PF prende ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil em nova fase da Lava Jato
27/07/2017 08:50 - Atualizado em 12/08/2017 22:10
Aldemir Bendine
Aldemir Bendine / Divulgação
O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine foi preso na 42ª fase da Operação Lava Jato deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (27) no Distrito Federal, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Bendine foi preso em Sorocaba. A ação foi batizada de Cobra.
O publicitário André Gustavo Vieira da Silva, que é representante de Bendine, e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior também foram presos.
O Ministério Público Federal (MPF) afirma que, quando comandava o Banco do Brasil, Bendine pediu R$ 17 milhões à Odebrecht para rolar uma dívida da empresa com a instituição, mas não recebeu o valor. Na véspera de assumir a Petrobras, pediu novos valores de propina para não prejudicar os contratos da estatal com a empreiteira. Os valores foram pagos em 2015.
Bendine deve chegar à Superintendência da PF, em Curitiba, no período da tarde. Os demais presos também serão levados para o Paraná.
O advogado do ex-presidente, Pierpaolo Bottini, afirmou, em nota, que desde o início das investigações Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a regularidade de suas atividades. "A cautelar é desnecessária. É arbitrário prender para depoimento alguém que manifestou sua disposição de colaborar com a justiça desde o início", declarou o advogado.
Os três foram presos temporariamente. A prisão tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo ou convertida para preventiva, que é quando o investigado não tem prazo para deixar a cadeia. A operação também cumpre 11 mandados de busca e apreensão.
Segundo depoimento de delação feito por Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, Bendine solicitou e recebeu R$ 3 milhões para auxiliar a empreiteira em negócios com a Petrobras. Conforme os delatores, o dinheiro foi pago em espécie através de um intermediário. Aparentemente, de acordo com a PF, estes pagamentos somente foram interrompidos com a prisão de Marcelo Odebrecht.
Em 2015, Bendine era braço direito da então presidente Dilma Rousseff. E deixou o banco com a missão de acabar com a corrupção na petroleira, alvo da Lava Jato. Mas, segundo os delatores, ele já cobrava propina no Banco do Brasil, e continuou cobrando na Petrobras.
Print de conversas mostra provas do crime
Segundo o MPF, Aldemir Bendine e André Vieira conversavam pelo aplicativo Wickr, com destruição automática das mensagens trocadas. Mas, por algum motivo, fizeram print de mensagens que serviram de prova para a operação.
Uma das mensagens impressas indica justamente o endereço da casa de Vieira em Brasília, onde Marcelo Odebrecht e Fernando Reis relataram ter tido uma reunião em que Bendine disse a senha da cobrança de propina, que seria mencionar um empréstimo concedido pelo Banco do Brasil à Odebrecht Agroindustrial.
Há ainda referência à aprovação de empréstimos pelo banco: "O processo tá pronto e vai p a diretoria na terça" seguida de "pra aprovar os pagtos?". Nestas mensagens, Bendine chegou a mandar informações sobre licitação da Petrobras para o publicitário.
Segundo despacho do juiz Sergio Moro, em outra mensagem impressa Vieira mandou para Bendini uma lista de pessoas próximas a Lúcio Bolonha Funaro, operador do ex-deputado federal Eduardo Cunha e já preso pela Lava-Jato.
De acordo com o juiz, as mensagens foram encontradas em arquivos mantidos em "nuvem" dos aparelhos de celular ou dos aplicativos, graças à quebra de sigilo telemática, uma vez que os aparelhos ainda não haviam sido apreendidos.
(A.N)

ÚLTIMAS NOTÍCIAS