Parentes da idosa Lecy Rodrigues Siqueira, de 91 anos, relataram o drama vivido pela família para conseguir uma cirurgia no Hospital Ferreira Machado (HFM). Lecy se encontra internada na unidade há cerca de duas semanas, devido a um acidente sofrido dentro de casa que acabou resultando em uma fratura no fêmur. Segundo familiares, no primeiro momento, a cirurgia não teria sido realizada por conta de um ar condicionado que estava quebrado e que somente após muita insistência a idosa foi transferida para o setor de ortopedia do hospital e foram realizados os exames pré-operatórios. A assessoria do hospital informou que o problema do ar condicionado não afetou a cirurgia de Lecy e que a paciente apresentou uma baixa taxa de hemócrito, “o que, no momento, ainda é impedimento para realização da cirurgia”. Nessa segunda, a Prefeitura informou que pagou mais de R$ 6 milhões em repasses para os hospitais contratualizados.

— Com cinco dias lá, haviam dito que já tinham feito os exames, mas não vimos. Apenas hoje (segunda-feira) realizaram os pré-operatórios. Se a gente não brigar, eles enganam os familiares o tempo todo. Ninguém nunca sabe informar nada correto. Estamos gastando com acompanhante para ficar com ela durante o dia, porque a situação lá é um verdadeiro descaso. Eles precisam entender que se trata de uma vida, não pode ser assim — relatou a neta de Lecy, Ana Carla Siqueira Barroso, de 38 anos.

Ana Carla contou que no dia 20 de abril, após alegarem que não teria vaga para transferência de Lecy, dois pacientes que chegaram depois da idosa teriam passado a frente dela na fila de espera. “Ela é prioridade por causa da idade, mas ficou mais de uma semana na emergência. Pedimos laudo para entregar ao Ministério Público e não quiseram dar. Somente na sexta-feira (21) à noite, depois que arrumamos confusão lá, eles transferiram ela para o setor da Ortopedia, no terceiro andar”, disse.

Segundo Ana Carla, o resultado dos exames, divulgados na tarde dessa segunda, mostraram que Lecy está com taxa de plaquetas baixa e precisa de doações de sangue para realização da cirurgia, já que o estoque do Hemocentro continua baixo.

Em resposta aos questionamentos, a assessoria do Hospital Ferreira Machado informou que as questões relacionadas ao funcionamento do ar refrigerado no centro cirúrgico aconteceu no início da semana passada. “Na quarta-feira (19), o aparelho foi consertado e, de lá pra cá, as cirurgias vem acontecendo normalmente”. A assessoria informou, ainda, que este fato não teve influência sobre o caso de Lecy.

— Por ser uma paciente idosa, Lecy vem sendo submetida aos exames pré-operatórios de risco cirúrgico (Exames de sangue, Raio X, Eletro e Ecocardiograma, entre outros). O resultado do hemograma da paciente aponta que ela está com a taxa de hematócrito baixa, o que, no momento, ainda é impedimento para realização da cirurgia. O HFM continua acompanhando o estado de saúde da paciente — informou a unidade.

A Prefeitura de Campos realizou o repasse de verbas referente ao mês de março deste ano para as unidades de saúde contratualizadas do município, dentre elas a Beneficência Portuguesa, Santa Casa de Misericórdia, Hospital Plantadores de Cana e Fundação Benedito Pereira Nunes. O pagamento foi feito no dia 20 de abril e o montante total somou o valor de R$ 6.664.362,29. Os dados podem ser conferidos no Portal da Transparência.

Este ano, de acordo com a Secretaria de Saúde, os repasses para os hospitais conveniados estão rigorosamente em dia. Conforme consta no relatório de pagamentos efetuados, disponível no Portal da Transparência, o hospital Santa Casa de Misericórdia de Campos recebeu, por exemplo, mais de R$ 1 milhão, assim como o Hospital Escola Álvaro Alvim.