?Papel de Ilsan será o de mãe?
27/08/2016 10:08

Alexandre Bastos, Aluysio Abreu Barbosa, Suzy Monteiro e Arnaldo Neto
Foto: Rodrigo Silveira

Candidato do PDT à Prefeitura de Campos, Caio Vianna, ainda acredita que, em algum momento, o seu pai, o ex-prefeito Arnaldo Vianna (PMDB), que é aliado de Geraldo Pudim (PMDB), estará ao seu lado. Sobre a sua mãe, a ex-vereadora Ilsan Vianna, diz que o papel dela em um eventual governo será de “mãe do prefeito”. Apostando que é possível vencer a eleição sem fazer ataques diretos, Caio diz que “Campos precisa ser pacificada”. Aos 27 anos, o mais jovem na disputa pela Prefeitura afirma que tem capacidade para governar. “Muitos experientes estão envolvidos na Lava Jato e outros experientes estão deixando postos de Saúde sem remédio. Eu tive a capacidade de gerir pessoas e montar a um grande arco de alianças”. Caio também deixou claro que vai elogiar os pontos positivos do atual governo. Sobre a possibilidade de estar ao lado de alguém da oposição no segundo turno, avisou que só caminha com quem evitar agressões no primeiro.

Folha da Manhã – Seu principal trunfo no início da caminhada era o apoio do seu pai, o ex-prefeito Arnaldo Vianna (PMDB), mas ele optou pelo apoio ao candidato Geraldo Pudim (PMDB) e afirmou que você precisava amadurecer, adquirir experiência, antes de pensar em disputar a Prefeitura de Campos. O seu principal trunfo se tornou uma pedra no caminho, neste início de jornada?
Caio Vianna – Sou candidato hoje muito pelo incentivo do meu pai. A minha carreira política teve início muito cedo. Aos 17 anos fui presidente da Juventude do PDT e coordenei uma campanha vitoriosa para a Câmara Federal do meu pai, que se tornou deputado federal. Em 2007, quando ele assumiu o mandato, ele me convidou para ser chefe de gabinete. Assessorei ele durante o período que era permitido por lei. Então, a minha trajetória com ele se inicia muito cedo. Trata-se de uma caminhada não só na parte política, como em projetos, ajudei em tudo o que pude. Agora, quando você fala em trunfo, gostaria de dizer que em nossa família temos um processo muito democrático, as pessoas têm opções. Ele agora, nesse momento, teve a opção de escolher outro caminho. Não vou ficar chateado, nem triste com ele por conta da opção. Agora, eu tenho, sim, esperança, porque eu acho que a esperança é a última coisa que tem que morrer dentro da gente. Tenho esperança de que no momento certo ele vai estar do meu lado, vai estar me apoiando e me dando suporte, porque ele sabe que nós temos a capacidade e a competência de um grupo para fazer mais por Campos. Até porque, Campos pode mais, Campos precisa avançar.

Folha – Você acha que esse momento chegará ainda no período eleitoral ou depois de eleito, se for o caso?
Caio – Eu acho que essa pergunta é mais adequada para o Arnaldo. A minha esperança vai estar aberta sempre. No momento que ele chegar estarei de braços abertos para receber o meu pai.

Folha – Mas quem colocou isso foi você, não foi Arnaldo.
Caio – Mas estou dizendo que, quando ele chegar, estarei de braços abertos para receber. Pode ser no período eleitoral ou depois.

Folha – Mas você não tem uma previsão disso.
Caio – Como posso ter uma previsão do que você tem que fazer. Depende de você, não de mim.

Folha – Mas foi você que disse.
Caio – Eu disse que tenho expectativa.

Folha – Criada com base em que?
Caio – Eu sou filho, ele é meu pai.

Folha – Nada além disso?
Caio – Nada além disso.

