Nuvens sobre a Estrela Dalva do Oriente Por Silvia Paes Nos ensina a sabedoria budista que não devemos responder quando o coração estiver irado e a alma confusa, por isso passadas mais de 24 horas, venho aqui expor a minha indignação ao fato ocorrido neste último sábado, pela manhã na Praça do Santíssimo Salvador. Ao chegar ao Museu para a reunião do Conselho e Cultura, me deparo com um quadro lamentável. Estavam os participantes da Folia de Reis Estrela Dalva do Oriente, no pátio do Museu, e todos ainda em estado de choque. Ao chegarem a Praça do SS. Salvador, os foliões tocavam e cantavam tendo a frente sua bandeira, quando foram abordados por certa senhora dizendo que eles não poderiam ficar ali, pois eles estavam fazendo bagunça e perturbando o evento da “Santa” Igreja Católica, e que ela tinha uma carta do Senhor Bispo com a autorização para o evento. Pergunto a essa senhora: a praça é do Senhor Bispo? Respondo a esta senhora, que a praça é tanto dela como dos foliões. Mas na verdade a vontade é de dizer que se ela não quisesse que seu evento fosse “bagunçado”, que fizesse sua festinha na praça do Senhor Bispo. No entanto, tenho certeza absoluta que se o senhor bispo, se ali estivesse, iria comungar e compartilhar da alegria dos foliões. Isso por que o Senhor Bispo, ao contrário dessa senhora, sabe muito bem o que representa uma Folia de Reis. Na verdade essa senhora está possuída pelo demônio da ignorância. Ela precisa ser exorcizada. Então, vou dar uma mãozinha, e tomara que ela saiba dessa “cartinha”. Digo que quando a Santa Igreja Católica Apostólica Romana inventou o Natal e o Presépio, inventou também a Folia de Reis. Que uma Folia é composta por 12 músicos que representam os 12 apóstolos de Jesus Cristo. A frente segue uma bandeira cujos motivos são variados, mas tratam de acontecimentos bíblicos, desde o momento da anunciação até o advento do nascimento de Jesus, e a fuga da família da perseguição do rei Erodes. São os palhaços da folia que representam os soldados de Erodes, que postos para descobrir o Salvador, acabam o protegendo durante a fuga. Então os palhaços representam o bem para os cristãos e o mal para os não crentes. As bandeiras são ornadas com motivos natalinos, uma vez que o ápice da Folia é o nascimento do Salvador. Por outro lado, esses Foliões, componentes de nossa única Folia, estavam no Museu Histórico para receber das mãos do presidente do Conselho de Cultura um prêmio, em agradecimento da comunidade, pelo tanto que fizeram preservando para todos os campistas esse bem patrimonial, que remonta na Europa a Idade Média, e chega aqui com os portugueses nas primeiras manifestações religiosas no novo continente. Aos foliões da FOLIA DE REIS ESTRELA DALVA DO ORIENTE me ajoelho e peço perdão pela ignorância da “santa” senhora, e reverencio sua bandeira em agradecimentos comovidos, pelo muito que eles fizeram e fazem pelo nosso Patrimônio Histórico e Cultural.