Marqueteira diz que discutiu com Dilma sobre caixa dois
Suzy Monteiro 24/04/2017 21:57 - Atualizado em 25/04/2017 14:12
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Tribunal Superior Eleitoral ouve testemunhas das ações que pedem a cassação da chapa Dilma-Temer / Divulgação
Em depoimento, nesta segunda-feira, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a marqueteira Monica Moura disse que discutiu diretamente com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) pagamentos de caixa um e caixa dois na campanha de 2014. A declaração de Monica ocorreu na ação do TSE que julga a cassação da chapa Dilma-Temer. Seu marido, João Santana, também prestou depoimento.
Segundo depoimento de Monica, a conversa com Dilma aconteceu no Palácio do Planalto. Depois, a marqueteira foi encaminhada para acertar pagamentos por fora com o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Ele, então, encaminhou a marqueteira para a Odebrecht, que cuidou dos pagamentos por fora.
Já João Santana relatou que, diferentemente do que aconteceu na campanha de 2010, Dilma teria dito ao marqueteiro que ela cuidaria da campanha de 2014.
Segundo os marqueteiros, foi cobrado R$ 105 milhões na campanha de 2014 pelos serviços prestados pela dupla: R$ 70 milhões declarados e R$ 35 milhões por caixa dois. Mas eles não teriam recebido todo o valor por fora.
Nas contas dos marqueteiros, dos R$ 35 milhões do caixa dois, eles dizem ter recebido cerca de R$ 10 milhões. O relato dos marqueteiros registra que o valor seria pago em 2015, mas, com o avanço das investigações da Lava Jato, o pagamento foi sendo adiado.
Com a prisão do executivo Marcelo Odebrecht, a situação complicou ainda mais. E o responsável pelo setor de propinas da construtora Fernando Migliaccio, foi transferido do Brasil. Era Migliaccio o responsável por pagar a marqueteira. Desta forma, afirmam os marqueteiros, a Odebrecht não pagou o que faltava.
Os depoentes chegaram pouco antes das 9h ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da Bahia, acompanhados pelos advogados e também pelos advogados da ex-presidente Dilma Rousseff, que acompanham as oitivas.
Segundo a assessoria de imprensa do TRE-BA, os depoimentos foram transmitidos por videoconferência para outros membros do TSE, que acompanham as narrativas, em Brasília.
Mônica Moura e João Santana foram presos em fevereiro de 2016, durante 23ª fase da Operação Lava Jato, a Operação Acarajé.
Após seis meses de prisão, o casal fez acordo de delação premiada, homologado no último dia 4. Segundo as investigações da Lava Jato, há indícios de recebimento de dinheiro de caixa 2, para a realização da campanha que reelegeu Dilma Rousseff e Michel Temer, em 2014. A 23ª Fase da Operação Lava Jato foi denominada Acarajé, em alusão ao termo utilizado por alguns investigados para nominar dinheiro em espécie.

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