Folha – Vocês têm se falado, se falam? Pessoalmente, fora política.
Caio – Olha, vamos estabelecer uma coisa bacana. Eu sou candidato a prefeito. Tenho projetos para apresentar ao município. E estou aqui hoje como candidato a prefeito. A relação familiar tem que estar dentro de casa. Eu respeito e vou honrar sempre o nome do meu pai, e o nome da minha mãe, de toda a minha família. Um filho que desonra o seu pai, a sua mãe, a sua família, ele não merece o respeito de ninguém.

Folha – Sim, mas vamos combinar outra coisa. A pauta é determinada por quem faz pergunta, não por quem responde.
Caio – Sim

Folha – Apesar de não ter o apoio do seu pai, você herdou o apoio de muitas figuras que caminhavam com ele. Algumas emblemáticas, como o ex-vereador Marcos Bacellar (PDT) e Chocolate. Qual é o papel dessas peças na campanha e em um eventual governo?
Caio – Você falou o nome de quem?

Folha – Chocolate e Bacellar.
Caio – São pessoas que tiveram papéis importantes em campanhas do Arnaldo. O Bacellar é um ex-vereador, ex-presidente da Câmara de Campos, que teve um papel importantíssimo quando a Câmara precisava de uma identidade, de um defensor de um Legislativo forte, e ele representou esse defensor. Ele tem total capacidade para repetir isso. Campos precisa de um defensor no Legislativo como Bacellar. Se eu não acreditasse nisso ele não estaria ao meu lado.

Folha – Em entrevista à Folha o candidato Geraldo Pudim bateu no peito e mostrou seu adesivo com a foto ao lado de Arnaldo Vianna. Ele disse que outros não podem fazer isso. Citou Rafael e Sérgio Mendes, Chicão e Garotinho, você e a sua mãe, a ex-vereadora Ilsan Viana. Como você avalia essa declaração? E sobre a sua mãe, ela terá espaço em seu governo, caso seja eleito?
Caio – Ao dizer isso ele quer afirmar que Rafael Diniz esconde o Sérgio Mendes, que Chicão esconde Garotinho e que o Caio esconde a figura da Ilsan. Minha mãe não está dentro de um túnel subterrâneo. Minha mãe está na cidade, não tem ninguém escondendo Ilsan. E o papel da Ilsan em meu governo é o de mãe do prefeito. Papel de mãe do prefeito.

Folha – Na campanha de 2008, que você acompanhou de perto, o seu pai sofreu com muitos aliados que abandonaram o barco na reta final. Muitos nomes do PSB, que hoje está ao seu lado, fizeram esse movimento. Acha que pode ser vítima de “jogo duplo” na eleição deste ano? Como tem sido a relação com os aliados?
Caio – Viver é arriscado. Obviamente que na política a gente forma alianças que a gente acredita serem produtivas, tanto para o processo eleitoral como para a governabilidade no futuro, mas muitas vezes a gente se decepciona no meio do caminho. Mas hoje acredito que temos um grupo que pensa da mesma forma.

Folha – São quantos candidatos a vereador ao seu lado?
Caio – Cerca de 140.

Folha – Acha que pode ser um diferencial, já que é bem maior do que o número de candidatos a vereador entre todos os candidatos da oposição?
Caio – Sem dúvida alguma, é uma grande força na rua. Mas acredito que isso tem que estar atrelado a outras questões, outras ações. Estamos apresentando boas propostas para o município. São propostas para solucionar os problemas atuais da nossa cidade.

Folha – Na queda de braço com Garotinho a sua candidatura foi a que conseguiu impor a ele uma derrota na articulação política, quando você conseguiu segurar o PSB e o seu vice Gil Vianna. Como foi essa disputa? E como você avalia os papéis do deputado Hugo Leal e do articulador Wilson Sombra?
Caio – Essa queda de braço começou lá atrás. Primeiro disseram que eu não teria o PDT para ser candidato. Foram para a rádio dizer que eu não teria o partido.

