Fecharam a Villa Maria
19/04/2017 10:18 - Atualizado em 25/04/2017 09:52
Fecharam a Villa Maria
Símbolo da universidade do Norte Fluminense muito antes da implantação da Uenf, em 1991, a Villa Maria é um testemunho do abandono do governo estadual Luiz Fernando Pezão (PMDB) com a mais importante instituição de ensino superior da região. Sem luz ou internet, o imponente solar da rua da Baronesa da Lagoa Dourada teve que ser fechado ontem, sem previsão de reabertura. Ironicamente a administração da Casa de Cultura estava programando uma festa de samba nos jardins do prédio, para o próximo dia 29, com a intenção de levantar fundos para sua manutenção.
Símbolo de Campos
A história da Villa Maria se confunde com a de Campos. Foi construída em 1919, pelo arquiteto italiano José Benevento, como um presente do usineiro e engenheiro Atilano Chrysóstomo de Oliveira à sua esposa, D. Maria Queiroz de Oliveira. Conhecida como Dona Finazinha, por ter nascido no Dia de Finados, e por seu interesse na promoção de atividades culturais, ela morreu em 1970, quando deixou o prédio em testamento para que viesse a funcionar como sede da futura universidade no Norte Fluminense.
História e sonhos
Abandonada com a morte de Finazinha, a Villa Maria seria reformada em 1979, no governo municipal do arquiteto Raul Linhares, passando a ser a sede da Prefeitura de Campos também nas gestões seguintes de Wilson Paes, Zezé Barbosa e Anthony Garotinho. Após a instalação da Uenf, num projeto pessoal do antropólogo Darcy Ribeiro concebido no governo estadual Leonel Brizola, a Villa Maria passou a abrigar a Casa de Cultura da universidade, em 1993. De Finazinha a Darcy, a população de Campos não pode assistir passivamente enquanto se fecham as portas à sua história e aos seus sonhos.
Sem polêmica
No dia seguinte a mais uma decisão da Justiça Eleitoral, que alterou a composição da Câmara de Campos, os vereadores optaram por não polemizar. Para evitar constrangimentos para os que foram afastados e, até, para aqueles que sabem que têm um alvo sobre suas cabeças — como no caso de Geraldinho de Santa Cruz e Carlinhos Canaã, ambos também já condenados na Chequinho — a decisão foi diplomática: votação em conjunto, sem debates ou discussões.
Divulgação
Charge do dia 19/04/Divulgação
Compasso de espera
Hoje, garante o presidente Marcão, haverá sessão normal, mas, salvo se alguma matéria polêmica for posta em prática, a tendência é a mesma: evitar maiores debates. De qualquer forma, a Justiça está dando seu recado: a operação Chequinho está longe de ser uma brincadeira e já se tornou um marco para Campos. Amanhã acontece a retotalização dos votos para inclusão de Marcos Bacellar, que volta ao Legislativo também por decisão do Tribunal Superior Eleitoral.
Em troca de quê?
O que levava a Odebrecht a investir nas campanhas de políticos do interior do Rio de Janeiro? Nas delações conhecidas até o momento, Leandro Andrade Azevedo e Benedicto Barbosa da Silva Júnior afirmam que obras não entravam nas negociações prévias, mas deixam transparecer que havia interesse. No popular: não existe almoço grátis. Tanto é que nas cidades de Campos e Macaé, a maior empreiteira do país conquistou contratos vultosos. Com Riverton Mussi (hoje PDT), uma obra de macrodrenagem. Com Rosinha Garotinho (PR), a construção do Morar Feliz, o maior contrato da história do município, de quase R$ 1 bilhão.
Agenda positiva
Os delatores negam que para obter os contratos tenham combinado fraude em licitações. De acordo com relatos dos ex-executivos, eles precisavam de acesso e facilidade para resolver os problemas com as prefeituras. Por isso, de acordo com as delações, beneficiaram Riverton e o irmão com o dinheiro de caixa dois. Com os Garotinho, não foi diferente. Segundo Leandro Azevedo, Anthony Garotinho (PR), marido da então prefeita, ligava, na frente dele, para secretários de Campos e determinava a liberação de pagamentos. É a chamada agenda positiva.

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