?Sempre fui contra o governo?
24/08/2016 10:08
Arnaldo Neto, Suzy Monteiro, Alexandre Bastos e Aluysio Abreu Barbosa

Foto: Rodrigo Silveira

Candidato a prefeito de Campos pelo PPL, Rogério Matoso parece ter assumido a condição de franco atirador, seja ao falar sobre os outros quatro da oposição, como para criticar o governo. Em último lugar nas pesquisas eleitorais divulgadas até agora, Matoso diz ser o único que sempre esteve na oposição ao grupo político de Anthony Garotinho (PR) e classifica de difamação os comentários sobre ter uma candidatura auxiliar a do governo pelo fato de ser amigo de Wladimir — da mesma forma que foi a candidatura de Paulo Feijó (PR) em 2008 em apoio a Rosinha (PR). Com uma candidata de esquerda como vice, critica a relação do PT com os rosáceos no município. Sobre a administração, aponta a existência de um “rombo” e a necessidade de auditoria nas contas. Questionado se, caso não chegue ao segundo turno, vai apoiar uma candidatura de oposição, se esquivou: “A única hipótese é Rogério Matoso no segundo turno”.

Folha da Manhã – Você não concorreu à reeleição como vereador em 2012 porque se lançou vice na chapa com Arnaldo Vianna (PMDB), que concorria sub judice. Por que tomou aquela decisão, mesmo sabendo da impossibilidade de Arnaldo assumir, barrado pela ficha suja?
Rogério Matoso – Eu acreditava que seria a única aliança viável para fazer uma nova Campos, justamente porque eu tinha certeza absoluta que esse governo que está aqui hoje ia quebrar a cidade. Sobre Arnaldo, de certa maneira, eu acreditava que podia estar com as contas dele resolvidas, sem pendências judiciais. E se estivesse, nós seríamos uma viabilidade de resgate da nossa cidade naquele momento.

Folha – Na Câmara não seria possível? Teria de ser com cargo no Executivo?
Rogério – Eu fiz uma grande contribuição em meu mandato na Câmara. Consegui lutar muito e convencer o então prefeito (Nelson Nahim, que assumiu interinamente em 2010) a homologar o PSF, que era a atenção básica, que hoje faz muita falta. Além de sermos oposição a esse governo, nós também propomos muita coisa. A gente discutia sustentabilidade naquela época. Eu fiz uma contribuição bem sólida no meu mandato. Fiz projeto de lei para energia solar, calha para reaproveitamento de água de chuva, fiz projeto de lei para dar desconto em IPTU verde. Eu já tinha contribuído. Nós precisávamos mostrar à população que o governo, que naquela época estava numa ascendência, tinha falhas no modelo dele que hoje todo mundo está vendo. Nós estamos vendo aí pessoas que são oposição hoje, mas antes era base do governo. E eu já enxergava isso. Por isso que eu lutei naquele momento pela questão do Executivo, porque sabia que a cidade ia chegar nesse caos que está aqui hoje.

Folha – Você nunca escondeu a amizade com o ex-presidente do PR em Campos, Wladimir Garotinho. Talvez por isso, há quem aponte a sua candidatura como uma linha auxiliar, como Paulo Feijó fez em 2008. Como você avalia esse tipo de especulação?
Rogério – Quem fala dessas questões, não analisa minha conduta. Eu sou oposição a esse governo desde quando eles estavam bem e muitos, hoje oposicionistas, estavam na base do governo. Eu pré-candidato, e estava pleiteando a vaga em outro partido no final do ano, o próprio governo cooptou, de alguma maneira, esse partido. Não sei qual foi, mas me tiraram de lá. Contra fato não há argumento. O que fico pensando é o seguinte: pessoas se dizem diferentes e, muitas vezes, estão usando a mesma política antiga de difamação, de falar isso para os outros, quando a minha conduta mostra uma coisa completamente diferente. Contra fato não há argumento. Estou aqui falando que deixei de ser candidato a vereador, justamente por estar combatendo, não eles como CPF, mas como políticos da nossa cidade, que precisa mudar. E eu, de todos os candidatos que estão aí, sou o único, sem exceção, que nunca fez campanhas pra eles. Os outros, todos os candidatos, todos eles, sem exceção, ou a família deles fizeram campanha para Garotinho, pra algum ente de Garotinho, ou fizeram de alguma maneira parte disso. Eu nunca fiz campanha para eles, independente da minha amizade. Você pode convocar os cinco outros, que eles em algum momento já fizeram campanha para esse cara. Rogério Matoso não.

