Marqueteiro do PT confessa irregularidades na campanha
19/04/2017 10:00 - Atualizado em 20/04/2017 14:07
Divulgação
Mônica Moura e João Santana prestam depoimentos/Divulgação
O ex-marqueteiro do PT João Santana e a mulher e sócia dele, Mônica Moura, confirmaram ao juiz federal Sérgio Moro a interlocução do ex-ministro Antonio Palocci para pagamentos de caixa dois nas campanhas do partido. O depoimento aconteceu na tarde dessa terça-feira (18), em ação penal da Lava Jato que apura se o ex-ministro recebeu propina para atuar a favor da Odebrecht. No início do mês, o casal, preso em fevereiro do ano passado, teve o acordo de delação premiada homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
João Santana foi o marqueteiro da campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, além das duas eleições vencidas pela ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu processo de impeachment no ano passado. Segundo Mônica, em 2010, parte do caixa dois foi pago pelo partido e parte pela Odebrecht. Em 2014, segundo todo o caixa 2 foi pago pela Odebrecht.
— O meu interlocutor para discutir valores e negociar campanha sempre foi o Palocci. Depois que o Palocci acertava comigo o valor da campanha, ele me dizia: ‘então, vai ser pago x por dentro, isso você acerta com o tesoureiro. E essa parte por fora, o partido vai pagar tanto, e a Odebrecht vai colaborar com tanto’. E ele me dizia: ‘vai lá e acerte com eles (Odebrecht), como você quer’ — afirmou Mônica, que cuidava da parte financeira das campanhas da empresa de Santana. Ela contou ainda que procurava Palocci quando os repasses de caixa dois demoravam a ser feitos pela Odebrecht.
Mônica e o marqueteiro são réus junto com Palocci e o empreiteiro Marcelo Odebrecht numa ação penal que investiga a atuação do ministro em decisões de governo para favorecer a empresa. Na denúncia, o MPF diz que o casal teria recebido recursos de caixa 2 da empreiteira para campanhas eleitorais do PT. Em seu depoimento, o marqueteiro refez ao juiz Sérgio Moro todo o roteiro que o levou a comandar o marketing político e eleitoral do PT desde a crise do mensalão, em 2005.
No STJ — Também nessa terça, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu manter a prisão de Palocci pela Lava Jato. Os ministros da Quinta Turma entenderam que a prisão preventiva, decretada por Moro, é necessária para garantia da ordem pública e combater o atual quadro de “corrupção sistêmica e serial”. (A.N.)

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