Amor de mãe supera dificuldade
Jane Ribeiro 16/06/2017 09:01 - Atualizado em 17/06/2017 21:53
Lívia Tó, mãe de menino com microcefalia
Lívia Tó, mãe de menino com microcefalia/Rodrigo Silveira
A tão sonhada gravidez veio aos 24 anos para Lívia. Ela já sabia de todas as mudanças que passaria a ter no momento em que decidiu gerar uma criança, como o pré-natal e outros cuidados exigidos na gestação. Mas, aos sete meses de gravidez, Lívia passou pelo seu primeiro desafio de muitos que ainda terá que viver para dar uma vida de qualidade para o pequeno Miguel, hoje com nove meses. Ao contrair dengue e zika, ela buscou o tratamento adequado, no entanto, as ultrassonografias já indicavam o que ela só confirmou com o nascimento do filho: o Miguel tem microcefalia e síndrome congênita da zika.
— Durante a gravidez eu sentia que algo não estava bem, mas quando o Miguel nasceu foi que deram o diagnóstico. No início, foi muito difícil por uma série de fatores, uma delas foi a falta de orientação profissional, que eu só fui ter no Centro Internacional Sarah de Neuroreabilitação e Neurociências, no Rio de Janeiro. Se o Miguel tem hoje um desenvolvimento adequado foi lá que tive a assistência — informou Lívia Tó.
Em Campos, o número de casos de dengue, zika e chikungunya diminuiu consideravelmente nos últimos quatro meses. Mas em 2016 foram registrados mais de 6 mil casos só da zika no município. Os casos suspeitos de gestantes foram 225 e 38 deles foram confirmados. Em relação aos recém-nascidos, 16 confirmações da condição patológica de microcefalia. Já neste ano, o município notificou 12 casos suspeitos de zika e nenhum foi confirmado.
O diretor do Centro de Referência de Doenças Imunoinfecciosas (CRDI), Luiz José de Souza, informou que os bebês que nasceram com microcefalia são assistidos por pediatras do Hospital dos Plantadores de Cana e por outros especialistas no Hospital Geral de Guarus (HGG), como oftalmologistas.
— Durante o acompanhamento médico da criança diagnosticada com microcefalia podem surgir alterações auditivas e oculares. Por isso, a criança deve ser acompanhada até os sete anos de idade. A zika é ainda uma doença grave, assim como a dengue e chikungunya. Portanto, não podemos abaixar a guarda — disse o médico.
A microcefalia é uma doença em que a cabeça e o cérebro das crianças são menores que o normal para a sua idade. Normalmente a criança precisa de fisioterapia por toda a vida para se desenvolver melhor, prevenindo complicações respiratórias. No caso do Miguel, Lívia não desgruda do pequeno príncipe da família. “Eu vivo para ele. O futuro é incerto, mas o presente é válido ao lado dele”, finaliza a mãe, emocionada.
Jovem com microcefalia se torna modelo
Uma menina especial que está ganhando fama por sua história de superação e autoestima está despertando a atenção por onde passa. A adolescente Ana Victória Lima, 17 anos, portadora de microcefalia, esteve em São Fidélis na última terça-feira (13), a convite da Prefeitura. Sua mãe, Viviane Lima, trouxe seu depoimento a fim de incentivar mães de crianças portadoras de neuropatias, profissionais de Saúde e de Apaes.
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Ana Vitória foi convidada por uma agência de modelos de Manaus a participar de um desfile onde crianças especiais seriam o centro das atenções. A garota surpreendeu e o que não passaria de um evento está se tornando profissão. “Fico muito feliz porque ela se sente perfeita e bonita. Não há nada melhor que isso”, disse a mãe.
Viviane acaba de chegar de Brasília, onde se encontrou com deputados para manifestar-se contra a autorização do aborto quando o feto é diagnosticado com a neuropatia, em ultrassonografia. “Minha filha se sente bonita e perfeita, e ela é”, garantiu a mãe, que é secretária da Pessoa com Deficiência pelo estado do Amazonas.
A menina mudou a vida de Viviane. “Não sou a pessoa que eu era. Vivo para ela. Hoje tenho um grupo chamado Mães de Anjos Unidas, com 1.200 membros que procuram trocar informações”, conta.
Casos de chikungunya devem aumentar
Os casos de dengue e Zika no Brasil devem se manter estáveis neste ano em relação ao ano passado, enquanto as infecções por chikungunya devem aumentar ainda mais. Este é o cenário previsto por especialistas do ministério da Saúde para 2017. Dados da pasta revelam que, em 2016, foram registrados 1,4 milhão de casos de dengue contra 1,6 milhão no ano anterior, além de 211 mil casos prováveis de infecção por zika (não há comparativo com o ano anterior porque os dados só começaram a ser coletados em outubro de 2015).
Em relação à febre chikungunya, os registros apontam para 263 mil casos em 2016 contra 36 mil no ano anterior — um aumento de cerca de 620%.
— A chikungunya é uma doença que veio para ficar e nos preocupa muito, já que em todo o Brasil o número de mortalidade vem crescendo muito e no estado do Rio não será diferente no próximo verão. É preciso que tenhamos muito cuidado, pois ela é uma doença reumática, que afeta os pulmões, o coração e complica quem tem doenças crônicas como diabetes — informou Luiz José, do Centro de Referência de Doenças Imunoinfecciosas.

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