Lóssio exige de juiz embasamento que ela ignora
Arnaldo Neto 19/11/2016 14:10
Ponto-final1 Velha conhecida A ministra Luciana Lóssio, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é nome conhecido dos campistas e tem destaque na mídia nacional como quem atua de forma determinante em casos que envolvem petistas e aliados. Seu histórico com rosáceos é de decisões favoráveis, tanto que surpreendeu a muita gente a negativa do habeas corpus interposto pela defesa de Anthony Garotinho (PR) no dia em que ele foi preso como líder do “escandaloso esquema” da troca de Cheque Cidadão por votos. Ontem, foi dela liminar que tirou Garotinho de Bangu e determinou que ele voltasse para um hospital, até mesmo particular, caso pague. Além disso, enquanto a liminar não for apreciada pelo plenário do TSE, Garotinho fica em prisão domiciliar.   Ignorou embasamento da UPA Lóssio classificou de “temerária” a atitude do juiz de “proceder sem qualquer embasamento técnico-pericial” e que não caberia à autoridade judicial avaliar o quadro clínico do réu, com base apenas em informações que chegaram ao conhecimento dele. Só que, na mesma decisão, ela tem como base o relato dos médicos de Garotinho, sem considerar o laudo da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Complexo Penitenciário, emitido ontem, que não encontrou anormalidade nos exames e atesta ter plenas condições de oferecer uma assistência adequada ao interno Garotinho. Antes de Lóssio atender ao pedido da defesa do secretário de Governo de Campos, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) havia negado o habeas corpus ontem.   Poderio além da Prefeitura As investigações do “escandaloso esquema” começaram a apontar que muita gente já defendia há muito tempo: a influência do ex-governador não só na Prefeitura comandada pela sua esposa, mas em muitas áreas da política da planície. Apontado como líder do “escandaloso esquema” da troca de Cheque Cidadão por votos, ligações interceptadas no curso das investigações mostram que o poderio ia muito além dos limites do Cesec e do “puxadinho”.   “É de graça” Uma das conversas é de Garotinho com um homem identificado como Cleiton de Souza Rodrigues. Ele queria saber se o “produto do Dalcir é bom”. Pelo que dá para entender do diálogo, o “produto do Dalcir” é o material didático que a Prefeitura de Campos pagou sem necessidade, de qualidade questionada por profissionais da Educação. O secretário de Governo responde que subiu o Ideb de Campos, mas admite que deu muita polêmica. Pudera, o Governo Federal oferece ao município o material de forma gratuita, enquanto a oposição calcula que foram pagos mais de R$ 40 milhões. Manda em Edson Outra escuta mostra que foi Garotinho quem orientou o presidente da Câmara Edson Batista (PTB) a não assumir a Prefeitura quando Rosinha (PR) e Chicão (PR) foram cassados pela corte eleitoral no mês passado. Edson descumpriu a decisão do TRE enquanto Rosinha ganhou tempo para conseguir uma liminar no TSE. Garotinho além de “prefeito de fato de Campos”, como definiu o juiz Glaucenir Oliveira na decisão da sua prisão, parece que dava as cartas também na mesa da Câmara.   Lendo a Folha Edson só ficou sabendo que já podia ser empossado prefeito de Campos ao ler o site da Folha da Manhã, como informou por telefone a quem, em outra ligação interceptada durante as investigações, disse que determinava o que devia ser capa de outro jornal da cidade. Além de editar o conteúdo do impresso do grupo, ele tem voz ativa em outro veículo de comunicação.   E para fechar o dia... Quem pensava que não poderia ter mais nenhuma surpresa, se depara com a notícia daquelas feitas para fechar o dia: Lula quer prender o juiz federal Sérgio Moro. Ao assistir à prisão de tantos que já chamou de companheiro e que, como ele, apostavam na constante impunidade, ele quer “cortar o mal pela raiz”. Moro é o responsável pela Lava Jato em primeira instância e quem, certamente, tem inspirado a atuação de membros do Judiciário em todo país. Prova disso foi a atuação consistente da Justiça Eleitoral, Ministério Público Eleitoral e Polícia Federal no pleito deste ano — como pode ser acompanhada bem de perto em Campos.   Publicado na edição deste sábado (19) da Folha da Manhã. 

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