Desaparecimento de Neivaldo completa dois anos
Matheus Berriel 21/06/2017 09:50 - Atualizado em 23/06/2017 12:25
Neivaldo
Neivaldo/Folha da Manhã
Cadê o “Bambu”? Esta é a pergunta de muitos moradores de São João da Barra, que completam, nesta quarta-feira (21), dois anos sem nenhuma notícia do paradeiro do comerciante, publicitário e “filósofo” autodidata campista Neivaldo Paes Soares. Ele desapareceu na noite de 21 de junho de 2015, após ter iniciado, sozinho e sem colete salva-vidas, em sua canoa a motor, a travessia da foz do rio Paraíba do Sul, entre Atafona e a ilha do Peçanha, onde residia. No dia seguinte ao fato, a canoa foi encontrada por pescadores, ainda com o motor ligado, rodando em círculos, tendo em seu interior os pertences de Neivaldo, que na época estava com 54 anos. Até mesmo cães farejadores auxiliaram nas buscas, mas “Bambu” nunca mais foi visto.
O comando do 1º Distrito Naval (Com1DN) da Marinha do Brasil relatou que, após ser informada do desaparecimento de Neivaldo, a Agência da Capitania dos Portos em São João da Barra (AgSJBarra) realizou buscas por três dias, em conjunto com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, na região onde teria ocorrido o desaparecimento. De acordo com a Marinha, “não foi encontrado nenhum vestígio ou sinais indicativos de acidente”.
“À época, a AgSJBarra instaurou um procedimento administrativo para investigar o caso, concluindo, diante dos fatos apurados e relatos colhidos, que não foi possível constatar se ocorreu algum acidente. Após a realização do referido procedimento, o processo foi encaminhado ao Tribunal Marítimo, conforme previsto”, diz a nota.
Na 145ª Delegacia de Polícia (SJB), onde o caso foi registrado, não há novas informações que possam ajudar a desvendar o paradeiro de Neivaldo. O delegado titular, Carlos Augusto Guimarães, está de férias, e quem responde pela delegacia neste período é o delegado Rodrigo Maia, titular da 141ª DP (São Fidélis). Em nota, a assessoria de comunicação da Polícia Civil disse apenas que “o inquérito foi encaminhado à Justiça, que o devolveu para a realização de novas diligências. O caso segue em andamento”.
Na edição do último domingo da Folha da Manhã e em seu blog, “Opiniões”, hospedado no Folha 1, o jornalista Aluysio Abreu Barbosa lembrou do caso e recolheu depoimentos de pessoas próximas a Neivaldo, que chegou a atuar na Folha, nos anos 1990, onde costumava colaborar com artigos, geralmente criticando o sistema manicomial brasileiro. Em um dos depoimentos, o irmão de Neivaldo, Elvio Paes Soares, lamentou a forma como ocorreram as investigações.
— É aquela velha história: caiu no esquecimento. A Marinha não fez mais nada para saber o que aconteceu. Na época do desaparecimento, com a cobertura da Folha em cima, fizemos tudo que poderia ser feito. Mas é uma sensação horrível não achar e poder enterrar o corpo do seu irmão. Foi ainda pior para o nosso pai, que morreu de infarto um mês e meio depois de Neivaldo sumir. Tenho certeza que não ter a resposta sobre o que aconteceu com o próprio filho contribuiu muito para isso. Seu coração não aguentou. E o de que pai aguentaria? As duas mortes seguidas desestruturam muito a nossa família. Minha mãe não passa um dia sem se lamentar. Ela sempre liga para mim para saber se acharam alguma coisa — disse Elvio na ocasião.

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