Paralisação na Justiça do Trabalho contra reformas
Paula Vigneron 26/04/2017 12:11 - Atualizado em 04/09/2017 20:07
  • Manifestação em frente a Justiça do Trabalho

    Manifestação em frente a Justiça do Trabalho

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    Manifestação em frente a Justiça do Trabalho

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    Manifestação em frente a Justiça do Trabalho

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    Manifestação em frente a Justiça do Trabalho

Magistrados, servidores da Justiça do Trabalho em Campos promoveram uma paralisação, nesta quarta-feira (26), em todas as varas, que funcionam no prédio da Caixa Econômica Federal da rua Tenente Coronel Cardoso. A ação foi realizada como protesto contra as reformas trabalhista e previdenciária e teve adesão de sindicalistas, advogados e universitários. A juíza do Trabalho Fernanda Stipp usou o microfone para afirmar que o movimento é uma defesa dos direitos do trabalhador e apartidário.
A rua ficou interditada entre a avenida José Alves de Azevedo e a 13 de Maio. Do ato, participaram representantes de diversos sindicatos, como o dos bancários, da construção civil (Stinconcimo), dos metalúrgicos (Sindimec), dos trabalhadores em saneamento (Staecnon), da Faetec (Sindpefaetec) e do movimento estudantil da Universidade Federal Fluminense (UFF).
A paralisação, que teve uma hora de duração, começou às 12h. A ação é uma adesão ao ato da Associação Nacional dos Magistrados Trabalhistas (Anamatra), promovido também no Rio de Janeiro, no mesmo horário. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância de participar da greve geral, programada para esta sexta-feira (28), contra as reformas propostas pelo presidente Michel Temer.
Manifestação em frente a Justiça do Trabalho
Manifestação em frente a Justiça do Trabalho
— A reforma trabalhista é prejudicial aos trabalhadores, e eles devem aderir à greve geral. Na verdade, ela desvaloriza a pessoa, desqualifica o ser humano. Permite verdadeiras arbitrariedades. E, em longo prazo, nós vemos um esvaziamento de direitos. Mas, infelizmente, acho que as pessoas ainda não se atentaram para isso. Se a reforma trabalhista passar, da maneira como ela é proposta, os nossos filhos não vão ter direito a férias, por exemplo, embora esse não seja o item de pauta agora. Mas, quando você começa a flexibilizar muito, chega uma hora em que você vai ficar sem direito nenhum — opinou a juíza titular da 4ª Vara, Fernanda Stipp.
Para ela, a população está focada na aposentaria. “Mas, se a reforma emplacar, elas não vão mesmo se aposentar porque não vai ter emprego. Infelizmente, no nosso país, a baixa escolaridade é muito grande. E as pessoas não perceberam que vão ficar sem direitos. Por isso, achamos importante o ato em frente à Justiça do Trabalho, para ver se a gente consegue conscientizar as pessoas e mostrar para Brasília que o direito de voto é nossa grande arma”, complementou.
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/Campos), Humberto Nobre afirmou que os direitos dos brasileiros já estão sendo tirados. E, junto a eles, a possibilidade de resistência, luta e reconquistas. O fim dos sindicatos, “forma de defesa do trabalhador”, foi destacado pelo advogado:
—A gente sabe que nem todo mundo gosta, que nem todo mundo fala bem, mas o sindicato é a única instituição que tem como pressuposto a defesa do trabalhador no seu cotidiano. É onde ele encontra, na maioria das vezes, abrigo às suas necessidades. Além dos sindicatos, eles querem tirar a justiça. Então, nós vamos ficar sem direitos e, pior, sem possibilidade de reconquistá-los. Eles querem desmobilizar a sociedade. Tenho certeza de que, se o Congresso não nos ouvir, faremos outro Congresso, sem essas pessoas que não nos dão vez nem voz.
Igreja e escolas contra reformas - A Diocese de Campos emitiu nota de apoio à greve geral do dia 28. Além disso, 15 escolas da rede particular de ensino de Campos confirmaram a paralisação das suas atividades em apoio à greve. No blog Na Curva do Rio, hospedado na Folha Online, a jornalista Suzy Monteiro informou que a diocese de Campos “apoia a paralisação geral do dia 28 em defesa dos direitos sociais e da Constituição”. O bispo diocesano de Campos, dom Roberto Ferrería Paz, acompanhará as manifestações diretamente de Aparecida do Norte, no interior de São Paulo. Ele participa da 55ª Assembleia da Conferência nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O Sindicato dos Professores de Campos e São João da Barra (Sinpro) informou que solicitou, por meio de ofício, a adesão ao movimento nacional em defesa dos Direitos Trabalhistas. A presidente do Sinpro, Vera Félix, destacou a sua satisfação com relação ao comprometimento dos professores nesta causa. “Toda a equipe agradece aos profissionais da educação por não se intimidar diante das pressões patronais e políticas. Isso mostra que existem instituições de ensino que vão além dos conteúdos programáticos, uma vez que estão preocupados em formar cidadãos críticos, reflexivos e, logo, agentes de mudança social”, enfatizou.

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