"Palavra de ordem é prevenção"
Marcus Pinheiro 19/02/2017 10:58 - Atualizado em 21/02/2017 12:16
“O Carnaval vem aí e a circulação de pessoas é intensa. Para que não haja uma epidemia de dengue, chikungunya e zika nos meses de março, abril e maio, a palavra de ordem é prevenção”. Quem diz isso é o diretor do Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas (CRDI) e presidente regional da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), Luiz José de Souza. Entre 1º de janeiro e 10 de fevereiro de 2016 foram 3.102 notificações das três doenças. No início da semana, a Prefeitura divulgou que o número caiu 87% no mesmo período de 2017.
Segundo o especialista, o grande número de casos registrados nos primeiros meses de 2016 foi considerado “atípico”. No entanto, de acordo com Luiz José, ainda é prematuro dizer que as chances de uma epidemia neste ano estão descartadas.
— Em 14 anos de existência do CRDI, 2016 foi o único em que o mês de janeiro obteve um número de registros tão alto. Os dados históricos apontam que os meses de maior incidência, para os casos das doenças causadas pelo Aedes, são março, abril e maio. Esse é o pico histórico — disse.
Em relação à dengue, o diretor do CRDI informou que o sorotipo que está em circulação no município é o DEN-4. Segundo ele, em 2016, os registros apontaram a maior presença do DEN-1. “Em termos de classificação, estamos falando do mesmo tipo de vírus com quatro variações. Do ponto de vista clínico, são absolutamente iguais, vão gerar o mesmo quadro”, esclareceu Luiz José, complementando que devido as notificações de chikungunya e zika, a “apreensão do CRDI com os próximos meses é grande”.
Com receio de adoecer, a moradora do Jóquei Clube, bairro com o maior número de casos de dengue notificados no município em 2017, Maria Lúcia Barroso de Souza, de 46 anos, dá bons exemplos e garante que em seu quintal “mosquito não tem vez”. Segundo ela, além da varrição diária, todos os vasos de plantas ornamentais são inspecionados com regularidade e o lixo é colocado em local seco.
— Cuido com muito cuidado da minha casa e do meu quintal. Os vasinhos estão sempre com areia, os potes dos animais sempre são lavados e a água trocada. Tenho medo de adoecer. Essas doenças são graves, espero que os meus vizinhos tenham o mesmo cuidado que eu e não deixem criadouros do mosquito — disse Maria Lúcia.
Durante a semana, o Sistema InfoDengue, criado em 2015 pela Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (EMAp-FGV), informou que o número de casos de dengue em janeiro no estado do Rio de Janeiro atingiu 1.485, revelando queda de cerca de 90% em comparação ao mesmo mês do ano passado (15.471).
Segundo o professor de epidemiologia matemática e coordenador do sistema, Flávio Coelho, dos 92 municípios fluminenses, 22 estão no chamado nível de alerta de transmissão, o que significa que as condições climáticas para reprodução do mosquito Aedes aegypti são ótimas nessas localidades. Entre essas cidades, estão Campos, Itaperuna, Bom Jesus do Itabapoana, Italva e Conceição de Macabu.
CCZ realiza mutirões em diversos bairros
Para ajudar na prevenção ao Aedes aegypti, o Centro de Controle de Zoonozes de Campos (CCZ) vem realizando uma série de mutirões contra o mosquito em diversos pontos do município. As ações contam com uma média de 90 agentes de endemias, que atuam na eliminação dos focos e na conscientização da população a respeito importância da prevenção.
Folha da Manhã
Luiz José de Souza / Folha da Manhã
Na última sexta-feira (17), os agentes estiveram nos parques Esplanada, Nova Brasília e Santa Cruz, realizando mais um mutirão contra o mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika. De acordo com o diretor do CCZ, Jorgeamado de Almeida, os mutirões têm surtido efeitos positivos na redução de notificações de novos casos das doenças.
Segundo ele, ao todo, mais de 200 focos do Aedes aegypti foram eliminados.
O diretor frisou a importância das ações preventivas e a conscientização da sociedade. “A população deve separar dez minutos do seu dia para verificar os quintais de suas casas, observar os vasos de plantas colocando areia nos pratinhos, além de recolher possíveis recipientes que possam acumular água”, aconselhou Jorgeamado.
O diretor do CCZ informou ainda que o próximo Levantamento do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) será divulgado na primeira semana de março. No próximo dia 22, os agentes estarão nos bairros Caju, Pecuária, Parque Bela Vista e Parque do Prado.

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