Protesto por Atafona ganha adesão da Prefeitura. Vitória?
19/06/2017 10:56 - Atualizado em 19/06/2017 10:56
Crianças abrem protesto por Atafona na sede do município
Crianças abrem protesto por Atafona na sede do município / Foto: Paulo Pinheiro
Uma reunião na última quarta-feira (14) havia definido: um grupo de moradores de Atafona e amantes da praia que há décadas está sendo engolida pelo mar iriam para um protesto pacífico na sede do município, no dia da Cidade. Faixas e cartazes foram preparados e se mais tivessem, maior seria a adesão. O silêncio e as fortes mensagens foram recebidas sob aplausos ao longo da avenida Joaquim Thomaz de Aquino Filho. A prefeita Carla Machado (PP), que até então estava distante dos movimentos, no dia que antecedeu o protesto declarou que apoiava o “Atafona Resiste” e o “SOS Atafona”. A atitude, certamente, colaborou para que algumas pessoas ligadas ao poder público municipal pudessem participar — já que algumas temiam ter sua presença confundida com uma afronta à administração, o que não era a intenção. Foi uma vitória para o grupo? Foi. Por óbvio, era esperado que a prefeita acompanhasse o protesto do palco das autoridades, deixasse sua mensagem e só depois se juntasse aos manifestantes. No entanto, todos desceram do palco muito rápido para estar junto com os manifestantes.
Como o grupo não tem partido, o mais importante é a adesão de todos. Algumas das sugestões levantadas na reunião (aqui) do “Atafona Resiste” foram acatados pela Prefeitura. No texto oficial enviado pelo município, foi informado que um abaixo-assinado “ficará disponível no site http://www.sjb.rj.gov.br e em um estande durante os festejos de São João Batista”. Esse documento, será enviado “aos ministérios das Cidades, da Integração Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Governo do Estado e Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Com a iniciativa, o poder público municipal e a sociedade esperam sensibilizar as autoridades competentes para uma análise emergencial e que medidas sejam tomadas para solucionar de forma definitiva a situação, se estendendo à praia do Açu, onde o avanço também vem acontecendo de forma recorrente”. Isso contempla, em parte, a proposta de um consórcio para viabilizar a obra, do qual o município e a Prumo Logística também deveriam fazer parte, e até iniciar o processo.
Outra informação questionada durante a reunião do “Atafona Resiste” que foi esclarecida pela municipalidade foi com relação às licenças ambientais. A prefeita ressaltou que, além do movimento unindo Prefeitura e população, já existe todo um esforço da atual administração no sentido de obter o licenciamento dos órgãos ambientais e para angariar recursos que possam tirar do papel um projeto já elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) em Atafona. Carla também falou sobre a entrega do documento ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como forma de agilizar o processo junto ao Governo Federal. O ex-prefeito Neco (PMDB), que em 2015 informou que já havia protocolado os pedidos de licença, questionou a versão. Para os movimentos em defesa de Atafona, o mais importante é que isso seja resolvido logo.
Alguns pontos ainda serão questionados oficialmente ao poder público. Entre eles, a possibilidade de um paliativo com dragagem na foz do Paraíba e a possibilidade de usar os “coriloques” descartados pelo Porto do Açu para proteger, por enquanto, parte do litoral, entre outras ações. O fato de o município responder, bem como a presença dos vereadores Aluizio Siqueira (PP) e Sônia Pereira (PT) — ambos da base governista — na reunião do “Atafona Resiste” e do “SOS Atafona” é uma vitória. Mas a luta, sem dúvida, ainda não chegou ao fim. O papel da população, da imprensa e das redes sociais para que o movimento ganhasse força foi fundamental. Mas isso é assunto para o próximo post.
Em tempo — É importante que todos possam participar do abaixo-assinado (aqui) no site da Prefeitura.
*Fotos das galerias: Paulo Pinheiro

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    Arnaldo Neto

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