Família de idosa se queixa de negligência
Marcus Pinheiro 12/04/2017 21:54 - Atualizado em 15/04/2017 13:01
Uma idosa de 74 anos teve a perna direita amputada na altura no joelho, na Santa Casa de Misericórdia de Campos, cerca de dois meses após buscar assistência médica em unidades hospitalares públicas do município. Familiares acreditam que a mulher, que até o início de fevereiro apresentava apenas uma inflamação na pele causada por acúmulo de sangue em um dos membros inferiores após uma pancada, tenha sido vítima de negligência médica.
De acordo o técnico de contabilidade José Maria Rangel, de 52 anos, a sogra Maria Odete Neves Peixoto, de 74 anos, foi diagnosticada com uma úlcera de estase no início de fevereiro. E após ser encaminhada por um infectologista, do setor privado de saúde, ao Centro de Referência e Tratamento de Lesões Cutâneas e Pé Diabético, a idosa deveria ser submetida a uma arteriografia, que é um exame radiológico capaz de descrever o sistema arterial, conforme indicação da equipe médica responsável pela paciente. “Munidos dos encaminhamentos de urgência, já aprovados pela Central de Regulação da secretaria de Saúde, buscamos, no dia 6 de fevereiro, a Santa Casa de Misericórdia – único lugar em Campos que realiza o exame por meio do SUS – com a intenção de agendar o procedimento. Pediram que aguardássemos uma ligação de confirmação. Dois dias depois, o hospital fez contato informando que o equipamento responsável pela realização do exame estava quebrado. Ficamos de mãos atadas”, contou.
Segundo o genro, sem conseguir realizar o exame indicado no município, e nem ser transferida para o Hospital São José do Avaí, em Itaperuna, a sogra teve seu quadro de saúde agravado. E 10 dias após ter a solicitação de exame negada pela Santa Casa, ela foi internada no Hospital Geral de Guarus (HGG). “Dia 16 de fevereiro começou o martírio. Primeiro pela dificuldade em conseguirmos atendimento para ela na unidade hospitalar. Fui obrigado a citar a Lei 8080/90, chamada Lei Vaga Zero, para garantir o atendimento. Segundo, por ela ter ficado em uma maca no corredor do setor de emergência, sem o isolamento devido. Ela foi submetida a um joga pra lá, joga pra cá nos corredores do HGG, em razão da falta de vagas nas enfermarias. Por fim, após quase 20 dias de sofrimento, ela foi transferida as pressas para a Santa Casa, onde teve a sua perna amputada, no dia 8 de março. Uma simples úlcera evoluiu até um estágio de decomposição. Isso é muito triste”, finalizou José.
A Secretaria de Saúde de Campos informa que o Núcleo de Controle e Avaliação irá averiguar a situação em relação ao exame de arteriografia junto ao setor de Regulação e à Santa Casa. A direção do Núcleo informou que a liberação deste exame é feita através da Central de Regulação do Estado e que, em Campos, a Santa Casa é a única unidade contratualizada que realiza o procedimento.
Em relação ao HGG, a diretora da unidade, Raquel Arlinda, informou que irá verificar o que de fato ocorreu, mas ressaltou que o hospital preza sempre pelo bem-estar e assistência dos pacientes, e em casos de superlotações são viabilizadas transferências com urgência.

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