Caixa dois em canteiro de obra
Arnaldo Neto 20/04/2017 21:39 - Atualizado em 22/04/2017 13:24
Ex-prefeito de Rio das Ostras e ex-deputado estadual, Alcebíades Sabino (hoje PSDB) integra o time de políticos da região citados na chamada “delação do fim do mundo”, de ex-executivos da Odebrecht. O nome dele aparece em duas petições. Em uma delas, Leandro Azevedo e Benedicto Júnior, delatores do casal Garotinho (PR) e dos irmãos Riverton (PDT) e Adrian Mussi (PHS), citam doação irregular a Sabino para as campanhas de 2006 e 2008. Na outra petição, Renato Medeiros, o mesmo que citou o prefeito de Macaé Dr. Aluizio (PMDB), também fez menção ao político. Sabino, como os demais citados, nega irregularidades. Um dos delatores relatou, inclusive, que o dinheiro via caixa dois foi entregue a um interlocutor do ex-prefeito em um canteiro de obras em Rio das Ostras.
Benedicto Barbosa Silva Júnior afirmou no depoimento que Sabino o procurou, pessoalmente, para pedir doação para sua eleição. A Odebrecht era responsável por obras e também venceu um contrato para concessão de águas e esgoto no município de Rio das Ostras. Ainda de acordo com o delator, o ex-prefeito era identificado com o apelido de “atravessador”, embora não tenha registro do seu nome no sistema de operações estruturadas, criado em 2008. Benedicto afirmou que ao doar recursos ilegais, “esperava que ele (Sabino) não dificultasse” projetos da empresa.
A relação teria se encerrado porque, de acordo com o delator, Sabino optou por criticar as obras, o que seria mais vantajoso como capital político.
A delação de Leandro Azevedo relata como o pagamento de quase R$ 200 mil via caixa dois chegou ao ex-prefeito. Somente no ano de 2006, o repasse seria em torno de R$ 200 mil. Segundo a delação de Leandro, o dinheiro foi entregue, em parcelas programadas, a um “assessor do Sabino”, em um canteiro de obras na cidade de Rio das Ostras.
Já na delação de Renato Medeiros, Sabino é citado com outros políticos, como Dr. Aluizio, Eduardo Cunha (PMDB) e Pastor Everaldo (PSC). No depoimento, ele destaca que o pastor, posteriormente candidato à presidência, presidia o partido ao qual Sabino era filiado.
O outro lado — A Folha não conseguiu contato com Sabino. Em nota ao portal G1, a assessoria dele negou as acusações e informa que, “caso se instaure eventual investigação, será confirmada a lisura de sua conduta”. Ainda de acordo com a nota: “... o ex-prefeito Sabino sempre teve as suas contas aprovadas pela Justiça Eleitoral, não tendo sido atribuído a ele diretamente a percepção de qualquer vantagem. Por fim, é público e notório o rigor e a ética que caracterizaram sua relação com a empreiteira e suas subsidiárias em obras e empreendimentos instalados em Rio das Ostras”.

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