviroses e o aspecto mais importante é a prevenção.
— O País tem que valorizar o trabalho de conscientização porque temos uma infraestrutura muito precária. O Programa de Aceleração ao Crescimento não evoluiu. Existe até hoje um crescimento desordenado da população periférica ao mesmo tempo em que o sistema de saneamento é deficiente. Contudo, a área educacional é nosso principal atraso. A saúde depende de tudo isso. Como não há estrutura, ocorrem essas tragédias. Apesar disso, o País enfrentou os surtos com muita eficiência. Fizemos diagnósticos precoces do Zika vírus. Mas, a doença não acabou, pode retornar. O grande problema é conviver simultaneamente com dengue, Zika e Chikungunya.
Segundo ele, a Chikungunya vai aparecer. A dengue, por sua vez, também é grave e os quatro sorotipos já estão circulando no Brasil. O que se espera para agora é o sorotipo três, que depende basicamente da chuva e do calor. O Zika também deve continuar em menores proporções do que as notificadas anteriormente.
No campo científico, pesquisadores já desenvolveram vacina da Dengue, mas que ainda não chegou à rede pública, mas já pode ser encontrada na rede privada. “A vacina contra o Zika está a caminho (prevista chegar em dois ou três anos), aprendemos muito a lidar com a doença. Apesar das dificuldades, conseguimos crescer cientificamente, a aplicar o protocolo e hoje a mortalidade já é menor do que no início dos surtos”, destaca, ressaltando que a parte que ainda está atrasada é a política.
Precursor da vacina e “mata-mosquitos”
Oswaldo Cruz
Oswaldo Cruz / Divulgação
A briga contra mosquitos transmissores de doenças não é de agora com campanhas e mutirões pelas ruas. Nascido em agosto de 1872, o cientista, médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista, Oswaldo Gonçalves Cruz foi o pioneiro.
Oswaldo Cruz coordenou as campanhas de erradicação da febre amarela (transmitida por mosquito) e da varíola, no Rio de Janeiro.
Foi ele, também, que organizou os batalhões de “mata-mosquitos”, encarregados de eliminar os focos dos insetos transmissores.
O sanitarista não estava sozinho. Ele conseguiu ajuda com o governo vigente para decretar a vacinação obrigatória.
Mas, fazer a população, principalmente a mais humilde, entender que precisava se vacinar, não foi uma tarefa fácil, o que provocou a rebelião de populares e da Escola Militar (1904) contra o que consideram uma invasão de suas casas e uma vacinação forçada, o que ficou conhecido como Revolta da Vacina.
Hoje, combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya, ainda é tarefa difícil, principalmente, para conscientizar à população.

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