O retorno de Samara
Edgar Vianna de Andrade
O chamado 3
Logo depois de assistir ao filminho, a pessoa recebia uma ligação, ainda por telefone fixo, e morria no prazo de sete dias. Samara, uma menina de cabelos compridos e vestido longo, era a assassina. Tratava-se de uma criança atormentada pela morte prematura. Mas, quem desvendaria o segredo de Samara?
Essa tentativa é feita pelo diretor F. Javier Gutiérrez em “O chamado 3”, com roteiro do trio Akiva Goldsman, David Loucka e Jacob Aaron Estes com o famoso Gullermo del Toro, um dos produtores executivos. Samara estava quieta no seu reduto, Não incomodava mais ninguém. Para ressuscitá-la, era necessária uma equipe de alto nível, mas isso não aconteceu.
O roteiro é tortuoso e preciosista. Filmes dessa natureza exigem roteiro mais claro. A fotografia não tem a mínima ambição. Ela poderia ficar aos cuidados de Sharone Meir, como ficou, ou a cargo de um mero operador de smartfone. Idem com a montagem de Steve Mirkovich. Idem com o elenco, tendo à frente Matilda Lutz, no papel de Julia, e Alex Roe, como Holt. Quem menos aparece é Bonnie Morgan, como Samara.
Com pertinácia e coragem invulgares, Julia persegue Samara por caminhos insuspeitos para o público. Descobre-se que se trata de uma alma penada, filha de uma mulher mantida prisioneira e estuprada por um padre. Haveria a intenção de criticar abusos sexuais de clérigos? Se houve, não convenceu.
Tudo ia bem. Parecia que Julia havia resolvido o problema da atormentada Samara e nós, mortais, estaríamos livres de seus vídeos, telefonemas e assassinatos. Começávamos a ficar gratos a Julia por desvendar tudo e libertar Samara e os espectadores de um possível “O chamado 4”. Mas as notícias não são das melhores. No final do filme, Samara mostra que não está contente e deixa em aberto um próximo episódio.