Refúgio...
02/05/2017 15:16 - Atualizado em 02/05/2017 15:16
Muitas vezes temos que nos refugiar, não somente motivados pelas guerras externas, mas por guerras interiores que acontecem de forma invisível... verdadeiras guerras frias. Porém, em todo refúgio, a própria palavra já nos diz, temos que buscar em Deus e dentro de nós forças renovadas para não abandonarmos os nossos sonhos. Em toda nova situação, antes de julgar, antes de agir, devemos nos sintonizar e conhecer verdadeiramente quem são as pessoas, qual é o seu passado, sua real história, suas contribuições, seus sonhos concretizados nesta caminhada. Que nenhuma guerra ou violência seja solução para os confrontos, muito menos qualquer tipo de agressão. No mundo, as pessoas precisam de afeto e de paz. Precisamos cada vez mais afetar positivamente as pessoas, demonstrando nosso querer bem, com energias boas e renovadas, tendo sempre a oportunidade do diálogo. Destaco hoje, entre todas as guerras que o mundo está vivendo, a guerra da Síria. A Síria tão distante de nós e ao mesmo tempo tão perto, dentro de nossas casas e dos nossos corações todos os dias, através das dolorosas notícias que chegam até nós. Desejo que os refugiados da guerra não percam os seus sonhos de ter uma pátria, uma casa, uma família, um trabalho, a normalidade de suas vidas de volta. Essas pessoas deixaram para trás suas cidades, suas casas, seu contexto de vida, o que faziam, sua história, enfim seus sonhos... A guerra civil na Síria teve início em março de 2011. Desde então, já deixou mais de 260 mil mortos e 4,5 milhões de refugiados, segundo a ONU, e envolveu diversos atores - regionais e internacionais. Relatório das Nações Unidos classifica a guerra síria de "grande tragédia do século 21". "A Síria transformou-se na grande tragédia deste século, uma calamidade em termos humanos com um sofrimento e deslocamento de populações sem precedentes nos últimos anos", afirma António Guterres, do Acnur. Em um dos piores episódios da guerra, EUA, França e Grã-Bretanha concluíram que o governo de Bashar Assad foi o autor do massacre de 21 de agosto de 2013, que deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças. A Síria assinou a Convenção de Armas Químicas, que proíbe o uso do armamento, depois de uma ameaça de intervenção internacional. Os EUA e outros países ocidentais, como França, discutiram a possível ação militar após o uso de armas químicas em um ataque em Ghouta, subúrbio de Damasco. Após um acordo entre EUA e Rússia, o governo de Assad se comprometeu - para evitar a intervenção internacional - a assinar o tratado e permitir que o arsenal químico sírio fosse destruído. Inspetores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) e da ONU supervisionaram a implementação da resolução 2118 do Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas, que ordenou a destruição do arsenal e das instalações de produção de armas químicas da Síria. Com o avanço do grupo Estado Islâmico em territórios da Síria, o conflito se agravou ainda mais. Recentemente, forças internacionais lideradas, de um lado, pelos EUA e, do outro, pela Rússia, começaram a conduzir bombardeios aéreos contra supostos alvos dos jihadistas, iniciando uma nova fase na guerra. A população deslocada no sul da Síria enfrenta insegurança extrema e acesso limitado a assistência e cuidados médicos. Conforme suas condições de vida se tornam mais precárias, sua saúde se deteriora continuamente. Os confrontos resultaram em um aumento no número de ferimentos. Uma das maiores preocupações no momento é a proteção de populações vulneráveis e a resposta às suas necessidades básicas de abrigo. Há novos acampamentos formais na região de Dara’a e, apesar dos esforços feitos, a necessidade de abrigo adequado da população deslocada ainda não foi atendida. Milhares de pessoas estão vivendo de maneira improvisada nas ruas ou fazendas, o que representa muitos riscos em termos de segurança e saúde. Em geral, há grandes lacunas em todos os aspectos no que tange cuidados de saúde na Síria, tanto no que diz respeito a cuidados secundários e terciários como vacinação de rotina, assistência de saúde mental, tratamento de doenças crônicas e cuidados de saúde reprodutiva. Ainda que MSF e outras organizações tenham buscado antecipar períodos de escalada da violência, hospitais e instalações médicas no sul do país continuam subfinanciados e faltam profissionais. A falta de equipamentos médicos específicos e o número limitado de especialidades médicas na Síria resultaram em um sistema de saúde fragilizado, basicamente dizimado após seis anos de guerra. De acordo com informações recentes, estima-se que 15 mil médicos – quase metade do número de profissionais que havia na Síria antes do conflito – tenham fugido do país, impedindo que centenas de milhares de civis recebam os cuidados de saúde mais básicos. O Papa Francisco implorou pela paz no Oriente Médio e na Síria, onde "reinam o horror e a morte", em sua tradicional bênção "Urbi et Orbi" do Domingo de Páscoa. Ante milhares de fiéis congregados na praça de São Pedro do Vaticano, o Papa rogou a Deus que "conceda a paz a todo o Oriente Médio" e ajude "a quem trabalha ativamente para levar alívio e consolo à população civil da Síria, vítima de uma guerra que não cessar de semear horror e morte". O pontífice também pediu a Deus que conceda "aos representantes das Nações o valor de evitar que se propaguem os conflito e acabar com o tráfico de armas". Na tradicional bênção à cidade e ao mundo após a missa pascal, o Papa argentina não esqueceu de seu próprio continente. Pediu a Deus para que "sustente os esforços de quem, especialmente na América Latina, se compromete a favor do bem comum das sociedades, tantas vezes marcadas por tensões políticas e sociais, e que, em alguns casos, é sufocado pela violência".
Especialmente no dia em que refletimos sobre o dia do trabalho, que possamos rezar pelas pessoas que vivem esse conflito e abrir nossa visão de mundo. Que o nosso país possa ser passado a limpo. Que as relações sejam transparentes, afetuosas e que não nos deixemos jamais nos escravizar diante de qualquer situação. Que nossos sonhos sejam como as aragens, que nos tragam sempre o sabor da brisa suave que possui a força na constância do frescor que nos traz... As tempestades nunca são, por si só, resoluções. O meu desejo é que a suavidade e o afeto sejam constantes na humanidade neste século XXI, e que possamos substituir as marcas da guerra pelos sinos da paz...
Com afeto,
Beth Landim

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