Debate Político-Eleitoral em Itaperuna Entra Para a História
Nino Bellieny 19/09/2016 13:56
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Artigo de Sergio Araujo Nunes* Pela primeira vez na história política de Itaperuna, entidades civis e religiosas com apoio da imprensa local promoveram um debate eleitoral com a participação dos candidatos que concorrem à vaga de Prefeito.  Certamente isso já está causando grande influência nas eleições que se avizinham. Até aqui já tivemos dois casos  parecidos: uma sabatina, promovida pela FIRJAN e um debate verdadeiramente dito, pela Pastoral da Cidadania. Ambos transcorreram em alto nível e, embora a disputa eleitoral se trave entre quatro candidatos, apenas três vem marcando presença e estão aproveitando para expor à sociedade suas propostas de governo. O sucesso desses encontros vem obtendo grande repercussão na mídia local e na região, não só pelos temas abordados, como também pelas exposições dos candidatos que aproveitam para amealhar informações e conhecimento dos seus opositores. No debate, promovido pela Pastoral da Cidadania, o mediador foi o jornalista Nino Belliey do Blog BNB e participaram do evento como entrevistadores os também jornalistas Marcelo Nascimento da Revista Estilo Off e Adilson Ribeiro que transmitiu o evento ao vivo por sua TV on line, dentre outros veículos de comunicação da região. Nessa reta final de campanha, o debate vem à tona como um importante ingrediente que pode influenciar no resultado do pleito e é lamentável que um dos candidatos, cujo grupo alega estar bem posicionado nas pesquisas eleitorais, não tenha participado de nenhum dos dois eventos. Manifestações nas redes sociais dão conta de que os três candidatos presentes ao debate se desincumbiram satisfatoriamente dos seus encargos, responderam de forma clara e objetiva as perguntas formuladas pelos jornalistas, sob a coordenação do mediador que em nada deixou a dever aos âncoras das grandes redes de TV que coordenam esse tipo de evento a nível regional e nacional. A ausência de um dos candidatos, traz sérias consequências, posto que alguns eleitores já comentam que poderá haver aumento significativo no número de votos nulos e em branco, pela frustação de boa parte do eleitorado que gostaria de ver em discussão as propostas daquele que se intitulou ser o melhor colocado na única pesquisa realizada. Campanha deflagrada pelo Tribunal Superior Eleitoral com objetivo de descobrir os motivos pelos quais os jovens vêm perdendo o interesse pela participação eleitoral, pelo menos em Itaperuna, começa a ter algumas respostas à crescente falta da participação dos eleitores nessa que é a grande festa da cidadania. A conquista do movimento estudantil que incorporou na Carta Constitucional de 1988 o direito facultativo ao voto para os jovens aos 16 anos de idade, não pode ficar relegada a possíveis estratégias políticas equivocadas daqueles que fogem ao enfrentamento de suas propostas, na esperança de ver pregado em seus adversários a pecha de maus políticos. O eleitorado, especialmente os mais jovens, não mais admite esse tipo de comportamento de candidato que se arvora representá-los e, logo na primeira oportunidade, escapa ao embate com seus opositores que poderão desmascará-lo sobre possíveis propostas fantasiosas e ilusórias, cujo objetivo é a captação de votos a qualquer custo. Embora não tenham tido a oportunidade de debater a proposta do candidato faltoso, pelo menos um dos três que compareceu ao evento lançou lhe um desafio dizendo: “Reserve um tempo em sua agenda, marque dia e hora, de acordo com sua conveniência e venha colocar sua proposta para discutirmos a fim de que a população possa decidir conscientemente em quem votar”, fato que até agora não ocorreu. Os demais presentes também demonstraram insatisfação com a ausência daquele que se considerava liderar as intenções de votos, principalmente entre os jovens que saíram frustrados do evento, por não terem tido a oportunidade de ouvir as respostas do candidato faltoso. Pesquisas colhidas no site do TSE dão conta de que entre o fim da década de 1980 e o início da década de 90, estudantes e jovens, de um modo geral, demonstravam interesse na vida política nacional e desejo de se manifestar, por meio do voto, sobre os rumos do país, do estado e das cidades onde vivem. No entanto, essa vontade de participar da vida política tem diminuído significativamente. Essa diminuição do interesse do jovem pela política não pode ser encarada, como alguns equivocadamente querem pensar, ao atribuírem instabilidade ou difícil