Folha – Quem foi para a rádio?
Caio – O Garotinho foi para a rádio dizer que eu não teria o PDT para ser candidato. E estou aqui hoje como candidato a prefeito. Tentaram, de todas as formas, tirar também o PSB da nossa aliança. Mas temos muitos amigos. Porque na vida você pode colecionar amigos ou inimigos. Depende de como você se porta. Se você se portar de forma saudável, que é como a gente quer se portar durante esta campanha, sem agredir ninguém, respeitando todos os candidatos e entregando soluções à população, a gente coleciona amigos. E na minha caminhada eu colecionei amigos e esses amigos me ajudaram nesse momento. Nós conseguimos através do PSB nacional reverter o quadro que foi imposto pelo PSB estadual. E depois houve um consenso das cúpulas estadual e nacional. E hoje o Hugo Leal entende que o PSB na chapa de Caio Vianna é o melhor para Campos.

Folha – E qual foi o papel do Sombra nessa articulação?
Caio – O Sombra é um amigo, como esses que citei.

Folha – Como você analisa a possibilidade de Garotinho ter agido nessa disputa pelo PSB com o objetivo de contaminar a sua chapa, por conta das duas convenções que ocorreram, visando anular os seus votos e conseguir uma vitória governista, no tapetão, no primeiro turno?
Caio – Isso é impossível. Não tem pegada jurídica para isso. Na verdade, todo o processo que eles fizeram é nulo. Toda a intervenção foi nula. O processo não existe, já que a estadual não tinha competência para anular a convenção municipal.

Folha – E com o PT, o que você achou do resultado final? Você acabou ficando com o apoio pessoal dos candidatos a vereador, mas não ficou com o tempo de TV na majoritária, que foi distribuído entre todos os candidatos.
Caio – Quando montei este arco de alianças a gente discutiu ideias para Campos. E os partidos que hoje compõem este arco de alianças, eles entenderam qual era a proposta para a gente disputar a eleição. E eles quiseram estar junto do Caio. Todos eles ficaram livres para decidir. Com o PT, no caso, ele optou por não estar na majoritária. É uma opção partidária.

Folha – Mas você manteve o acordo na disputa pela Câmara, o PT ao lado do PMN e do PEN. Essa atitude, inclusive, foi elogiada por petistas de Campos, já que você poderia cancelar essa aliança.
Caio – Sempre fiz política pautada na verdade. Acredito no que as pessoas me falam. E para que eu possa ter credibilidade neste processo, eu tenho que manter a minha palavra. Estou esperando que outros desdobramentos aconteçam.

Folha – Em relação ao PT? Quais seriam?
Caio – Sim. Ainda podemos ter o PT na majoritária, para que a gente tenha o acréscimo no tempo de TV e para que eles tenham uma eleição saudável na proporcional.

Folha – Acredita que isso pode ocorrer mesmo após o início da campanha na TV?
Caio – Sim, o tempo pode entrar durante o processo.

Folha – Analisando as duas últimas pesquisas do instituto Pro4, uma feita entre 8 e 10 de junho e outra em 6 de agosto, você foi o único que caiu no percentual de intenção de votos na estimulada. De 15,2% para 13,7%, margem de erro de 3,9 pontos percentuais para mais ou para menos. Aparentemente você perdeu sem herdar, em agosto, nada dos 5,6% de João Peixoto e dos 3,4% de Gil, quando ainda eram pré-candidatos, em junho. Isso é um declínio?
Caio – Como você bem coloca, a margem de erro é de 3,9 pontos. Então essa variação de junho para agosto está dentro da margem de erro.

Folha – Sim, mas você foi o único que teve queda.
Caio – Dentro da margem de erro, não podemos considerar essa oscilação. É exatamente para isso que existe a margem de erro. E de fato, com todo o turbilhão que a nossa candidatura sofreu, com mudanças de apoiamentos, e ainda com a tentativa de tirar o PSB da gente, já que a pesquisa ocorreu no dia 6 e no dia 5 houve todo o transtorno do PSB, nós mantivemos a nossa posição. E não caímos, mesmo perdendo apoio e passando por esse turbilhão. O que mostra que nós temos uma candidatura sólida. Nós temos um projeto para Campos. O povo entendeu que Caio Vianna representa essa renovação.

