O que faz um Agente da Polícia Federal
Nino Bellieny 03/11/2016 23:47
Por Eduardo Maia Betini*
As principais funções de um Agente da Polícia Federal As atribuições legais do APF são executar investigações e atuar em operações policiais objetivando a prevenção e repressão de ilícitos penais, bem como desempenhar outras atividades de interesse do Órgão, atuando como Polícia Judiciária da União. Na prática, o cargo de agente é extremamente versátil, proporcionando uma enorme gama de possibilidades. Existem funções voltadas a questões um pouco mais administrativas, como as relacionadas à fiscalização e a outras atividades desenvolvidas, como polícia de fronteiras, a atuação nos aeroportos, emissão de passaportes e a Interpol-Organização Internacional de Polícia. Temos, ainda, o desafio da inteligência policial. Os agentes que direcionam suas carreiras para este setor trabalham com investigações, muitas delas de alta complexidade, que podem demandar técnicas e tecnologias de última geração. Há também setores mais operacionais, compostos por, entre outros, Delegacias de Investigação de Crimes contra o Patrimônio-DELEPAT, responsáveis pelas ocorrências envolvendo assaltos a bancos etc. e Delegacia de Repressão a Entorpecentes-DRE, que cuidam principalmente da repressão ao tráfico internacional de drogas. Por fim, as unidades responsáveis por operações especiais: Coordenação de Aviação Operacional -CAOP; Núcleo Especial de Polícia Marítima-NEPOM, Comando de Operações Táticas-COT e os Grupos de Pronta Intervenção-GPI. Alguns policiais, ainda, especializam-se no ensino e instrução, visando, sobretudo, ao aperfeiçoamento das carreiras que compõem o quadro da Polícia Federal, exercendo papel fundamental no âmbito da Academia Nacional de Polícia-ANP e no desenvolvimento das chamadas Ciências Policiais. Principais desafios O mais importante na carreira é o policial conseguir se especializar em uma atividade que proporcione a conjugação dos desafios profissionais e das expectativas pessoais. Costumo sempre dizer que aqueles que buscam o ingresso na carreira policial devem se perguntar: Estou buscando um trabalho ou um emprego? Se a resposta do candidato for simplesmente a busca de um emprego, o que tenho a dizer é que ele não deve persistir em ser um policial. Existem outras opções de empregos que são mais indicados, podendo melhor atender às expectativas dessa pessoa. Contudo, se o candidato descobre que o que está buscando é realmente o trabalho, que o serviço policial é que o faz "vibrar", digo que os desafios são muito mais fáceis de serem superados. A partir daí, manter-se informado, buscar a capacitação constante, o aprimoramento das técnicas e o desenvolvimento dos conhecimentos, habilidades e atitudes visando à excelência na segurança pública passam a figurar como consequência lógica dos desafios inerentes à construção de uma carreira sólida. O dia a dia  Talvez a característica mais interessante em algumas atividades desenvolvidas pelo agente de polícia federal seja justamente a ausência de uma rotina específica. Dependendo da área em que o policial se especialize, a adaptabilidade e a versatilidade são características fundamentais. Algumas vezes costumamos dizer que nossa rotina é "não termos rotina". Como estamos falando de uma profissão que alcança um espectro gigantesco de atribuições, o dia a dia de cada policial vai depender justamente da sua área de especialização entre as tantas possíveis na Polícia Federal. Noutro giro, pode o agente cumprir um expediente com horário convencional de início e final de jornada, em uma rotina rígida de atuação. A diferença vai depender do perfil de cada um e da área escolhida. Estresse É uma profissão estressante, sem dúvidas. O agente de polícia, dentro de toda a estrutura de segurança pública, está entre aqueles profissionais que se posicionam em situação mais vulnerável. E esta vulnerabilidade apresenta-se de duas maneiras distintas, mas que se relacionam entre si. Como atua no planejamento, na investigação e execução das operações policiais, o agente é, entre os demais integrantes da polícia federal, quem mais expõe sua vida ao risco, assim como sua carreira. São exatamente essas as duas maiores fontes de estresse. A primeira, inerente ao cargo e representada pelo risco de morte presente no desenvolvimento das atividades diárias afeitas à função, qual seja, atuar como "ponta de lança" nas operações policiais de combate à criminalidade e desenvolvimento de investigações sensíveis. A segunda representada pelo risco constante em responder administrativa e criminalmente por seus atos, como, por exemplo, as ações de abuso de autoridade, por vezes impetradas perante o Judiciário com o objetivo claro de frear e obstaculizar a atuação da polícia, seja por conta de interesses políticos ou ilegítimos. Convivemos com situações limítrofes, nas quais nossas vidas e a vida de outras pessoas dependem, muitas vezes, da nossa capacidade de tomar decisões rapidamente. Tarefa árdua a tomada destas decisões, no calor dos acontecimentos e diante de iminente risco à sua incolumidade física e a de terceiros, que nem sempre pode ser encaixada em um sistema que considera somente uma "fotografia" da situação complexa que se apresentou. Somos julgados por fragmentos de ações, destacadas do contexto, justamente pela dificuldade em representar a realidade das ruas nos processos. Este dilema produz no policial a sensação de estar caminhando no "fio da navalha", entre uma ação insuficiente e outra considerada abusiva. É o desafio do uso diferenciado da força em um órgão republicano em que a figura do policial cidadão é fundamental em sua estrutura organizacional.
*Betini é autor da obra "Lanterna Tática - Atividade Policial em Situações de Baixa Visibilidade", excelente para os profissionais da área de Segurança.
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