A Boa Poesia Sempre Diz Tudo
Nino Bellieny 21/09/2016 16:59
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ILUSÕES PERDIDAS*

Poema de  SERGIO VAZ Finja-se de morto, ainda que os ventos lhe soprem o frescor da vida. Pois há amigos à sua volta que mesmo absorto não toleram um corpo cheio de alegria e a saúde dos teus olhos que tem cloro até nas lágrimas filtra mágoas passadas e esta tua insustentável leveza pode deixar muita gente ferida.
Pareça mais fraco do que realmente é, nas savanas ou nos quintais porque para lutar com os búfalos as Hienas se tornam amigas dos Chacais os abutres voam ao seu redor enquanto os corvos se passam por pardais fingindo emprestar asas pra te salvar. E os vermes sem garras pra lutar sorriem ao teu lado como um unicórnio alado rastejam pelo chão procurando a fraqueza do teu calcanhar. Não exiba talento Nem cante antes da festa, tem parceiro que enquanto dança com os teus sapatos estão de olho no seu caminhar. A inveja -esse vão da alma- tem sede e é nesta taça que vão te brindar. Regue teu jardim sem exaltar a primavera tem amigas carregados de pétalas na cara mas o peito cheio de espinhos, e sem que percebas a Semente de hera gruda na tua pele e furta tuas flores espanta tuas borboletas e como erva daninha mistura-se ao teus amores e farta-se da tua colheita. Não despreze as pessoas que não sabem ler e as que não podem ter. O simples é um luxo que poucos podem ostentar e ser. Pois quando te furtarem a merenda há de sentir falta delas na escola. Porque há os camaradas inteligentes que escondem a faca entre os dentes que diplomados na calúnia uivam quando parecem miar e alfabetizados na cartilha do poder apagam tuas palavras reescreve tuas ideias até você não ter mais o que falar. Não conte teus sonhos para os colegas com os pés fincados na realidade. Aquilo que te ilumina, esse brilho da rua que surge quando você sua, pode levar a escuridão aos covardes e é um grande pesadelo, ter um satélite desses na órbita da tua lua. Sorria primeiro e só diga depois porque tem companheiro que fica triste quando o riso não da para os dois e se a felicidade bate à sua porta o escrúpulo dele pula a janela e a tristeza, ainda que morta, com falso abraço ele tempera e te serve no prato as sobras da pantera. Arrote derrota mesmo diante da vitória porque tem aliados que não sabem perder Nem ganhar e como um fantasma no vestiário assombra tua glória suja tua medalha justamente onde você o ensinou a jogar. Não creia em nada além das tuas orações porque diante dos teus joelhos tem irmãos que rogam perdão, pedem conselhos e bajulam teus milagres, mas como um Judas na face de Jesus, beijam tua face, enxugam tuas lágrimas murcham tua arruda e deixa mais pesada a tua cruz. Tem amigos que morrem vivos, são queimados enquanto te queimam, é a regra do adultério. Creme-os, mas não o enterre e não lhe dê as costas (eles sabem usar facas ). Jogue as cinzas longe do teu paraíso, saiba esperar, ter critério, o tempo é o senhor de todas as respostas esses cadáveres só te assombram se teu coração virar cemitério.   *Do livro "Flores de Alvenaria" Global Editora

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