Folha – E o fato de não ter herdado as intenções de Gil e Peixoto?
Caio – Os eleitores do João Peixoto e do Gil Vianna ainda estão tomando conhecimento sobre essa aliança. Nem todos sabem que eles estão com Caio Vianna. Vão saber no decorrer da campanha. A campanha é isso, saber se colocar. Eu, por exemplo, tenho o maior nível de desconhecimento entre todos os candidatos. Na campanha é que vamos poder nos apresentar, mostrar nossas propostas.

Folha – Você tem sua vida em Campos, mas também passou um tempo fora de Campos. Você acredita que conhece o município muito bem para administrá-lo, tendo em vista a grande extensão territorial?
Caio – Eu conheço o município de Campos muito bem. Todas as campanhas que participei e coordenei, a gente sempre teve um contato muito próximo, para conhecer as demandas. Inclusive, é o que estamos propondo nessa eleição. Na pré-campanha, lá atrás, a gente criou o movimento converse com o PDT, para que a população conversasse com o partido. E assim foi criada a nossa plataforma de governo, sempre olhando por cada bairro. A gente andou muito. Conhecer onde fica o bairro X, bairro Y e bairro Z é muito simples, basta abrir um mapa e estudar a geografia do município. Agora, você conhecer o bairro e as pessoas é que faz um bom prefeito. Para isso tem que ir e conversar com as pessoas de Custodópolis, Santa Rosa, Eldorado, Morro do Coco, Farol de São Thomé, de Tocos. Você precisa conversar.

Folha – Em suas declarações na pré-campanha você tem adotado um estilo mais brando, sem polemizar. É uma característica sua ou estratégia para evitar confrontos?
Caio – Desde os 14 anos eu desenvolvo sistemas da informação. E isso me ensinou muito. Para construir grandes sistemas da informação é preciso trabalhar em grupo, com muitas pessoas que pensam diferente. Então, se você entrar em um processo de discordância muito grande, você não consegue implementar nada. Neste momento a cidade de Campos quer ser pacificada. Não cabe a mim, que quero ver a minha cidade, que tenho um amor imenso, progredir e prosperar, ficar entrando em debates e minúcias com outros candidatos. Até porque, eu conheço todos os candidatos e respeito todos eles. Eu quero debater projetos. Sinto falta disso. Sinto falta de debater sobre o que vamos fazer para a questão da Saúde, que na época do nosso governo do PDT, porque o governo teve um prefeito, que era Arnaldo Vianna, mas ninguém governa sozinho, governa com grupo. E na época do governo do PDT, nós saímos com aprovação de 89%, tínhamos um orçamento de R$ 600 milhões para governar o município todo. E hoje só a Saúde tem mais orçamento do que a gente tinha para governar o município todo. O problema não é dinheiro, o problema não está na crise financeira. O problema é gestão.

Folha – Os candidatos Geraldo Pudim (PMDB) e Nildo Cardoso (DEM) passaram por aqui e citaram a falta de experiência dos mais jovens para administrar a cidade. O candidato Chicão ainda não foi entrevistado, mas também cita isso. Como você analisa esse tipo de questionamento dos candidatos de outra geração?
Caio – Olha, é preciso definir o qual é o tipo de experiência que querem que o Caio Vianna tenha. Se é uma experiência política, de gestão de pessoas, porque isso a gente vem mostrando ao longo do tempo. Acredito que se não tivesse capacidade de gerir pessoas, que é a função principal de um prefeito, motivar e gerir pessoas, colocar as pessoas certas nos lugares certos, a gente não teria estabelecido este imenso arco de alianças que nós temos. Eu não quero ter experiência que alguns, que se julgam experientes, têm. Muitos experientes estão aí envolvidos na Lava Jato, outros experientes estão deixando os postos de saúde sem remédios. Essa experiência o Caio Vianna não quer.

