São João da Barra faz 167 anos
Jéssica Felipe 15/06/2017 20:41 - Atualizado em 17/06/2017 14:57
São João da Barra
São João da Barra / Divulgação
Em São João da Barra, junho é mês de comemorações, do nascimento da cidade aos festejos religiosos. Batizada pelo encontro do rio e o mar, essa é uma terra de muitas belezas e histórias, que traduzem quase 400 anos de existência no cenário do Norte Fluminense. Neste sábado (17) comemora-se 167 anos de elevação à categoria de cidade e no dia 24, celebração ao padroeiro São João Batista. “Lembro que tudo aqui era coberto pelos sussurrantes canaviais”, narra Carlos Sá, jornalista e escritor sanjoanense.
Foi em 1622, que um grupo de pescadores de Cabo Frio chegou à foz do rio Paraíba do Sul, encantados pela beleza do lugar e a abundância em pescados. Decidiram permanecer e, liderados por Lourenço do Espírito Santo, formaram o primeiro vilarejo pesqueiro da região, que viria a ser Atafona.
Conta a história, que Lourenço do Espírito Santo, devoto de São João Batista, perdeu sua esposa para as águas do Paraíba, abandonou o vilarejo e seguiu três quilômetros rio acima, erguendo uma choupana e uma pequena capela em louvor ao seu santo, São João Batista. Pouco tempo depois formava-se o povoado de São João Batista da Praia, denominado Vila em 06 de Junho de 1676, por ordem do Visconde de Asseca.
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Para Fernando Antônio Lobato e outros historiadores da região, essa é a verdadeira data de aniversário da cidade, que foi elevada à categoria só em 17 de Junho de 1850. Um decreto determinado pelo imperador brasileiro Dom Pedro II, que esteve em São João da Barra em 1847.
Muitas questões chamam atenção para a história do município. Um dos casos inusitados é o do “Avião na Praça São João Batista em 1917”, bem contada pelo avô de Fernando Antonio, o saudoso Antenor Lobato.
“Era época do fim da Primeira Guerra Mundial, um dos vapores que trafegavam do Rio para São João da Barra, encontrou flutuando no oceano, próximo de nossa costa, um aeroplano, que por ser em parte de madeira, não afundara.Sobre ele, o piloto pedia socorro. Rebocado até a cidade, foi conduzido pelo cais do Imperador até a praça. A curiosidade geral logo encheu o entorno da igreja Matriz. Morava na cidade, na época, um sanjoanense muito inteligente, Maneco Lima, filho do Major Lima. Chamado, foi junto com o piloto, ver o motor. No dia seguinte, após taxiar pela extensa Praça, o aeroplano alçou voo e partiu sob os olhares estupefatos e aplausos de todo o povo da cidade. Anos depois, numa campanha eleitoral, o candidato ao governo do Estado, Protógenes Guimarães, discursando na praça, lembrou o fato, declarando ser ele o piloto salvo e socorrido pela nossa cidade. Foi ovacionado. Essa era a história predileta do repertório de meu avô Lobato, que arrematava dizendo que só muitos anos depois Dr . Newton Alves chegava com o Primeiro automóvel”, relatou Fernando.
Essa e tantas outras histórias fazem parte da memória cultural de uma cidade que hoje abriga em média quarenta mil habitantes. Após um período de decadência durante a maior parte do século XX, São João da Barra voltou a prosperar com a descoberta de petróleo na Bacia de Campos, no final desse século. Em 2007 recebeu o projeto industrial do Porto do Açu e ainda sofre com essas oscilações na economia, mas mantém-se imponente, na Foz do Paraíba.
Comemorações ao padroeiro e aos 167 anos na programação
Sob as bênçãos de três padroeiros juninos, Santo Antônio, São João Batista e São Pedro, a cidade se consagrou nas comemorações de junho, que somadas ao aniversário da cidade, formam o grande circuito junino, o maior do interior do estado. No entanto, desde 2014 essa festividade vem sofrendo alterações por conta da crise econômica e política. O famoso evento já não recebe tantos investimentos e sua programação agora é reduzida. Grupos culturais, como os tradicionais participantes do concurso de quadrilhas, realizam ações paralelas para tentarem manter a tradição.
A prefeitura municipal, divulgou nessa terça-feira (13) a programação oficinal para este ano, que teve início nessa quinta (15), com os tradicionais tapetes de Corpus Christi, na avenida Joaquim Thomaz de Aquino Filho. Entre as atividades mais esperadas, estão o desfile cívico do dia 17, que, acontecerá às 11h, na avenida principal, a reabertura do Cine Teatro São João, no mesmo dia as 20h, com as sessões solenes de outorga da Medalha do Mérito “Barão de São João da Barra”, a missa dominical (18) que conduzirá o quadro com a efígie do padroeiro São João Batista até a Igreja de Nossa Senhora da Penha, em Atafona e abertura e premiação do concurso fotográfico “Prêmio João Batista Rocha”, no Centro Cultural Narcisa Amália, às 16h, dia 24. Outras atividades culturais e religiosas estão previstas, como o show do cantor e cidadão sanjoanense, Elymar Santos.
Tradição do carnaval é parte da história
Se as festividades são aspecto marcante na cultura sanjoanense, é o carnaval a maior delas. “Tem raízes remotas, que chegaram com o ‘entrudo’ português, em festa de azáfama, que na véspera da quaresma emporcalhava a cidade e as pessoas nas ruas e nas casas ninguém escapava dos banhos de água suja e farinha, tradição no Brasil Colonial. O advento do porto e o contato com outros povos, outras culturas, fez o carnaval ir se modificando, se tornando festa mais ‘civilizada’. A festa se organizou ao mesmo tempo que se tornou festa da elite. As sociedades cresceram e se multiplicaram”, descreve a página Histórias de São João da Barra.
No início do século XX Os Operários e Os Democratas, bandas que disputavam a preferência da cidade dividida entre Congos e Chinês, Recreativos de Samba, animaram o resto do século, mantendo a dualidade da festa carnavalesca até os tempos atuais. Os mascarados de Veneza continuam pelas ruas , hoje pedindo para serem molhados devido ao calor. “A festa popular passa por mais transformações e o séc XXI propõe mudanças. A tradição Sanjoanense deve ser valorizada”, diz o historiador Fernando Antonio.

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