Delação da JBS com nota da Prefeitura
Suzy Monteiro 22/05/2017 09:22 - Atualizado em 24/05/2017 15:06
/Reprodução
A delação dos executivos da JBS S/A, que ameaça derrubar o governo Michel Temer (PMDB), chegou a Campos. O município surgiu no noticiário do Jornal Nacional através de uma nota fiscal emitida no valor de R$ 3.004.160,00, usada, segundo a delação, para pagamento de propina ao ex-senador e ex-ministro Antonio Carlos Rodrigues, do PR, partido da ex-prefeita Rosinha e do ex-governador Anthony Garotinho. O nome do marido da ex-prefeita está escrito a mão no alto da Nota Fiscal. A informação foi postada em primeira mão pelo jornalista Ricardo André Vasconcelos, em seu blog “Eu penso que...” e replicada no blog Ponto de Vista, de Christiano Abreu Barbosa, hospedado no Folha Online. Procurada pela Folha da Manhã por email às 14h12 e por telefone às 14h13, a assessoria do ex-governador não enviou resposta.
A nota exibida em rede nacional tinha o brasão do município de Campos, o que foi observado pelo jornalista Ricardo André. Com base em pesquisa e print da tela de televisão, ele descobriu o nome da empresa que emitiu a nota: Foi a Ocean Link Solutions Ltda.
A nota de R$ 3.004.160,00 teria sido usada para propina, segundo o delator da JBS, Ricardo Saud. A Ocean Link Solutions Ltda tem como sócio André Luiz da Silva Rodrigues, que é sócio também da Working Empreendimentos e Serviços. A Working tinha contrato com a Prefeitura de Campos durante o governo Rosinha e atuou em várias frentes, como manutenção de escolas, reformas, aluguel de palcos, entre outros.
O nome do marido da ex- prefeita Rosinha aparece manuscrito por duas vezes nos documentos da JBS referentes à Ocean Link.
O Apenso 13 da delação premiada da JBS, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), traz os dados do pagamento da propina via Ocean Link.
O Apenso 13 mostra, na página 67, a nota fiscal emitida pela Ocean Link, em alta resolução. A nota foi emitida em 1º de setembro de 2014, próximo das eleições presidenciais e das eleições para o Governo do Estado. Nela, o nome de Garotinho aparece manuscrito.
Consta da delação também, na página 65, o comprovante de pagamento, através de TED, pela JBS à Ocean Link. A transferência foi feita no dia 8 de setembro, apenas sete dias após a emissão da nota fiscal, saindo da conta da JBS no banco Santander para a conta da Ocean Link no Banco do Brasil, na agência Voluntários da Pátria, fechada recentemente em uma reestruturação do banco.
Mais uma vez, a Ocean Link, apesar de ter sede oficial em Macaé, segundo a Receita Federal, informou a conta bancária em Campos, assim como deu o endereço de nota fiscal em Campos.
Apesar da nota fiscal ter sido emitida no valor de R$ 3.004.160,00 e não informar retenções de impostos a serem deduzidos, o TED exibido foi feito em um valor menor, de R$ 2.669.196,16.
Consta ainda da delação, na página 66, o lançamento da despesa na contabilidade da JBS, novamente com o nome de Garotinho manuscrito, como é possível conferir na segunda imagem.
No final da tarde desse domingo (22), Garotinho postou em seu blog dizendo que sofre perseguição e que são mentiras as acusações no caso Chequinho. Não citou, porém, o caso da JBS.
  • Nome de Garotinho aparece em delação

    Nome de Garotinho aparece em delação

  • Nome de Garotinho aparece em delação

    Nome de Garotinho aparece em delação

Temer entre resistência e pedido de renúncia
O presidente Michel Temer (PMDB) já afirmou que não irá renunciar. Nesse domingo, ele recebeu um telefonema do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, segundo interlocutores do peemedebista, teria afirmado para Temer se manter firme.
Mesmo assim, a situação continua muito difícil para o presidente. Manifestações tomaram as ruas de diversas cidades nesse domingo. Além disso, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil decidiu, por 25 votos a 1, aprovar o relatório que recomenda que a entidade ingresse com pedido de impeachment do presidente Michel Temer. O pedido será protocolado nos próximos dias na Câmara dos Deputados.
Cada voto representa a OAB de um estado ou do Distrito Federal (DF). O Acre, ausente, não votou. A representação do Amapá foi a única a votar contra o pedido de impeachment. O Conselho Pleno da OAB decidiu pelo pedido de abertura de processo de impeachment por considerar que o presidente Michel Temer cometeu crime de responsabilidade.
Também o PSB nacional decidiu deixar a base do governo e pedir a renúncia de Temer. A executiva nacional do PSB disse que Temer perdeu as condições de governar.
O PSB também resolveu que irá fechar questão em favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), que antecipa as eleições diretas para presidente da República, que já vem sendo apelidada de “emenda das Diretas já”.
O PSDB do Rio também quer a renúncia do presidente.

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