Folha – A Prefeitura de Campos contraiu três empréstimos dando como garantia os royalties do petróleo, a chamada “venda do futuro”. Como você avalia a necessidade de empréstimos mesmo após recordes de arrecadação. Se eleito, você acha que o município precisa de novos empréstimos?
Caio – Em primeiro lugar é preciso avaliar o que está sendo feito com esse dinheiro adquirido através do empréstimo. Como está sendo implementado, como está sendo empregado esse valor. Bom, se de fato está tendo retorno para a população, tem que ser pago. Mas se estiver sendo utilizado para outras ações, aí nós precisamos averiguar. Precisamos fazer uma auditoria para entender o que foi feito. O que não pode é adquirir três empréstimos e não dar satisfação.

Folha – Cogita a possibilidade de não arcar com as parcelas, caso seja eleito?
Caio – Uma coisa muito importante na vida e a gente tem que analisar muito bem o passado das pessoas, é a gente jamais ficar devendo algo a alguém. Não gostaria de ver a minha cidade devendo. Mas nós precisamos entender se o dinheiro foi bem aplicado. Se não foi aplicado de forma adequada, vamos analisar. Quem não pode pagar é o povo.

Folha – Pensa em responsabilizar os atuais gestores?
Caio – Se não foi aplicado de forma adequada, como estava previsto, a responsabilidade é de quem utilizou o dinheiro do empréstimo erroneamente.

Folha – Em recente declaração, em outro veículo de imprensa da cidade, você afirmou que não lê os jornais impressos da cidade e seria seletivo com o que vê na internet. O que determina essa seletividade? E com relação aos jornais, você não acredita que um candidato deve estar ciente do que é publicado nos veículos impressos da cidade?
Caio – Frequento a Folha desde pequeno e quero mostrar uma coisa. As pessoas costumam deturpar as coisas. Eu não leio jornal impresso. Nós estamos fazendo parte de uma quarta revolução industrial, estamos inseridos no mundo da tecnologia. Se eu posso ter o acesso aqui (mostra o smartphone com o aplicativo que permite a leitura da Folha) no meu celular, se posso estar em qualquer ambiente lendo a notícia, eu não preciso ter o papel. Vocês fazem um grande trabalho com o aplicativo da Folha da Manhã. Ainda posso recortar, compartilhar. É isso que temos que implementar em todo o município de Campos. O poder público precisa trabalhar com tecnologia da informação. Isso precisa estar inserido na vida das pessoas. Ela vem pra facilitar.

Folha – Os candidatos Geraldo Pudim (PMDB), Rogério Matoso (PPL), Nildo Cardoso (DEM) e Rafael Diniz (PPS) afirmaram que o município passa por sério problema econômico. Como você vê a situação financeira de Campos? A cidade está quebrada?
Caio – Não vejo falta de dinheiro, mas problema de gestão. Mesmo com toda a retração por conta da arrecadação, tendo também os empréstimos, o governo ficou com um orçamento bem próximo do que era arrecadado antes da crise. Então eu não acho que dinheiro seja o problema para Campos não evoluir, o problema é gestão. São prioridades, é saber o que a população precisa. Asfalto e calçamento é importante, mas Saúde é mais importante. Não deixar faltar remédios é mais importante. A prioridade tem que ser do povo, não do gestor. Mas é importante destacar que não temos que ficar apenas criticando para poder se destacar. A gente não pode governar com gosto de sangue na boca, nem olhando pelo retrovisor. Esse governo teve avanços também. A passagem a R$ 1,00 tem que ser mantida, tem que ser aprimorada. O vale alimentação, que foi criado no governo do PDT, que depois se transformou em cheque cidadão, é um projeto importantíssimo, agora precisa ser aprimorado também. Precisamos de uma fiscalização para que as pessoas que, de fato, necessitam dessa assistência, estejam recebendo.

Folha – Acha que na oposição pode ter alguém fazendo “jogo duplo”?
Caio – Eu quero fazer uma campanha muito propositiva. Não vou entrar em nada que possa gerar um divisionismo na oposição. Isso só favorece um grupo político. Eu entendo que é preciso olhar para frente. Cada um tem que tomar conta das suas ações, das suas escolhas. A minha escolha é defender os direitos da população de Campos.

