Arnaldo Neto
20/04/2017 10:04 - Atualizado em 21/04/2017 16:22
A delação premiada do ex-diretor regional da Odebrecht Renato de Medeiros cita uma doação por caixa dois ao prefeito de Macaé Dr. Aluizio (PMDB) no valor de R$ 500 mil. O vídeo está anexado à petição 6697, encaminhada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao Tribunal Regional Federal (TRF) 2ª Região. O prefeito considera a delação “lacônica, patética” e nega que tenha recebido doação irregular. Já o deputado Geraldo Pudim (PMDB), citado pelo ex-executivo da Odebrecht Benedicto Júnior como um dos políticos para os quais o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) teria pedido doações, nega qualquer envolvimento e diz que foi alvo de vingança.
Segundo Renato, que fala sobre a Parceria Público Privada (PPP) do esgoto, “a Odebrecht recebeu uma demanda de contribuição dos senhores Marcos André Riscado de Brito, que na época ocupava a função de Controlador do município, e do Jean Vieira de Lima, que era um dos procuradores do município, procurador de contratos, se não me engano. Essas pessoas se identificaram como representantes do grupo político do prefeito Aluizio e solicitaram contribuições. Não falaram especificamente em valores”.
O delator, porém, não soube especificar quem fez o pedido e diz nunca ter tratado sobre o assunto com o prefeito de Macaé. Porém, ao falar sobre os pagamentos assegura que foram feitos em quatro parcelas, entre o fim de 2013 e início de 2014. Renato de Medeiros diz que no setor de propina da Odebrecht os repasses ilegais ao prefeito macaense eram identificados ao apelido “Baleia”.
Nessa terça-feira (19), em entrevista ao RJ InterTV, Dr. Aluizio diz que nunca recebeu doações ilegais: “Não consigo acreditar que isso tenha acontecido. Ninguém pode oferecer para alguém qualquer tipo de recurso, se não comunica aquela pessoa que teria sido a interessada. Como que a base do governo, como que alguém faz uma delação, para uma coisa abstrata chamada base de governo. (...) Não existe nenhuma delação na história de todas essas delações que fala de coisa tão abstrata, tão evasiva e ao mesmo tempo protege o gestor desse processo, o gestor maior que é o prefeito, dizendo que não teve com o prefeito. De forma muito clara, isso deixa a gente muito triste, muito chateado, muito encabulado, mas ao mesmo tempo muito seguro de que isso nunca aconteceu conosco, muito menos com o governo”.
O prefeito observou, ainda, que “o delator que não conviveu com o fato, não deve ter a credibilidade das outras delações onde o fato é muito concreto, muito claro, muito próximo”.
A petição 6697 inclui, ainda, a delação de Roberto Cumplido. São citados na petição o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e o ex-candidato a presidente Everaldo Dias Pereira, conhecido como pastor Everaldo, entre outros.
Geraldo Pudim diz que foi alvo de “vingança”
Delator do casal Garotinho, que também nega que tenha recebido recurso ilegal, Benedicto Júnior foi questionado pela promotoria se o ex-governador do Rio pedia recursos para outros candidatos, além dele e da esposa. Benedicto, falou que se lembrava da filha (Clarissa) e de “um deputado chamado Geraldo Pudim”, ressaltando que poderia ter outros, já que Garotinho é presidente do PR. Para Pudim, a menção ao seu nome se trata de uma vingança do ex-executivo da Odebrecht. Pudim, em 2013, apresentou uma notícia crime à Procuradoria da República envolvendo, entre outros, a esposa de Benedicto:
— Quanto à citação do meu nome, feita pelo senhor Benedicto Júnior, trata-se de uma vingança anunciada, já que em fevereiro de 2013 eu entrei na Procuradoria da República com uma Notícia Crime, denunciando o esquema de lavagem de dinheiro do então secretário de Saúde Sérgio Côrtes, esquema que abriu as investigações e o levaram a prisão, e que envolve sua esposa e a do delator Benedicto Júnior. Na denúncia informei que as duas senhoras eram sócias na joalheria Blume, em Ipanema, criada para lavagem de dinheiro.
Ao blog Opiniões, do jornalista Aluysio Abreu Barbosa, hospedado na Folha 1, Pudim encaminhou cópia da notícia crime, que foi publicada.