Você tem fome de que?
12/05/2017 12:21 - Atualizado em 12/05/2017 12:21
O Brasil vive um momento de mudança de estado nutricional de sua população. Essa afirmação é constatada em cada nova pesquisa realizada tanto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) quanto por outros institutos de pesquisa. Em Campos não é diferente, temos uma população que beira a meio milhão de habitantes, e, 12% dela é de pessoas com mais de 60 anos.
Em contra partida, o número de pessoas com excesso de peso, nas mais diversas faixas etárias, vem crescendo a cada ano no país, desde o público infantil até idosos. Seja nas periferias como nos grandes centros, a obesidade infelizmente vem se alastrando e trazendo consequências sérias para a saúde do indivíduo, o que também compromete sua qualidade de vida.
Apesar desse fenômeno da transição nutricional, os idosos ainda são um grupo de risco para desnutrição, pois com o envelhecimento ocorrem diversas mudanças fisiológicas no organismo, tais como:
– dificuldade para mastigação devido à ausência de dentes ou próteses dentárias mal adaptadas;
– perda de sensibilidade a gostos, associado a uso de múltiplos medicamentos (sob prescrição médica ou não) que pode reduzir a ingestão alimentar do indivíduo.
– dificuldade para engolir alimentos, pela perda de força nos músculos envolvidos na deglutição;
– diminuição da atividade do estômago, gerando dificuldade para digestão dos alimentos e maior tempo de esvaziamento gástrico;
A desnutrição no idoso não ocorre somente porque ele ingere menos alimentos do que suas necessidades corporais, mas está associada fortemente ao seu contexto familiar e social que pode envolver abandono, negligência, isolamento, depressão, maus tratos e outras formas de violência. Infelizmente, essa realidade existe!
Nem sempre o idoso tem fome de comida. A fome, na velhice, atinge dimensões tão profundas que muitas vezes passam despercebidas aos olhos de familiares, cuidadores e de profissionais de saúde.é necessário a criação de uma rede de proteção social para os que envelhecem, serem os autores de suas escolhas.
Para tal , se faz imprescindível a presença do poder público desempenhando  o que é seu papel, políticas públicas voltadas para desenvolvimento humano e social. Essa rede de proteção social a pessoa que envelhece e ao idoso , vem sendo o foco das ações desenvolvidas na atual gestão municipal.
O idoso não quer só comida, ele quer também ser ouvido e ter voz.O idoso não quer só comida, ele quer ser bem atendido em um serviço de saúde, com tratamento digno e humanizado.Não quer só comer, ele quer não ter que sofrer com violência. Quer ter a chance de ser perdoado por erros cometidos no passado.
O idoso tem fome de um lar tranquilo, de uma aposentadoria justa e de ter seus direitos garantidos.Também quer diversão e arte, amar e ser amado… e por que não? Encarar a desnutrição apenas como uma inadequação alimentar é tratar apenas a ponta do iceberg. O que está escondido é bem maior do que o que se mostra.
E você? Tem fome de quê?

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    Sobre o autor

    Helô Landim

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