Jonas Lopes cita Jorge Picciani e Leonardo Picciani em delação
23/08/2017 14:41 - Atualizado em 23/08/2017 15:52
O presidente licenciado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), e o filho dele, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB), foram citados pela primeira vez na Lava Jato. Eles são donos de uma empresa de agropecuária que foi citada por atividades ilícitas na delação premiada do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio, Jonas Lopes de Carvalho.
O Ministério Público Federal (MPF) investigou um esquema de pagamento de propina para os conselheiros do TCE. As investigações partiram das delações premiadas de Jonas e do doleiro Álvaro José Novis. A empresa agropecuária de Jorge Picciani aparece envolvida em atividades ilícitas pela primeira vez na Lava Jato.
Segundo Jonas, em setembro de 2014, R$ 500 mil obtidos na prática de corrupção foram usados na compra subfaturada de 100 cabeças de gado da raça girolando, da Agrobilara Comércio e Participações LTDA, dissimulando a natureza ilícita dessa quantia. A empresa fica em Uberaba, em Minas Gerais, e tem Picciani e seus filhos como sócios, um deles é Leonardo. Jonas compareceu a uma das fazendas da Agrobilara e adquiriu os animais por R$ 600 mil, ajustando a emissão de notas fiscais subfaturadas com os vendedores
O ex-presidente do TCE conta que os proprietários da empresa emitiram duas notas fiscais de R$ 32,5 mil e duas de R$ 17,5 mil, correspondentes à totalidade dos animais, mas indicaram apenas parte do valor total do negócio.
Jonas disse que a quantia restante de R$ 500 mil foi quitada em espécie, em maços de dinheiro entregues a um dos sócios da empresa, na sala da presidência do TCE e na própria residência do ex-presidente do Tribunal de Contas.
Em outra oportunidade, entre agosto e novembro de 2015, Jonas converteu mais uma parte da propina recebida - cerca de R$ 260 mil - na aquisição subfaturada de 70 bovinos da agropecuária Copacabana, também dissimulando a natureza ilícita da quantia.
Segundo o ex-presidente do TCE, havia um sócio em comum tanto na Agrobilara, empresa dos Picciani, como na agropecuária Copacabana. Essa pessoa não está identificada no documento. O Ministério Público Estadual do Rio investiga o suposto enriquecimento ilícito de Jorge Picciani com os negócios agropecuários.
Os promotores têm indícios de que grandes fornecedores do estado estariam entre os compradores de gado do deputado. Tanto o MP estadual como o federal querem saber se a comercialização de animais das empresas de Picciani seria uma moeda de troca por favores políticos.
A assessoria do presidente licenciado da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, foi procurada na noite dessa terça (21), mas disse que, em função do horário, não teria como dar uma resposta. A produção da TV Globo, que divulgou a matéria, ainda não conseguiu falar novamente com a assessoria do presidente da Alerj. Também não conseguiu contato com o ministro do Esporte, Leonardo Picciani.
No TCE
Jonas foi indicado para a Corte de Contas pelo então governador Anthony Garotinho (PR), em 2000. Advogado formado pela Faculdade de Direito de Campos e filho do criminalista Jonas Lopes de Carvalho, já foi procurador-geral da Prefeitura de Campos e presidiu o TCE entre 2011 e 2016, período das obras para a Copa do Mundo e Olimpíada. Ele também foi responsável pela fiscalização de todos os municípios fluminenses, com a exceção do Rio de Janeiro. Daí o potencial de sua delação ser considerado tão explosivo. Contudo, nomes citados por Jonas apontam que ele teria poupado velhos aliados.
As informações sobre o conteúdo da delação são do portal G1

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    Arnaldo Neto

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