Garotinho palpiteiro? Abre o olho, Crivella
30/06/2017 11:32 - Atualizado em 30/06/2017 15:29
Ponto Final
Ponto Final/Reprodução
Com Crivella
O ex-governador Anthony Garotinho (PR) nunca escondeu que, após sua derrota esmagadora na cidade natal nas eleições municipais, teria que buscar no Rio um espaço para ele e seu clã. Ao perder no primeiro turno em Campos, o jeito foi focar no segundo que ainda ocorreria na cidade do Rio, em uma disputa na qual Marcelo Crivella (PRB) sairia vencedor sobre Marcelo Freixo (Psol). Naquele momento Garotinho tentou virar uma espécie de palpiteiro na campanha de Crivella, embora o próprio bispo tenha tentado mostrar distanciamento do aliado e disse que não negociaria cargos com ele. No entanto, Clarissa Garotinho (PRB) e outros nomes do grupo logo assumiram cargos no Rio.
Bem interessado
Uma gravação telefônica interceptada pela Polícia Federal (PF) no dia seguinte à eleição de Crivella à Prefeitura já mostrava a expectativa de Garotinho de que a filha fosse nomeada. Na conversa, ele citava um acordo com o então candidato do PRB para que Clarissa comandasse o Desenvolvimento Social, uma pasta que, em Campos, serviu, segundo investigações do Ministério Público e da PF, a interesses eleitoreiros, inclusive gerando prisões na Chequinho. Ele classificou a pasta no Rio como “operacional”, importante para montar uma base para seu grupo político. À filha, no entanto, coube a secretaria de Emprego.
Apoio de perdedor
Com o PMDB ruim das pernas no Rio, até Garotinho teria força por lá, embora não tivesse tido em Campos naquele pleito de 2016 e nem no de 2014, quando perdeu também no primeiro turno a disputa ao Governo do Estado e viu seu apoio não valer muito para Crivella no segundo. Ao declarar o seu apoio ao bispo, Garotinho não garantiu a ele uma vitória nem em Campos. Das sete Zonas Eleitorais do município, Luiz Fernando Pezão (PMDB) ganhou em cinco. Por mais que o marido da prefeita tente não ver, ali já era um prenúncio da sua derrota também dois anos depois.
Palpiteiro
O ex-secretário de Governo de Campos anda pelas redes sociais ensaiando palpites de como fazer “Campos não ir para o buraco”. A sua própria esposa e ele mesmo já tinham levado o município assumidamente a isso. Durante o primeiro governo Rosinha e até metade do segundo, quando ainda se dividia entre Campos e Brasília, onde era deputado federal, o “prefeito de fato” — como foi apontado pela Justiça na decisão que o levou à prisão, em novembro — atuou como palpiteiro, sem cargo, mas dando toques aqui e ali. Agora longe de Campos, por ordem judicial, e mais uma vez sem cargo público, ele pode ter voltado à função, agora do prefeito Marcelo Crivella.
Será?
Será que partiu de Garotinho a “dica” para Crivella contrair empréstimos para o governo municipal, que já somam mais de R$ 700 milhões? De acordo com a coluna Extra, Extra, a Câmara dos Vereadores do Rio autorizou a Prefeitura a contrair um subempréstimo com a Caixa Econômica Federal (CEF) de R$ 49 milhões. Na semana passada, outro empréstimo com a CEF, bem maior, já havia sido adquirido: R$ 652 milhões, pelo programa de Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento.
Charge do dia
Charge do dia 30/06
Charge do dia 30/06/Jose Renato
Nem Crivella
Até onde se sabe, nem mesmo o próprio Marcelo Crivella tem buscado empréstimos por meio da resolução 2/2015 do Senado — proposta aprovada por ele ainda como senador, num acordo com Garotinho —, que prevê o empenho de 10% dos royalties do petróleo para antecipação de recursos. Coube ao marido de Rosinha se tornar especialista e conseguir “vender o futuro” três vezes, sendo que o último empréstimo ocorreu às vésperas do impeachment da petista Dilma Rousseff, em meio a uma possível negociação do voto da filha Clarissa, que anunciou ser favorável ao afastamento da presidente, mas repentinamente, após alguns encontros do seu pai, resolveu pedir licença por conta da gravidez.
Veja Campos
Mas se realmente palpites estão sendo dados a Crivella por Garotinho, é bom que o prefeito do Rio fique bem atento com o que já aconteceu com Campos e ainda pode piorar. A Procuradoria-geral do município, hoje governado pelo prefeito Rafael Diniz (PPS), já apontou diversas inconformidades da última “venda do futuro” em relação ao que prevê a resolução do Senado. A ex-prefeita teria feito acordos acima do permitido e também não teria aplicado o dinheiro da “venda do futuro” no que é determinado também na resolução. Para Crivella, fica a dica: venha visitar Campos antes das eleições de 2018.
Com colaboração da jornalista Suzy Monteiro

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    Rodrigo Gonçalves

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