Mais "Pontal" no TB
Jhonattan Reis 05/07/2017 18:38 - Atualizado em 05/07/2017 18:38
O espetáculo teatral “Pontal” continua em cartaz no Teatro de Bolso (TB) Procópio Ferreira, em Campos, hoje (6), amanhã (7), sábado (8) e domingo (9), às 20h. A peça, do grupo O Pessoal do Oráculo, reúne poesias de Aluysio Abreu Barbosa, Antônio Roberto Kapi, Artur Gomes e Adriana Medeiros. Em cena estão Yve Carvalho, Saullo Oliveira e Jota Z, que vivem pescadores que cantam, contam “causos” e refletem sobre a vida em Atafona, distrito de São João da Barra. “Pontal”, que conta com direção de Kapi, tem ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Yve Carvalho, único ator no elenco desde a primeira apresentação do espetáculo, em 2010, no antigo Bar do Bambu, no pontal de Atafona, ressaltou que a peça é atemporal.
— É mais atual do que nunca. Inclusive, o espetáculo “Pontal” está avançando, assim como o mar no próprio Pontal. A peça está mudando com o tempo. Houve mudanças de atores, de poesias e cada lugar que a gente apresenta nos dá uma particularidade diferente — disse Yve, que comentou sobre a importância de o teatro ser utilizado, também, socialmente.
— Isso é ótimo. Estamos podendo usar o teatro como forma de transformação. Alunos meus estão assistindo a “Pontal”, tanto os do Curso Livre de Teatro da Fundação (Cultural Jornalista Oswaldo Lima) quanto os de escolas públicas. Estamos podendo fomentar a cultura. Teatro forma seus alunos não só para serem atores, mas também cidadãos, seres críticos e pensantes.
Autor de 17 poemas dos 22 que compõem o espetáculo, o poeta e jornalista Aluysio Abreu Barbosa destacou que foi surpreendido ao assistir “Pontal” no TB na última sexta-feira (30).
— Havia poemas meus ali que eu não sabia que estavam no espetáculo. Eu havia mandado alguns poemas para o Yve há um tempo e ele me surpreendeu ao colocá-los em “Pontal”, substituindo outros meus que havia no espetáculo. É diferente, inclusive, ver poemas sendo interpretados. “Pontal” seguiu um destino da poesia, que é de só pertencer ao autor enquanto ele está escrevendo. Saiu dali, é filho dado ao mundo.
Aluysio também contou que ficou feliz com a recepção do público na semana passada.
— Fiquei entusiasmado e empolgado. E “Pontal” sempre tem algo diferente. Já tem sete anos e está sempre se renovando. Importante é que o Pontal significa muito para pessoas da região. Todo mundo já foi a Atafona, ao Pontal, à foz do rio Paraíba. Então, cada um tem suas histórias com esses lugares. “Pontal” é uma possibilidade de cada um desaguar suas memórias do Pontal nas memórias que a gente trouxe no espetáculo.
O ator Saullo Oliveira comparou o espetáculo “Pontal” ao Pontal de Atafona. “Estamos num momento em que a erosão do mar está muito forte e, também, em que “Pontal” está em um crescente. Estou descobrindo coisas na peça que eu não imaginava, mesmo depois de mais de sete anos, já que ensaiei esse texto pela primeira vez em 2009, apesar de não ter feito as primeiras apresentações”, disse.
Já Jota Z comentou: “A cada dia em que a gente vai apresentando, surgem elementos novos. A peça está com um ótimo ritmo. Atuar em ‘Pontal’ está sendo uma explosão de sentimentos na minha vida. Tem muitos anos que eu frequentava o Pontal e algumas cenas, com a troca com Yve e Saullo, trazem toda aquela sensação”.
Além das 17 poesias de Aluysio, há duas de Kapi, duas de Artur Gomes e uma de Adriana Medeiros.
Artur, que chegou a atuar em “Pontal” em 2010, em Atafona, falou em relação à importância do Pontal para moradores da região. “Principalmente para pessoas da minha geração, que passaram suas infâncias e juventudes ali. Além da confluência entre oceano e rio Paraíba, existe toda uma simbologia. O espetáculo mostra bastante o quão importante são essas memórias do Pontal”.
Para Adriana Medeiros, teatro é sempre bem-vindo. “E é surreal ver uma peça falando de uma questão que está próxima da gente e que é atual. As pessoas precisam assistir a este espetáculo, pois vão encontrar três atores competentes em cena e ótimas histórias. Acho que a arte da palavra é uma das mais bonitas que existe. E ‘Pontal’ tem textos muito visuais. As pessoas precisam perceber que literatura é muito mais do que aquilo que está no papel. Poema tem vida, tem brilho, tem alma, carne osso, tudo, e isso é mostrado em ‘Pontal’.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS