Patrocínio garante continuidade da ONG Orquestrando a Vida
Jhonattan Reis 10/04/2017 17:54 - Atualizado em 13/04/2017 13:04
Uma luz no fim do túnel. A ONG Orquestrando a Vida, que enfrenta uma situação de crise desde 2012, receberá patrocínio da concessionária Águas do Paraíba, o que vai garantir a continuidade do projeto. A ONG atende, através da música, cerca de 250 crianças e jovens em Campos. A parceria entre concessionária e a Orquestrando a Vida foi intermediada pelo prefeito Rafael Diniz, em reunião realizada na última sexta-feira (7). O patrocínio prevê, inicialmente, quatro parcelas de R$ 30 mil, além de mais oito meses de contribuição. A expectativa também é de que a ONG consiga ser beneficiada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
De acordo com o presidente da ONG, o maestro Jony William, a Orquestrando a Vida estava entrando em clima de despedida. Ele disse que o patrocínio representa um novo fôlego para a ONG, que completou 21 anos de existência este ano.
— É um projeto grande e fica inviável a gente dar continuidade a ele do jeito que estava antes, com essa situação que estamos passando há quase seis anos. O patrocínio vem dizer para a gente a importância de o projeto seguir adiante. A autoestima dos músicos da Orquestrando a Vida estava ferida. Imagina seis anos vendo o projeto se desfazendo. Não é somente o pagar das dívidas, que são imensas, mas é o resgate da autoestima, do orgulho de viver da arte e, ainda, de atender centenas de crianças, pois não falamos só de acordes e partituras, mas também do caráter, da educação — disse Jony, que explicou sobre o patrocínio e como ele surgiu.
— Ainda não posso dar detalhes porque ainda teremos uma reunião para saber como isso vai se dar exatamente. Mas o que foi adiantado é que a proposta da Águas do Paraíba é de que eles farão esse patrocínio, aguardando a Lei Rouanet, para, quando ela chegar, ficar mais cômodo para a empresa, podendo abater no imposto — disse Jony, que também falou que a proposta surgiu após o prefeito de Campos, Rafael Diniz, buscar parceiros para a ONG considerando a importância dela para a cultura da cidade.
— E sobre a Lei Rouanet, o prefeito esteve com o ministro da Cultura, levou o projeto, que foi muito bem aceito. Agora precisamos aguardar — explicou o maestro.
HISTÓRIA
Jony William explicou que Orquestrando a Vida surgiu há 21 anos. Ela é um núcleo de uma metodologia chamada El sistema. “É um sistema que revolucionou o mundo da música. Ele veio da Venezuela e está presente hoje em mais de 80 países. O objetivo é inserir crianças, desde bem novas, com três anos, por exemplo, em uma orquestra sinfônica”, disse.
Segundo Jony, o projeto começou com a chegada de delegação da El sistema da Venezuela para implantação no Brasil. “Ele aconteceu em Campos dentro do Centro de Cultura Musical, que criou o projeto. A gente começou a trabalhar, através de bolsas, para que crianças da periferia e de escolas públicas fossem inseridas no mundo da música, visando uma transformação social”.
Jony disse que a ONG começou com cerca de 30 crianças e em pouco tempo chegou a mais de 1.200. “O Centro de Cultura tinha seus limites financeiros e, com o aumento do número de alunos, a ONG precisou buscar padrinhos. Só que depois o projeto cresceu tanto que não tínhamos mais quem patrocinar e começamos a buscar alternativas. Até que um dia fizemos um concerto no Teatro Municipal do Rio e representantes da Dell’Art, maior produtora de música do país, se encantaram e começaram a nos representar. Através deles conseguimos vários parceiros e, por uns cinco anos, vivemos regularmente sustentando o projeto”, lembrou.
No entanto, quando a ONG já atendíamos mais de 700, houve perda de investidores, em 2012. “A situação ficou ainda pior com a crise. Buscamos apoios, mas não conseguimos resolver nada. De 2012 para cá a situação foi chorosa. Assim a gente veio desde então”, lembrou.
Com novo fôlego, Jony William contou que espera voltar com projetos em comunidades. “O primeiro já está firmado, que é na Baleeira. Acredito que dentro de um mês retomaremos as aulas lá. Elas acontecerão na Associação de Moradores da comunidade”, afirmou o maestro.

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