Anfiteatro "Antonio Roberto de Góis Cavalcanti, Kapi"
29/06/2017 12:26 - Atualizado em 01/07/2017 12:01
Anfiteatro do Parque Alberto Lamego
Anfiteatro do Parque Alberto Lamego/Rodrigo Silveira
O Anfiteatro localizado no Parque Alberto Sampaio, no Centro de Campos, passa a se chamar “Antonio Roberto de Góis Cavalcanti, Kapi”. A iniciativa partiu do projeto de Lei nº. 0090/2017, que foi aprovado nessa terça-feira (27) e que foi enviado pelo gabinete do prefeito Rafael Diniz. O diretor teatral, turismólogo e poeta Antônio Roberto Kapi (1955/2015) foi quem dirigiu o espetáculo “Arena Conta Zumbi”, de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, que inaugurou o espaço, em 1988. Sem exceção, todas as pessoas ligadas a Kapi e à cultura da cidade que foram entrevistadas descreveram a iniciativa como algo “merecido” e “justo”.
Diretor de teatro e poeta Kapi
Diretor de teatro e poeta Kapi / Rodrigo Silveira
Amiga e uma das pessoas mais próximas do homenageado, a professora Elizabeth Araújo destacou a importância de o Anfiteatro ter recebido o nome de Kapi.
— Acho que é uma das medidas mais justas que foram tomadas nos últimos tempos em Campos, sendo uma pessoa tão importante na área da cultura na cidade. Sempre vi Kapi como alguém além de um diretor de teatro, de um autor de peças teatrais, de um poeta. Ele era algo de maior expressão. Ele tinha a emoção do artista e a razão de um estudioso da cultura. A vida de Kapi foi, o tempo todo, um exercício verdadeiro da cultura em Campos. Acho que Kapi daria a vida dele por isso, porque ele dedicou a vida dele à arte, sem pensar no amanhã.
“Essencial”. Essa foi a palavra que Elizabeth usou para descrevê-lo.
— Na última entrevista que Kapi deu a Aluysio (Abreu Barbosa), e eu quase não consigo falar sobre isso, ele disse que eu tinha me tornado uma pessoa essencial na vida dele. E é justamente esta palavra que uso para dizer o que Kapi é na minha vida. Quando ele se foi, eu perdi uma parte muito importante. Ele se tornou essencial para a minha vida. Por isso mesmo, faz muita falta — falou Elizabeth, que, emocionada, finalizou: — Quando alguém se torna essencial na sua vida, não dá para descrever em palavras.
O ator Yve Carvalho também comentou sobre a iniciativa.
— Quando soube disso, pensei: “Quem bom. Porque é muito merecido”. Eu penso que as homenagens começaram muito tarde. Fiquei um pouco triste porque as pessoas pouco falam dele. Kapi foi um gênio que a cidade nunca viu igual. Até então, apenas soube de uma sala no IFF (Instituto Federal Fluminense) campus Centro com o nome dele. E acho que Kapi merece todas as homenagens do mundo. Igual a ele não vai nascer outro nem tão cedo nesta terra — disse Yve, que contou se orgulhar de ter trabalhado com Kapi.
— Inclusive, quase todos os últimos espetáculos que trabalhei foram com direção dele. Acho que fui o ator que mais trabalhou com Kapi. Tenho grande orgulho disso. Kapi foi um profundo conhecedor das artes. O homem morre, mas a arte é perpétua. O que Kapi fez ficou conosco.
Também diretor teatral, Fernando Rossi lembrou da mesma questão que Yve.
— Pena que essas homenagens são feitas tardiamente. Infelizmente, vemos muitas homenagens sendo feitas depois que a pessoa parte. Temos que valorizar nossos artistas também enquanto estão vivos. De qualquer forma, achei super digno e justo, afinal de contas Kapi inaugurou aquele espaço. Inclusive, tive a honra de, nessa peça, estar ao lado de Kapi, que me convidou para ser assistente de direção — ressaltou.
O diretor teatral, professor e pesquisador Orávio de Campos Soares foi outra personalidade que usou a palavra “justo”.
— Sobretudo pelo que Kapi legou em termos de experiência e de aprendizado à sociedade campista. Parabenizo às pessoas que tiveram essa ideia, porque é preciso que tenha alguma marca em Campos em homenagem àquele grande artista.
O professor e ambientalista Aristides Soffiati ressaltou:
— Gostei muito da iniciativa. Na verdade, é uma convergência de duas linhas interessantes: primeiro, eu trabalhava na prefeitura quando aquele anfiteatro foi criado, no último governo de Zezé Barbosa. Então, eu estava por trás de alguma maneira. Por outro lado, era amigo de Kapi de longa data. Para mim, foi uma homenagem justa e merecida. A cidade merece ter um anfiteatro com o nome de Kapi.
A professora e empresária Diva Abreu Barbosa, que estava à frente do então departamento de Cultura (hoje Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima) à época da inauguração do anfiteatro, lembrou da apresentação de “Arena Conta Zumbi”.
— Foi um mega espetáculo. Kapi fez com que o anfiteatro fosse inaugurado da melhor forma possível. Ele era realmente um grande artista. Muito criativo e, às vezes, até épico. Acho super justo e merecido aquele espaço receber o nome de Kapi. Ele amava o que fazia. Acho que não há ninguém melhor do que ele para dar nome a esse espaço.

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