Despencando do Topo da Pirâmide
Nino Bellieny 18/11/2016 17:51
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ NinoBellieny Nas funções de radialista e jornalista, vi a ascensão, o platô e a queda de muitos que se julgavam e eram julgados inatingíveis. Vi o luxo das posses, o lixo das emoções humanas ensandecidas quando um poderoso chegava ao local que fosse: um aniversário, uma festa, uma inauguração, um comício... era um deus pousando e milhares em volta a entoarem hinos de  louvor e glória. Uma corrente elétrica a unir todos em uma carga de euforia, não raro com muitos a passarem mal por excesso de emoção. E o deus feito homem e o homem feito por outros homens, deus, a acenar indiferente, a sorrir onisciente, a reger com as mãos aquela orquestras de fanáticos. Eu vi o poder de perto muitas vezes e a transformação causada em quem o possuia e em quem hora ou outra era bafejado por estar próximo. Por  ser de confiança, por ganhar uma vaga de emprego, por conseguir para uma filha ou um filho, ou simplesmente pelo prazer de dizer "eu sou amigo do Rei". O poder é como o flash de mil máquinas fotográficas profissionais disparadas ao mesmo tempo. Cega. E com a cegueira vem a embriaguez sem álcool, o torpor sem drogas, o êxtase sem ecstasy. As pessoas em volta entram em transe. Obedecem a qualquer comando. Deixam de ser únicas para serem uma. E como boiada saindo pro pasto de manhã, vai do mesmo modo para o frigorífico. Não importa aonde se vai, seguem tangidas pela força do Poder. 18 Do mesmo modo que vi o sol nascente e o sol do meio-dia de poderosos, vi o ocaso inúmeras vezes. E nada lembra mais o crepúsculo do que a Paixão e Morte do Poder. Os mesmos que o aplaudiam e por ele morreriam à uma única ordem, agora dele escarnecem. Dançam sobre suas vestes, fazem fogueiras com as vaidades derrubadas. Um novo Poder virá e é preciso serví-lo, não há como fazer isso para dois ao mesmo tempo. O Rei está morto, viva o Rei. E novas procissões servirão ao novo monarca com mãos a aplaudir, harpas a serem tocadas e hinos de louvor ao novo imperador. Porque assim rasteja a humanidade.

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