Folha – Voltando um pouco a questão da auditoria. O candidato Geraldo Pudim chegou a falar em entrar na Prefeitura com a Polícia Federal, Ministério Público Federal, Tribunal de Contas. Você acha necessário isso tudo?
Caio – O que precisamos é acabar com esse clima de guerrilha. Antes, esse candidato pintava Garotinho como Deus e Arnaldo como demônio. Hoje já inverteu tudo. Amanhã ele vai pintar o povo de Campos como?

Folha – Pudim, Nildo, Rogério e Rafael falaram que a indicação política para administração de posto de Saúde e direção de escola acaba quando um deles, por ventura, tomar posse. A indicação seria técnica para posto de saúde e eleição para diretor. Você subscreve esse compromisso que parece coletivo da oposição?
Caio – Perante a minha experiência dentro da tecnologia da informação, dentro da produção de sistemas, a gente entende que ter um ambiente participativo é muito proveitoso. Eu decidi, quando a agente iniciou o processo de formação de coligação, lançar o nome “você governa”. Porque eu entendi que a população está ansiosa por participar, está pronta para governar, junto com o governante. Então, quando a gente entre nesses tópicos, nesses ambientes, eu acho que a gente tem que trazer o magistério para essa discussão, a sociedade para essa discussão, e decidir junto com eles qual o melhor opção para o futuro da Educação e da Saúde do nosso município. Por exemplo: eu entendo que nós temos que voltar com o PSF, o Programa Saúde da Família, que hoje se chama Emergência em Casa. Era um programa que desafogava os hospitais, fazendo uma assistência em casa, uma saúde preventiva, importantíssima. Teve uma grande importância no governo do PDT. Entendo que a gente precisa fazer uma integração da saúde. Por exemplo, com o uso de tecnologia da informação, a gente pode resolver mais um problema da saúde, que é a falta de remédios. Não tem cabimento faltar remédio nos postos de saúde. Com uso de softwares capazes de identificar os medicamentos mais utilizados e montar um bom sistema para que entenda quando aquele medicamento x, y, z estiver acabando, você possa fazer aquela compra. Acredito também, que nós podemos resolver outro problema de novo com a tecnologia da informação, que é você informatizar os prontuários. Os prontuários, da forma que são feitos hoje, você perde muito tempo para atender um paciente, enquanto poderia estar ganhando tempo. E se aquele paciente, daqui a pouco, vai para outro hospital, aquele médico não tem aquelas informações. Isso precisa começar a funcionar. É preciso ter de fato o agendamento eletrônico, por meio de celulares e por meio de terminais para quem não tem smartphone, para que as pessoas não precisem ficar horas e horas nas filas de hospitais. Você imagina: você está ali no ônibus, indo para seu trabalho, e podendo marcar sua consulta. A gente tem isso hoje, esta é a quarta revolução industrial. A gente tem condição de entregar isso hoje para a população. Quando você fala de experiência, inclusive, existem grandes cases. Mark Zuckerberg começou muito cedo, parou os seus estudos para empreender e mudar o mundo. Levando o quê? A condição da gente se comunicar mesmo a distância com o Facebook. O Steve Jobs fez a mesma coisa. Se a gente tem smartphone, a gente que agradecer a ele. O Bill Gates fez a mesma coisa. E aí você pode ir embora em cases de sucesso e de empresas hoje que são as mais valiosas do mundo.

Folha – Se bem que para cada case de sucesso, tem uns mil que não deram certo.
Caio – A questão da experiência é muito relativa. Com a tecnologia da informação, podemos entregar mais para população. E estou falando só na área da Saúde, mas nós temos diversas outras áreas. Nós temos também que resolver problemas básicos, que não são abordados. Eu tive há pouco tempo na Codin, tem lá um posto de saúde fechado, uma escola que não termina a obra. E as escolas hoje que funcionam, elas estão de fato dando condição da criança prestar atenção na aula? A criança está bem alimentada? A sala de aula está bem climatizada? Por exemplo, se aqui estiver um calor danado, eu estaria impaciente, doido para ir embora. A criança também. Daqui a pouco ela vai pegar uma bolinha de papel, vai jogar no professor, no coleguinha, porque ela está incomodada. Aí o professor não atende direito. São coisas básicas que as pessoas não comentam, mas que está na realidade. E esses detalhes influenciam muito, inclusive na capacidade de aprendizado para que você possa melhorar inclusive o Ideb. Com coisas, inclusive, que não custam muito. Custa atenção. Custa um prefeito que vá até esses locais.

