Suborno no governo e Câmara
25/04/2017 09:59 - Atualizado em 26/04/2017 13:17
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Marcelo Odebrecht / Divulgação
A Odebrecht teria subornado funcionários do governo federal e da Câmara dos Deputados para ter acessos a documento sigilosos que favoreceram o grupo. A afirmação é de, pelo menos, dois delatores em depoimentos a procuradores da Lava-Jato foi divulgada nessa segunda-feira (24) pelo jornal O Globo. Uma das peças principais da chamada “delação do fim do mundo”, o executivo Marcelo Odebrecht será ouvido, mais uma vez, pelo juiz federal Sergio Moro, agora em investigação sobre o ex-ministro Antonio Palocci.
De acordo com os delatores, a empresa tinha este esquema em pelo menos dois órgãos do governo: o Cofig (Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações) e a Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligada ao Ministério da Indústria e Comércio Exterior. O suborno em troca de informações privilegiadas teria funcionado também na Câmara dos Deputados, para obtenção de documentos sigilosos da CPI da Petrobras.
O delator Antônio de Castro Almeida contou que o servidor Flávio Dolabella repassava para a construtora atas de reuniões do Cofig, ajudando a Odebrecht a se preparar para conseguir financiamento de obras no exterior. Já na Camex, a secretária- executiva Lytha Spíndola agilizava os projetos de interesse da Petrobras, ainda segundo Castro Almeida. Ela teria recebido US$ 100 mil apenas em 2010 para atuar em favor da empresa na Camex e repassar documentos em primeira mão.
Na Câmara dos Deputados, a Odebrecht teria pagado para obter documentos de sessões secretas da CPI da Petrobras. Segundo o delator José de Carvalho, o deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) repassou esses documentos. O parlamentar recebeu doações da construtora para suas campanhas por três vezes: nos anos de 2006, 2010 e 2014.
Depois de críticas, Leonardo Boff recua
Um texto publicado no blog do teólogo Leonardo Boff, na última sexta- feira (21), levantou polêmica na internet, fazendo circular nas redes sociais publicações dizendo que Boff havia feito críticas ao ex-presidente Lula. No início da noite dessa segunda, o teólogo publicou outro post, dizendo que as afirmações não eram dele, mas da jornalista espanhola e que “pessoas mal intencionadas tomaram aquele tópico critico a Lula e o atribuíram a mim como se eu tivesse escrito tal coisa”.
Mesmo assim, na primeira publicação, como introdução ao artigo, Boff escreveu: “Enganam-se aqueles que eu, pelo fato de defender as políticas sociais que beneficiaram milhões de excluídos, realizadas pelos dois governos anteriores, do PT e de seus aliados, tenha defendido o partido”, diz um dos trechos.
O artigo publicado na íntegra no blog de Boff é assinado pela editora-executiva do jornal espanhol “El País” no Brasil, Carla Jiménez e traz duras críticas a políticos citados nas delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht.
Moro vai ouvir executivo mais uma vez
O juiz federal Sérgio Moro decidiu nessa segunda intimar sete réus na ação penal que envolve o ex-ministro Antônio Palocci, para que eles prestem novos depoimentos. Fernando Migliaccio da Silva, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, Luiz Eduardo da Rocha Soares, Marcelo Bahia Odebrecht, Marcelo Rodrigues, Olívio Rodrigues Júnior e Rogério Santos da Araújo são delatores que integram o grupo de 77 pessoas ligadas ao grupo Odebrecht. Os novos depoimentos foram pedidos pela defesa de Palocci.
O que motivou o pedido foi a queda da quebra de sigilo nos acordos de delação premiada, realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os depoimentos deles constantes nos acordos devem ser anexados pelo Ministério Público Federal ao processo que já está em andamento.
De acordo com o juiz, os novos depoimentos, dia 5 de maio, não devem invalidar os anteriores. “Permanecem válidos os depoimentos anteriores e os novos interrogatórios versarão apenas sobre perguntas adicionais”. (S.M.) (A.N.)

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