SJB: folia, tradição e subvenções em debate
22/02/2017 15:26 - Atualizado em 22/02/2017 15:26
Tradição. Sim, o carnaval de São João da Barra tem identidade. A folia reúne milhares de sanjoanenses e visitantes, aquece a economia local. E tão tradicional como o carnaval e a rivalidade entre Congos e Chinês são as opiniões divergentes com relação à condução da festa por parte da Prefeitura. Por anos o debate girou em torno da “baianalização” da festa, com a invasão dos chamados blocos de abádas. Muitos desses só entravam na avenida porque a municipalidade cedia espaço para concentração e ainda custeava trio elétrico com atração musical. Isso foi reduzido e, certamente, terá que acabar. Alguns blocos se sustentam, outros estão fadados ao fim. Neste ano a discussão é outra: poderia a Prefeitura, com decreto de emergência econômica, conceder subvenções as tradicionais escolas de samba que, somadas, chegam a R$ 468 mil? O debate é amplo.
Muitos lembram as declarações recentes da prefeita Carla Machado (PP) informando sobre a impossibilidade de retorno de programas por falta de recursos. Esses sustentam que as próprias escolas de samba deveriam promover eventos para botar “o bloco na rua” com seus recursos, sem incentivo da municipalidade que, não é novidade nenhuma, precisa readequar suas prioridades de gastos.
Por outro lado, existem os que defendem a necessidade de incentivar as atividades culturais, salientando que o valor pago às agremiações é irrizório, mediante ao retorno que o carnaval traz para a economia sanjoanense. Observam, ainda, que a Prefeitura neste ano inovou com a parceria público privada para realização do evento, o que diminui os gastos com relação aos anos anteriores, quando toda a festa era paga com dinheiiro do poder público municipal.
A favor ou contra, não há mais o que fazer. A Câmara já aprovou a lei, que foi sancionada pela prefeita, e as duas escolas receberão a subvenção. Seria de grande valia se os parlamentares ficassem atentos ao objeto desse convênio. A beleza e a tradição dos Congos e do Chinês não bastam para levar quase meio milhão dos cofres públicos. Seria a hora das agremiações realizarem cursos para aprendizes, tanto na confecção de fantasias e alegorias, como ritmistas. Só colocar a escola na rua não é incentivar a cultura. Até porque, não é de hoje, os componentes são em parte membros de agremiações campistas. Incentivar a cultura é levar o sanjoanense para o barracão, despertar o interesse por essa tradição que, infelizmente, há algum tempo vem se perdendo em SJB.
Outra polêmica quase incendiou o pré-carnaval sanjoanense. Começou a circular na rede, de forma irresponsável, que teria de ser pago para assistir as desfiles das escolas de samba em SJB. Neste ponto, todo cidadão da cidade, seja Congos ou Chinês, governista ou oposição, teve de concordar: não houve mudança. Há anos existem arquibancadas que são cobradas. A diferença deste ano é que o dinheiro recolhido com as arquibancadas, bem como com as áreas de estacionamento, ficará com a Prefeitura, não com instituições filantrópicas como outrora. Talvez com esse recurso a Prefeitura consiga reaver o gasto, ao menos, com as escolas de samba. Vejamos o balanço pós quarta-feira de Cinzas (se for divulgado, como deveria, é claro).
Em tempo — A programação do carnaval 2017: “Espalhe alegria como se fosse confete” foi divulgada pela prefeita Carla Machado em coletiva na semana passada (aqui).

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    Arnaldo Neto

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