Folha – Você foi para parte propositiva, mas a pergunta sobre a despolitização, não respondeu. Você disse que vai conversar com o magistério e com a sociedade. Ainda não tem resolvido isso ainda?
Caio – É o que eu disse: você começar a elaborar soluções dentro de um gabinete, sem conversar com a classe, qualquer que seja a classe, isso é perigoso.

Folha – Você acha que o magistério pode ser contra alguma coisa com relação à eleição direta para direção de escola?
Caio – Acho que a gente tem de ouvir o magistério, ouvir a sociedade, ouvir os pais dos alunos. Tem que ouvir as pessoas para que a gente identifique se isso de fato vai mudar. Senão, a gente toma a posição e será a mais inteligente a ser tomada?

Folha – É um pleito antigo da categoria. Em todo movimento de greve esse pleito, da eleição direta, está.
Caio – É muito interessante. Acho que nós temos de debatê-lo. Mas a gente não pode ser leviano de dizer que isso vai solucionar o problema antes de conversar. Tem soluções que você pode apresentar antes mesmo de estar dentro da Prefeitura de Campos. Outras coisas que é, por ventura, mais satisfatório a gente estar lá dentro primeiro, conversando com as pessoas para tomar a decisão.

Folha – Você citou que deve se evitar a divisão da oposição. Até agora, só entrevistamos candidatos reconhecidos, a priori, da oposição. Com exceção de Rogério, que saiu pela tangente, dizendo que ele vai estar no segundo turno e receberá apoio, todos — Pudim, Nildo e Rafael — foram veementes em dizer que serão oposição no segundo turno, independente de estarem lá ou não. E você?
Caio – O mundo é dinâmico. O que eu quero dizer com isso? A gente tem de se respeitar. As pessoas estão cansadas de guerra, de briga. Se eu hoje te desrespeitar, talvez amanhã você não me receba tão bem como está me recebendo hoje. As coisas vão ser pautadas ao longo da eleição de acordo com como as pessoas se portarem. Eu vou atender a população de Campos. Eu não estou disposto a atender a um político ou a outro político. Quero atender a população de Campos. Se esse político que chegar no segundo turno não for eu, for outro da oposição que apresentar o que eu acredito, vou estar apoiando. Mas eu tenho certeza que nós vamos chegar ao segundo turno e que nós vamos ganhar a eleição.

Folha – Você condiciona seu apoio a um casamento de propostas?
Caio – A um casamento de ideais, de pensamentos. Eu não estou agredindo você. Mas se você começa a me agredir, e se eu não concordo em lhe agredir, como é que você pode querer num segundo momento querer que eu esteja ao seu lado?

Folha – Você acha que já estão havendo agressões?
Caio – Eu acho que já estão havendo há muito tempo.

Folha – Poderia exemplificar algum caso ou não vai querer?
Caio – Não. São coisas que são mais legais quando fica desse jeito. As pessoas pensam até mais, vão querer descobrir.

Folha – Gostaria de acrescentar mais alguma coisa?
Caio – Como venho dizendo, Campos pode muito mais. Campos precisa avançar, quer voltar a sorrir. E a gente tem, ao longo dessa caminhada, encontrado esse sentimento de renovação. As pessoas querem mudar a realidade. Querem e sabem que podem. Isso é o mais importante. Quando a população entende que o poder dela é muito grande, ela faz acontecer. Às vezes as pessoas acham que um candidato mudou o panorama político. Quem muda todo panorama político é a população. Quando ela se une, ela mostra o poder que tem de transformar uma cidade, de transformar um pensamento político, inclusive, de aposentar uma classe política que está com o prazo de validade vencido.

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