Rosinha tem razão: “Tem muita coisa para explodir”
Arnaldo Neto 20/11/2016 11:25
Ponto-final1 Ela tinha razão A prefeita de Campos, Rosinha Garotinho (PR), em entrevista à Rádio Gaúcha, no dia seguinte à prisão do seu marido e secretário de Governo, Anthony Garotinho (PR), profetizou: “Tem muita coisa para explodir”. E ela tinha razão. A cada dia fatos novos caem como bomba na Planície, principalmente os que envolvem o líder do grupo rosáceo. Como mostram as reportagens da edição deste domingo da Folha (aqui e aqui), Garotinho, político que já foi líder de projeção nacional e chegou a superar a casa de 15 milhões de votos quando disputou a presidência da República, é acusado de comandar Prefeitura, Câmara, o “escandaloso esquema” do Cheque Cidadão, rádio, jornal. Propina milionária E tem mais. O juiz Glaucenir Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral, denunciou que Garotinho e o filho Wladimir, teriam oferecido, por intermédio de terceiros, quantias milionárias a pessoas conhecidas pelo magistrado, com o objetivo de influenciar suas decisões. Wladimir liderou um pequeno movimento na porta da Polícia Federal, na última quinta-feira, em apoio ao pai, além de uma mensagem publicada no Facebook, e rechaçou o depoimento da radialista Elizabeth Gonçalves dos Santos, a Beth Megafone, no qual é mencionado. Em troca de decisões judiciais favoráveis aos investigados, o juiz teria recebido ofertas de R$ 1,5 milhão e R$ 5 milhões. Resposta à população Neste período no qual o Brasil tem acompanhado de perto os desdobramentos de investigações com políticos, eviscerados principalmente pela operação Lava Jato, fez diferença em Campos os pedidos de celeridade, em movimentos nas ruas e nas redes sociais, com relação ao “escandaloso esquema” da troca de Cheque Cidadão por votos. Nas decisões do juiz Glaucenir Oliveira, ele sempre destaca o clamor popular por uma resposta da Justiça, o mais rápido possível, sobre a suposta fraude no benefício social. Diploma inválido? Matéria publicada na edição de ontem do jornal O Globo põe em dúvida o diploma de Garotinho em Teologia. De acordo com o jornal, em um processo de 2014 do TRE, Garotinho afirmou ter feito a graduação na Fatun, no Rio. Nos autos, informou que o diploma foi expedido pela Faceten, em Roraima. Em publicação em seu blog, teria apresentado o diploma de uma terceira instituição do Rio. A defesa do ex-governador emitiu nota com declaração da Universidade Federal de Roraima informando sobre a validade do diploma da Faceten. Detentos com curso superior ficam em Bangu 8, mais confortável que outros presídios. Calamidade O Rio de Janeiro vive um de seus piores momentos. Com estado de calamidade pública reconhecido, a Alerj analisa um pacote de medidas severas, inclusive com aumento da contribuição previdenciária dos servidores. Enquanto isso, o Estado tem hoje dois ex-governadores presos. Garotinho, como já citado, no “escandaloso esquema” em Campos. Já Sérgio Cabral (PMDB), preso no dia seguinte na operação Calicute, é acusado de receber propina de empreiteiras que realizaram obras no Estado.   Políticos presos O Rio, aliás, teve, em menos de um mês, três políticos “de peso” presos. O primeiro, no dia 19 de outubro, foi Eduardo Cunha (PMDB), deputado federal cassado e ex-presidente da Câmara. Depois Garotinho, em 16 de novembro, e no dia seguinte Cabral. A prisão de Garotinho tem ampla repercussão no país. Cabral e Cunha, envolvidos na Lava Jato, tiveram repercussão internacional. Em algum momento da vida pública, já foram aliados. A calamidade, portanto, não é só econômica, é também na classe política. Ou melhor, a dos políticos parece ter sido a que levou à econômica. Em Campos Amanhã (21) é dia da segunda reunião de transição dos governos Rosinha para Rafael Diniz. O encontro estava marcado para última quinta, mas, devido aos recentes fatos, foi adiada. É difícil até que aconteça, já que a cidade está até sem prefeita — Rosinha está no Rio com o marido preso e internado. O município, porém, deve estar acima das questões pessoais. Os indicados por Rosinha e os indicados por Rafael devem se encontrar para discutir a real situação das finanças e contratos, entre outros assuntos. A transição é fundamental para o início da nova gestão.   Publicado na edição deste domingo (20) da Folha da Manhã. 

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