Uma gestão que preza pelo diálogo
27/07/2017 10:00 - Atualizado em 31/07/2017 15:38
Ponto Final
Ponto Final / Ilustração
Diálogo (I)
O prefeito Rafael Diniz (PPS) vem batendo insistentemente na tecla do diálogo durante sua gestão. A administração do município não tem sido nada fácil, com déficit orçamentário e ainda tendo de pagar a “venda do futuro”, uma das armadilhas deixadas pelos Garotinho. A Prefeitura trava um embate jurídico com a Caixa para tentar reverter os termos assinados pela ex-prefeita Rosinha, mas ontem, em Brasília, Rafael retomou as negociações com o presidente do banco, Gilberto Occhi. Em entrevista à Folha no último dia 2 de julho, Diniz declarou que as conversas com a CEF iriam retornar. “Vamos sentar à mesa com todos os atores deste processo para mostrar que a vida de Campos depende disso”, disse.
Diálogo (II)
A importância do diálogo foi reforçada pelo deputado estadual Geraldo Pudim (PMDB), em entrevista à Folha no último domingo. “No meu entendimento é muito melhor um acordo entre as partes do que uma briga jurídica a levar um longo tempo”, relatou o peemedebista. Independente das negociações, a batalha jurídica entre as duas partes, que ganhou o importante reforço da Câmara de Vereadores, continua e, como bem pontuou o deputado, promete ser bem longa. O mais importante nessa história é que as partes se entendam e que os, campistas, não paguem a conta da irresponsabilidade dos Garotinho.
Isolado
Aliás, a cidade estava precisando de um administrador que preze pelo diálogo, bem diferente do estilo do ex-secretário de Governo Anthony Garotinho, apontado como “prefeito de fato” pelo juiz Glaucenir de Oliveira na decisão que mandou prender o ex-governador no âmbito da operação Chequinho. Foi por causa do estilo de embate de Garotinho que o município muitas vezes ficou isolado nos últimos anos, reflexo de uma política populista ultrapassada. E é exatamente por causa disso que o próprio Garotinho tem se isolado politicamente.
Revoada tucana
O presidente Michel Temer tem enfrentado a artilharia de organizações de trabalhadores, aposentados e pensionistas com as reformas implementadas em seu governo. É um problema de menos, pois como o próprio Temer mesmo fala, ele não é candidato a nada em 2018. Mas este não é o único problema do presidente. Ele terá dor de cabeça forte mesmo nos próximos dias. Na última semana, o PSDB já avisou a Temer que depois do recesso, no plenário da Câmara, quando o assunto voltar à pauta, metade da bancada tucana, de 46 deputados, votará contra ele.
Pedido de desculpas
Essa informação aumenta o grau de preocupação do governo, na medida em que, na semana passada, uma fala mal articulada de Temer o indispôs com a bancada do DEM na Câmara. Temer insinuou que um grupo de 10 deputados do PSB poderia ir para o PMDB, quando na verdade esse grupo já estava em negociação com o Democratas, por meio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, primeiro na linha sucessória da presidência da República. Temer teve que correr e jantar na casa de Maia, com direito a sobremesa servida em pratos frios, para desfazer o que ele considerou um equívoco.
Toma lá, dá cá...
Para se precaver contra a deserção de metade da bancada do PSDB na votação da contra ele, Temer está se alinhando cada vez mais com o “centrão”. Grupo deputados que se vale sempre de cargos e verbas do governo, mantendo como característica beneficiar-se de quem puder dar mais. Como é o governo que tem a chave do cofre, esse grupo vota quase sempre com ele. É no “centrão” que Temer vai se preparar para o debate da denúncia de Janot, que começará no dia 2 de agosto, no final do recesso do Congresso. Até lá, a conversa será sempre de bastidores.
Degradação
Além da completa falência do conjunto dos serviços públicos, o Rio padece com o drama da violência urbana que explode nos quatro cantos do município, o que leva aos jornais e telejornais locais a elegerem o assunto como pauta prioritária. A escalada da violência leva a um número pavoroso de pessoas baleadas, cenário que se assemelha ao de países em guerra. Escolas crivadas de balas onde milhares de crianças estudam. O quadro é de tamanha gravidade que o secretário municipal de Educação, César Benjamin, assim falou ao jornal espanhol El País: “Não quero esconder a realidade, o Rio está morrendo aos poucos”.
José Renato

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