À espera de cirurgia, idosa morre no HFM
Daniela Abreu 27/04/2017 00:29 - Atualizado em 27/04/2017 14:46
Hospital Ferreira Machado (HFM)
Depois de mais de dez dias de internação no Hospital Ferreira Machado (HFM), em Campos, a aposentada Lecy Rodrigues de Siqueira, de 91 anos, morreu em decorrência de complicações após sofrer uma fratura no fêmur. No entanto, a família da idosa diz que enfrentou um novo drama: a demora de 12 horas para a liberação do corpo de Lecy.
Segundo os familiares, a idosa foi internada no dia 11 deste mês depois de cair da cama enquanto dormia e, desde então, ficou internada no HFM aguardando uma cirurgia para colocação de prótese. Na manhã desta quarta-feira, Lecy não resistiu e morreu. Foi quando começou a agonia da família para conseguir a liberação, um impasse que envolveu a Polícia Civil e ressaltou a necessidade de funcionamento do Serviço de Verificação de Óbito (SVO), que foi inaugurado na gestão passada, mas funcionou pouco mais de um ano.
Segundo a neta de Lecy, Ana Carla Siqueira Barroso, de 38 anos, a idosa ficou mais de dez dias na enfermaria comum. Somente no dia 21 ela teria sido transferida para o setor de ortopedia. Ana Carla contou, também, que os exames pré-operatórios para analisar as condições clínicas para a realização do procedimento cirúrgico foram feitos na última segunda-feira e teriam mostrado a necessidade de transfusão de sangue para realização da cirurgia.
Na manhã desta quarta, segundo Ana Carla, Lecy acabou morrendo. A neta da aposentada contou que o médico teria se negado a dar um atestado de óbito e liberado apenas um pré-laudo, onde constava a fratura do fêmur como causa da morte. Diante dos questionamentos da família, o médico teria expulsado os familiares e equipe de assistência social da sala, se negando a expedir o documento. De posse do pré-laudo, a família se dirigiu à 134ª Delegacia de Polícia do Centro, onde não conseguiu o pedido de remoção do corpo para o Instituto Médico Legal.
Segundo o delegado titular da unidade, Geraldo Rangel, o Corpo de Bombeiros só pode ser acionado para remoção para a perícia em caso de crime ou suspeita do mesmo, o que não foi o caso. “Quando não há crime, o município deve fazer o serviço. Isso segue uma determinação da chefia da Polícia Civil”, disse o delegado, acrescentando que metade das perícias feitas pela Polícia Civil no estado não se trata de crime. Rangel disse ainda que, quando não há SVO, a unidade médica mais próxima é responsável pela liberação do corpo.
Somente por voltas 19h a família finalmente conseguiu um atestado de óbito que possibilitasse a confecção de certidão.
Em nota, o HFM informou que “a referida paciente não se encontrava em condições clínicas para ser submetida a uma cirurgia, conforme resultados dos exames pré-operatórios para risco cirúrgico. Apresentou piora em seu quadro, vindo a óbito no início desta manhã” e que “a família já está de posse do atestado de óbito”.

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