Bruxismo deve ser tratado logo
25/04/2017 19:19 - Atualizado em 24/06/2017 23:49
Bem diferente do que muitas pessoas pensam, o bruxismo é um dos distúrbios do sono, do qual os dentes são mais vítimas do que exatamente os causadores do problema. O especialista em cirurgia buco-maxilo-facial pelo Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio, Bruno Chagas revela aspectos importantes para lidar com o problema.
Noite mal dormida, tensão nos músculos da mastigação e para piorar, uma dor de cabeça forte, e muitas vezes insuportável pela manhã ao acordar. Arcadas dentarias irregulares, mordidas cruzadas, transtornos de ansiedade e práticas de esportes de alto rendimento estão entre as causas. Esses são alguns dos desconfortos — causados pelo ranger involuntário dos dentes de madrugada — com que os portadores de bruxismo do sono têm que conviver. “Ao contrário do que a maioria pensa, os dentes são reféns, são vítimas, desse distúrbio do sono, chamado bruxismo. É como o ronco e a apneia. É importante saber que os dentes não são sempre os causadores do problema”, esclarece o especialista.
“Para se ter uma ideia, o ranger dos dentes é a última coisa que acontece nesse processo. Tudo começa com uma superativação do sistema nervoso central, que aumenta a atividade alfa do cérebro, por consequência eleva a frequência cardíaca, que estimula a musculatura mastigatória e por fim reflete no ranger involuntário dos dentes”, explica Chagas, ao descrever as etapas do distúrbio, na prática.
Não se pode afirmar que há um perfil típico dos portadores de bruxismo, já que a relação de causa e consequência do comportamento humano nesse sentido implica em diversas possibilidades, inclusive pessoas que são hipertensas e que têm outras disfunções do sono, como a síndrome das pernas inquietas (hábito de manter o movimento dos membros mesmo dormindo), por exemplo. Mas, uma coisa é certa, pode-se afirmar que aqueles que sofrem de ansiedade e estresse geralmente lideram o “tipo mais comum” na lista dos pacientes. “Geralmente os portadores são adultos tensos, hiperativos, agressivos e com personalidade compulsiva”, descreve Bruno. Posto isso, se torna mais fácil entender porque não conseguem ter uma boa qualidade de sono.
De um modo geral, é comum as pessoas falarem de bruxismo com certa simplicidade, como se o único problema fosse o desconforto do ranger dos dentes durante a noite — o que já não é pouco, pois resulta em trincas e desgaste severo dos dentes. Sim, esse é, sem dúvida, um dos principais sintomas, porém, as consequências vão muito além desse sinal noturno. “As regiões da cabeça e pescoço são muito prejudicadas. Podem ocorrer dores intensas musculares e na articulação da mandíbula, sonolência, fadiga e cansaço durante todo o dia, além da perda progressiva dos ossos que sustentam os dentes, o que é grave”, explica o cirurgião. “Nos casos mais severos, há um travamento mandibular, que impede o movimento da mandíbula. Essa sensação paralisante é muito desagradável”. Dentre os sintomas mais graves está a dor tensional na musculatura do crânio, que provoca a cefaleia tensional, proveniente dessa pressão pericraniana e uma dor muito forte e aguda na região das têmporas. Para completar o arsenal de danos, existe ainda a possibilidade iminente de cortes nos lábios, língua e mucosa das bochechas. Contudo, ironicamente, há estudos recentes que demonstram que cerca de 40% dos portadores de bruxismo do sono não apresentam sintomas. (A.N.)

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