A Terra das Águas Cantantes
Nino Bellieny 03/09/2016 14:52
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ -CRÔNICA DE SÁBADO- NinoBellieny Existem lugares aonde se vai e ao voltar deles, dá pena de tirar a terra dos calçados, pois ela traz lembranças imediatas da paz absorvida no chão pisado, no silêncio entrecortado pelo vento nas folhas das árvores, algumas centenárias, torres tocando as nuvens. O canto das esquadrilhas de pássaros em rasantes, o cuinchar dos macacos escondidos nas altas copas mata adentro e o mais perfeito dos sons da Natureza: o de água descendo das montanhas. Ela vem de todos quadrantes da propriedade, os riachos se entrecruzam, formando várzeas pantanosas cobertas de taboas e outras áreas úmidas, retendo e redistribuindo o líquido por debaixo da terra além do alcance dos olhos. Olhos que giram em 360º, esbugalhados com a linha contínua de montanhas azuis-douradas ao sol da tarde preguiçosa. Pupilas atentas nas pequenas flores, borboletas exibidas, formigas assanhadas, girinos enfileirados e peixes de prata. Árvores de todos os tipos e tamanhos prestam continência, soldados da Mata Atlântica preservada em 38 alqueires de um total de 50. O resto é pasto entremeado de mais algumas, porém, no quartel das poderosas, elas são intocáveis. Quem adquiriu a fazenda, fez exatamente por amar árvores, terra, liberdade, fauna e em suas visões do que virá, enxerga a preservação total em primeiro lugar. Acompanhamos durante três horas o novo dono do paraíso em uma de suas visitas e a mudança comportamental é visível. O moço é acelerado, cheio de energia e tem o toque de Midas em tudo o que fez e pretende fazer. Aos poucos, vai se acalmando, falando menos, andando mais. O ar puro, os pés nas trilhas são lenitivos. Agora já é outro, o sotaque muda, a conversa saiu da cidade e veio para o campo, se encorpa com a floresta e o ritmo diminui. O encarregado mostra a ele as novidades, os dois mergulham em outro mundo e ao final da caminhada sinalizada pelos quatro pontos cardeais, param no morro central de onde tudo se avista e desenham planos no ar, dá para ver a solidez do que pretendem. Quando o sol começa a viagem para o Japão, o moço pega o volante da caminhonete. É outra pessoa, sem perder o raciocínio veloz, mas a fala está desacelerada, o sorriso mais iluminado e há serenidade. A simbiose se completa outra vez. 0203040506070809010011001 004 005 006 007 009 0010 0011 0012 0013 0014 0015 0017 0018 002 003 Fotos: NB/SAL

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