Cineasta campista faz palestra sobre "Terra em Transe"
Jhonattan Reis 23/06/2017 19:00 - Atualizado em 25/06/2017 00:02
Segunda palestra do IV Seminário Cultural da Academia Pedralva de Letras e Artes acontece hoje (24), às 16h30, no auditório do Museu Histórico de Campos, localizado na praça Santíssimo Salvador, no Centro de Campos. O palestrante será o cineasta Carlos Alberto Bisogno, que falará sobre “os 50 anos do filme ‘Terra em Transe’ (1967), de Glauber Rocha”. A entrada é franca. Os encontros também celebram os 70 anos de existência Academia Pedralva, completados em fevereiro.
— Falarei sobre os 50 anos de “Terra em Transe”, de Glauber Rocha, e sua estética cinematográfica construída no Cinema Novo. Pretendo dissertar sobre seu roteiro irônico e não linear, e de como o filme, como um todo, contribuiu para o surgimento de uma forma genuinamente brasileira de produzir cinema — disse Bisogno, que comentou que o filme deveria ser mais visado no país. “Hoje, infelizmente é quase esquecida pelo grande público, que está acostumado à estética da indústria hollywoodiana”.
Carlos Alberto Bisogno também destacou o trabalho de Glauber Rocha.
— “Eu não faço um cinema convencional. O meu tipo de filme é uma coisa que sai de outro espaço e não obedece muito às leis da dramaturgia convencional, de forma que as pessoas ficam chocadas”. As palavras são do próprio. Desprendendo-se do modelo de fazer cinema norte-americano, Glauber Rocha foi o mais importante cineasta brasileiro na busca por uma identidade brasileira de fazer cinema.
Sobre o cinema brasileiro, Bisogno comentou:
— É muito rico em sua produção e qualidade, mas tem muita dificuldade de encontrar seu público, seja pela indisponibilidade de salas de exibição ou por seu conteúdo e forma pouco atrativos a uma audiência acostumada à indústria hollywoodiana e às telenovelas. Essa dificuldade nos últimos anos tem se manifestado na reprodução de fórmulas encarnadas em comédias de pouco investimento de densidade em seus roteiro e atuações, demonstrando que o projeto revolucionário de Glauber Rocha está por enquanto esquecido.
OUTRAS PALESTRAS
De acordo com o coordenador do seminário, o pesquisador e professor Marcelo Sampaio, ainda serão realizadas mais três palestras este ano, em julho, setembro e novembro, sempre em sábados.
— A próxima palestra, do mês que vem, será ministrada por mim e ainda não tem data definida. Vou falar sobre os 50 anos do festival de música popular brasileira da TV Record, de 1967, que foi aquele emblemático em que o Sérgio Ricardo quebrou o violão no palco, sendo que só tinha feras concorrendo, como Chico Buarque, Gilberto Gil, Edu Lobo e Caetano Veloso — disse.
A terceira palestra acontecerá em setembro e será comandada pela professora, atriz e cantora Carol Poesia, que falará sobre: centenário de nascimento de Antônio Callado; 95 anos de nascimento de Otto Lara Resende; 90 anos de nascimento de Ariano Suassuna; e 80 anos de vida de Nélida Piñon, única viva dos citados.
Marcelo Sampaio, que ministrou a primeira palestra do IV Seminário da Pedralva — sobre os 90 anos de nascimento do compositor Tom Jobim —, também ministrará a última, em novembro. O tema será os 75 anos de vida de Caetano Veloso e Gilberto Gil. “Eles nasceram no mesmo ano, sendo que essa dupla de baianos são do mesmo Estado, músicos, parceiros e revolucionários”, ressaltou Sampaio.

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