personalidade dos jovens. Muito pelo contrário, ela decorre principalmente do comportamento de muitos políticos que não medem esforços para obter a simpatia dos jovens e angariar seus votos a qualquer custo, o que não acredito seja o caso do candidato faltoso. Não podemos descartar a intrincada situação em que vivem os nossos jovens que não conseguem enxergar um futuro promissor, em meio a essa instabilidade causada, muitas vezes, por atitude daqueles que vêm corroendo os valores morais, éticos, políticos, econômicos e sociais, em sua desesperada busca pelos votos. Isso não ocorre somente com os jovens que tem dificuldade de acesso à educação, ocorre também com aqueles mais abastados, inclusive os que se dedicam aos estudos e se submetem aos concursos públicos em busca de estabilidade e independência profissional. Recente texto publicado na Folha de São Paulo, replicado do facebook do juiz goiano Eduardo Peres de Oliveira, traz uma bela reflexão sobre a frase atribuída ao ex Presidente Lula, segundo a qual “O político, por mais ladrão que seja, todo ano tem que enfrentar o povo, sair na rua e pedir voto. O funcionário não. Ele faz concurso e fica lá, com o cargo garantido, tranquilo”. Isso é um grande desrespeito às instituições! Será que ele disse isso mesmo? Revendo as frases dos famosos pensadores, lembrei-me daquela cunhada por Theodoro Rosevelt, que se contrapõe a atribuída ao ex-presidente: Um voto é como um rifle: sua utilidade depende do caráter de quem usa. Voltando à Itaperuna, espero, sinceramente, que essa eleição entre para história política do Município pelo excelente nível dos debates travados entre os candidatos e não pelos equívocos cometidos, por aqueles que se fazem desentendidos e aproveitam para disseminar entre os eleitores ilusões e promessas que sabem não poderão cumprir. Um tipo de ilusão que está sendo disseminada por determinado candidato a alguns eleitores desavisados é que ele vai extinguir com  a blitz policial e a apreensão de motos e veículos em situação irregular e dirigido por quem não tem habilitação. Isso não passa de uma falácia, posto que nem o Prefeito, nem os Vereadores tem competência para tal. Enfim, não se está aqui querendo incutir nas cabeças das pessoas que elas devem se posicionar politicamente, em favor de um ou de outro candidato. Temos consciência de que essa tarefa não é tão fácil assim, pois reconhecemos que vários fatores podem estar em jogo. O objetivo aqui é lembrar que temos uma obrigação com o futuro da nossa família e da cidade onde vivemos que é o de exercer o direito político constitucional de natureza cívica através do voto, obrigatório para os maiores de 18 anos, e facultativo para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e para os maiores de 16 e menores de 18 anos. Se o voto é secreto e os eleitores não mais estão presos aos cabrestos daqueles que acham que ainda os dominam, nada justifica a omissão em participar do processo eleitoral, votando no candidato que acredita ser capaz de governar seu país, seu estado e sua cidade. Como dizia Platão, “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. Portanto, cabe-nos esclarecer aos eleitores analfabetos que o voto facultativo é um direito constitucional, cujo exercício está ao seu alcance. Aos idosos, pela experiência que ao longo da vida conviveu com acertos e desacertos, alegrias e ilusões com classe política, muito pouco temos a acrescentar, a faculdade do voto também é um direito que acredito certamente irão exercer. A juventude que conquistou o direito facultativo ao voto e a quem dedico este texto, peço que reflita sobre o que disse Maquiavel: “A primeira impressão que se tem de um governante e da sua inteligência é dada pelos homens que o cercam”. Logo, se numa cidade como Itaperuna facilmente podemos identificar e conhecer as capacidades daqueles que cercam os candidatos na disputa eleitoral, já temos elementos suficientes para escolher aquele que elegeremos como nosso governante. O importante é votarmos conscientes de que escolheremos o melhor candidato para administrar a nossa cidade. Podemos até nos arrepender mais tarde, o que não podemos é nos omitir de participar da grande festa cívica e fazermos parte da história da nossa cidade! *Sergio Araujo Nunes, é autor do anteprojeto que deu origem à Lei Orgânica do Município de Itaperuna e do Livro Gestão Eleitoral nas Eleições Municipais.   Colabore também com o BNB. Não importa a sua coloração partidária ou escolha politica. Envie para [email protected]

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