Câmara no estilo "bateu-levou"
Suzy Monteiro 21/06/2017 09:19 - Atualizado em 23/06/2017 01:06
Sessão tensa na câmara sobre Restaurante Popular
Sessão tensa na câmara sobre Restaurante Popular/Antonio Leudo
O clima de aparente cordialidade antes do retorno de quatro dos vereadores eleitos e não diplomados em dezembro, Linda Mara (PTC), Thiago Virgílio (PTC), Ozéias (PSDB) e Miguelito (PSL), na semana passada, continua longe da Câmara. A sessão dessa terça-feira (20) foi marcada pelos debates em torno do fechamento do Restaurante Popular, divulgação de supostas gravações fantasmas e Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Tudo tendo como pano de fundo a operação Chequinho. A bancada governista revidou às provocações da hoje oposição, mas que fazia parte da gestão rosácea. O líder da situação, Fred Machado (PPS), anunciou: “se bater, vai levar”.
A sessão transcorreu de maneira tranquila. Três projetos entraram para tramitação, entre eles a Emenda Modificativa nº 001/2017 ao projeto de Lei nº 0012/2017, de autoria do vereador Jorginho Virgílio (PRP), que dispõe sobre a nomeação para cargos em comissão no âmbito do Poder Legislativo Municipal.
O clima esquentou na hora da palavra livre, já no final da sessão, quando dois vereadores, já condenados na parte cível da Chequinho e réus em ações penais do mesmo caso, criticaram o fechamento do Restaurante Popular. Linda Mara usou a tribuna para reclamar do fechamento, sendo aplaudida por militantes. Pouco depois, Miguelito — que, minutos antes, havia elogiado o ex-secretário de Governo Anthony Garotinho — sugeriu que a Câmara cortasse o lanche dos vereadores e assumisse o restaurante. Miguelito disse que estava sendo feito “teatro na tribuna”.
O vereador Genásio, relator da CPI da Lava Jato, destacou que o Centro Pop está aberto, com três refeições diárias para população de rua. “Mas não podemos deixar de falar o que deixou o governo Rafael Diniz nessa situação e a tomar algumas medidas. Se devolverem o que foi retirado no governo passado, iremos reabrir o Restaurante Popular. E a CPI vai querer repatriar este dinheiro. Devolve, que o restaurante poderá ser reaberto”, afirmou.
Na realidade, o termo não seria repatriar por não ser referente a contas no exterior. Segundo os delatores da Odebrecht, o dinheiro teria sido entregue a Garotinho em mãos e em espécie (em reais).
Em seguida, Fred Machado endureceu o tom, falando que estão querendo fazer teatro eleitoral com fome alheia. Ele citou, ainda, o caso de uma suposta gravação atribuída ao prefeito Rafael, publicada no blog de Garotinho, que afirmou ter apagado a gravação: “Quem destrói provas é criminoso. Tem provas? Mostre”.
Sobre o Restaurante, Fred lembrou que ele foi reaberto já no final do ano passado. “Campanha eleitoral que fizeram e hoje o que a gente está fazendo é readequando. Um prato de comida custava R$ 11. E comiam pessoas sem nenhum critério. Muitas precisavam, mas muitas não precisavam e acabam tirando da boca das que necessitavam”.
O vereador destacou, também, que há duas CPIs em andamento, mas outras podem surgir. E finalizou: “Gostaria que o vereador que falou um pouco antes de mim falasse se alguma vez deixou de comer o lanche. Muito pelo contrário. Não tem como ter diálogo com pessoas que passaram por coisas e hoje estamos vivendo tudo isso por conta do governo que passou. Não falamos sobre problemas externos. Mas quem aprende lições com um homem como foi enaltecido hoje, nada de bom traz no coração. Vou trabalhar assim: Se bater, vai levar”.

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