Sem impunidade
Christiano 20/10/2016 18:12

As instituições em Campos vêm funcionando de maneira exemplar, em especial na eleição municipal deste ano, sempre conturbadas quando a disputa é pela Prefeitura. O Judiciário, com destaque na figura dos juízes Eron Simas dos Santos e Ralph Machado Manhães Jr., o Ministério Público, na figura de todos os seus promotores, e a Polícia Federal, com destaque para o delegado Paulo Cassiano Jr., atuaram firmemente para garantir a lisura e equidade do pleito.

Práticas antigas de cooptação e compras de votos foram utilizadas e coibidas nas eleições. Os praticantes dos delitos não se atentaram que os tempos hoje, pós Lava Jato, são outros. Crimes são mais difíceis de ficarem impunes e mais fáceis de serem descobertos, não importa se sejam praticados por figurão, empresário, político ou todas as alternativas.

Com a tecnologia avançando, smartphones e redes sociais, a velha tática e prática política é rapidamente desmascarada e viralizada. A tática de compra de votos através de programas sociais é antiga em Campos. Em 2004 o uso do Cheque Cidadão, então estadual, pelo lado dos Garotinhos, e do Vale Alimentação, municipal, pelo lado de Arnaldo Vianna, tirou na reta final Paulo Feijó do 2º turno.

Em 2005 os dois lados seriam condenados em 1ª instância, gerando a cassação do então prefeito Carlos Alberto Campista, eleito com apoio de Arnaldo. Condenação essa que foi mantida até última instância para Campista, mas revertida no TRE por Garotinho em uma votação polêmica com direito a voto de minerva do presidente do TRE.

De lá para cá os tempos mudaram, bastante. Somente os 38 candidatos a vereador e seus líderes políticos parecem não ter percebido. Acrescentar 18.000 beneficiários ao Cheque Cidadão, que antes tinha somente 12.000, em período eleitoral, ignorando as assistentes sociais e os critérios de inclusão social, com distribuição do benefício de dia, de tarde e de noite em troca de votos é acreditar muito na impunidade. É achar que Campos é uma terra sem lei.

O trabalho sério e incansável do Judiciário, Ministério Público Eleitoral e Polícia Federal desmascarou o esquema e as consequências e punições agora estão surgindo. A prisão dos vereadores Ozéias e Miguelito, feitas ontem na operação "Chequinho", são apenas a ponta do iceberg.

Como mostrou ontem aqui o jornalista Arnaldo Neto em primeira mão, reproduzindo partes dos depoimentos, há muitos testemunhos e farta comprovação do esquema de compra de votos através do uso do Cheque Cidadão por parte dos presos, feita à luz do dia e da noite, com total destemor.

As defesas realizadas até agora pela Câmara Municipal, chefiada pela situação, da qual Ozéias e Miguelito fazem parte, e do ex-governador em seu blog não trazem nenhum argumento fático ou justificativa para rebater as gravíssimas acusações que geraram as prisões temporárias.

Elas tentam se agarrar em possíveis filigranas jurídicas ou teorias conspiratórias de perseguição política. As ações são assinadas por seis promotores do Ministério Público do Estado do Rio. O juiz Ralph Manhães já teve a infundada suspeição, alegada por Rosinha e a Prefeitura em ação, perdida por unanimidade pelo governo na 11ª Câmara Cível. O delegado Paulo Cassiano já fez operações contrárias a adversários do ex-governador e foi elogiado à época.

Como a Lava-Jato está mostrando muito bem, alegar perseguição política e ignorar que crimes praticados por poderosos ficarão impunes não é uma boa tática. PT e PMDB que o digam. Já foram presos figurões da estatura do senador Delcídio Amaral, do empresário Marcelo Odebrecht, dos ex-ministros Antônio Palocci e José Dirceu, entre outros. Ontem foi a vez de Eduardo Cunha, do PMDB. Do planalto à planície, a corrupção comprovada está sendo punida, doa a quem doer.

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    Christiano Abreu Barbosa

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