Caixa dois aos irmãos Mussi
Arnaldo Neto 19/04/2017 09:56 - Atualizado em 20/04/2017 14:06
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Rivelton Mussi / Divulgação
Ex-executivos da Odebrecht, Benedicto Barbosa Silva Júnior e Leandro Andrade Azevedo foram os delatores do casal Garotinho. Contudo, os políticos campistas não foram os únicos da região, segundo eles a receber benefícios irregulares da maior empreiteira do país. Nos termos de delações anexadas à petição 6708, eles relatam pagamento de caixa dois ao irmão Riverton Mussi (hoje PDT) e Adrian Mussi (atual PHS). O recurso irregular foi usado nas campanhas de reeleição de Riverton em 2008 e de deputado federal de Adrian, em 2010. Foram duas empreitadas vitoriosas e, à época, eles estavam no PMDB. Os irmãos negam que tenham recebido qualquer benefício ilegal.
Leandro relata que os pedidos de doações nas duas campanhas partiram de Riverton e que nunca teve contato com Adrian. Segundo os delatores, eles acordaram em fazer as doações por caixa dois para manter uma boa relação com o então prefeito macaense, já que a Odebrecht realizava, em sociedade com uma empresa local, uma obra de macrodrenagem no município. Além disso, Benedicto relatou que a área de Macaé era considerada estratégica pela empresa por conta da exploração de petróleo. Por isso liberou o pagamento, após Leandro levar a demanda até ele.
— O Riverton me pediu um apoio de campanha, para campanha dele de reeleição. Eu falei que eu precisava falar e ser aprovado pelo Benedicto Júnior. Fui ao Rio de Janeiro e aprovei o valor. Fizemos alguns pagamentos para a campanha dele em 2008... Eu não tenho esse valor no sistema. Já procuramos e não conseguimos identificar o valor para ele. Eu acredito que seja em torno de R$ 500 mil. Sei que esses pagamentos foram feitos em 2008 por caixa dois. Me lembro que a gente mandou entregar esse dinheiro na casa dele, em Macaé — disse Leandro na delação, acrescentando que tinha pouco contato com Riverton, apesar da obra que a construtora fazia na cidade.
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Adrian Mussi / Divulgação
De acordo com Leandro, em 2010 houve um novo encontro com o então prefeito macaense: “O Riverton me chamou de novo para pedir uma doação de campanha, dessa vez ao irmão dele. Ele me convocou para uma reunião na Prefeitura. Nessa reunião ele me pediu uma ajuda para campanha do irmão dele, Adrian Mussi. Esse dinheiro foi entregue ao Riverton Mussi”. O delator afirmou que o caixa dois foi pago em duas parcelas, entregues na casa de Riverton e que o ex-prefeito sabia que o dinheiro não era contabilizado.
No setor de propina, o ex-prefeito de Macaé era mencionado como “Flamengo”. Os delatores disseram que, por ser um nome comum, outros beneficiários de recursos irregulares podem ter o mesmo apelido, mas que era possível identificar a quem foi feito o repasse. De acordo com Leandro, a Odebrecht fez parte um consórcio com uma empresa macaense para um contrato de R$ 250 milhões, do qual a maior empreiteira do país ficou com R$ 120 milhões. Eles disseram que não sabiam de nenhuma fraude envolvendo o processo licitatório.
O outro lado — A Folha não conseguiu contato com os irmãos Mussi. Ao portal G1, Riverton negou que tenha recebido recursos da empresa em campanhas políticas. Disse, ainda, que o contato com Leandro Andrade Azevedo era apenas institucional, e afirmou que não conhece Benedito Júnior (fato também relatado pelo delator). Já Adrian, em nota também ao G1, alegou ter sigo pego de surpresa com a citação na delação da Odebrecht e afirmou não ter ligação com a empresa e não conhecer nenhum funcionário da companhia. Ele disse que não sabe o motivo da citação e que se trata de uma “armação para sujar seu nome”. O ex-deputado, que no ano passado disputou a Prefeitura de Rio das Ostras, afirma que não recebeu dinheiro algum da empresa.

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