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Todas as velhas cicatrizes somam-se as ainda a serem feitas
No mapa rústico da pele sobre a pálida lua de um meio-dia qualquer
Cada segredo revelado nas lágrimas cheias de asas
Se chocam no ar feito libélulas
Em meu tempo de menino, lavadeiras/papa-fumos
E em minha imaginação, helicópteros do distante Vietnã
Onde jovens pouco mais velhos do que eu
Morriam às centenas
E nos porões da América Latina, outros tantos desapareciam para todo o sempre.
Meus brinquedos militares, meus soldadinhos de plástico,
Meu quintal extraordinariamente fantástico
Maior do que a distância coberta pela Enterprise
Girava em torno de mim.
Eu viajava mesmo era nos livros de Monteiro Lobato e Julio Verne
Nas franjas do morro cheio de capim penteados pelo vento
Amigo era o cão do rabo em forma de ponto de interrogação
Era pequeno e enorme o império do menino míope sem saber
Capitão Aza na TV Tupi da casa de “seu“ Manoel Escrivão
Tarzan, Zorro, Batman, Fantasma, Tex,
Eletrizantes nas páginas dos gibis
E a estranha sorte de fazer gols e mais gols
Mesmo sem jogar tão bem quanto o resto da turma.
Todas as velhas marcas agora tatuagens
A primeira paixão-a primeira viagem-
A primeira queda ( e não foi em tatame)
Os 2 filhos mortos
Os amores morridos
A Poesia como Veneno
E Antídoto
Sem rima, métrica nem sentido
Somente o ruído do riacho atrás da casa
E a minha mãe gritando:
“Corre meu filho, corre que vai chover!