Folha – Em seu discurso na convenção você diz que não teve pai nem avô no comando da Prefeitura. No entanto, teve sua mãe no comando de uma importante pasta no governo Mocaiber (Assistência Social). Este fato enfraquece o discurso de independência?
Rogério – Minha mãe nunca foi de política eleitoral e ela não está na lista negra do Tribunal de Contas. Isso revela que ela foi uma boa gestora. E por onde ela passou, ela construiu boas coisas. Quando esteve à frente do DAO (Departamento de Odontologia), você pode perguntar a vários dentistas, foi o momento que a cidade mais sorriu. Ela conseguiu colocar ortodontia fixa, aumentou os postos de odontologia. Na Promoção Social, conseguiu colocar um ônibus para funcionar com biodisel de óleo de cozinha saturado. E como eu falei, ela não está na lista do Tribunal de Contas, mesmo não querendo ser nunca política. Aliás, minha família mesmo sem ser política, meu avô, e minha família toda, doou terrenos como Constantino Fernandes, para fazer a escola estadual lá; o Anna Sales, o posto de saúde; a própria Escola Agrícola, foi uma iniciativa do meu avô, que foi um dos fundadores, como foi da Cooperleite. Eles nunca fizeram parte da política eleitoral, mas ajudaram e contribuíram muito para a cidade.

Folha – Esta campanha é uma campanha curta.
Rogério – Não tão curta. O tempo necessário para a gente mostrar para população, que hoje quando é entrevistada, de 10 entrevistados, oito não definiram seus prefeitos. Tempo necessário e a gente está na rua todos os dias e a adesão tem sido enorme.

Folha – Você é conhecido, mas tem uma vice (Gabriella Mariano, PC do B) que não é tão conhecida. Acredita que isso possa atrapalhar?
Rogério – A gente tem que fazer tudo na democracia. O PC do B contribuiu muito, nós temos lá a candidatura qwa vereadora da professora Odete. É uma moça que fez parte da coordenação dela. É mulher que representa várias mulheres. Nós temos que ter também esse equilíbrio, porque a sensibilidade da mulher pode contribuir muito. E hoje, no nosso plano de governo, a gente já coloca a extensão do horário da creche, para muitas mulheres que tem de sair mais cedo, ou chegar mais tarde, e precisa que a criança dela esteja numa creche confortável, dando educação. A Gabi hoje representa isso tudo. E representa também, essa parcela da juventude que quer participar da vida e das decisões da nossa cidade. O que falta nesse governo é ouvir um pouco mais as mulheres, os jovens e a população de maneira geral. E a nossa chapa, ela contribui e contempla tudo isso.

Folha – Falta ouvir as mulheres, mesmo que esteja uma no comando da Prefeitura?
Rogério – Bom, mas quem comanda a prefeita lá, muitas vezes, é o Garotinho. Nós aqui temos uma democracia nas nossas decisões. A gente vê, pela cidade toda, que tem reclamações com creche, em relação do horário, e isso não teve sensibilidade; nós temos que ter uma sensibilidade muito grande com essa questão do transporte também, e isso é relacionado com as mulheres. Hoje nós temos possibilidade de fazer um hospital para mulher, uma referência para mulher. Veja bem: a gente tem uma prefeita que é mulher, mas uma mulher para fazer um exame de mamografia, leva-se três meses. É uma das doenças que tem mais publicidade no país e mesmo assim, com tanto recurso, a gente leva tanto tempo. Nós temos que ter uma mulher para tomar conta dessas mulheres que estão lá, muitas vezes ansiosas para fazer um exame como mamografia; muitas vezes estão precisando desses horários das creches, extensivos. A Gabriella chega, justamente, para contemplar essas mulheres esquecidas por esse governo. Não só as mulheres, mas as crianças, os homens, os jovens, tudo isso.

Folha – Sem um candidato do PT a prefeito e tendo como vice uma universitária do PC do B, a Gabriella, você espera herdar parte dos 15 mil votos que a esquerda ainda tem em Campos, apesar do seu franco declínio no Brasil e na América do Sul?
Rogério – Nós estamos tendo a adesão de todas as classes, de todas as questões partidárias. Eu vejo a nossa eleição como uma surpresa para muitos eleitores, que muitas vezes a própria mídia não me colocava no jogo. Mas nós lutamos até agora e homologamos a nossa candidatura. Eu vejo, sim, uma lacuna muito grande. Porque não basta só renovar, nós temos que ter experiência e identidade com a cidade. Eu vejo isso não só na esquerda, como o pessoal de centro, de direita também. Nós estamos conclamando todos eles porque nós tramitamos em vários segmentos, em várias áreas. Eu sou empreendedor. Consigo dar emprego dentro da cidade, sei as dificuldades que a cidade está passando na questão da economia. Então, isso tudo está sendo conclamado na nossa eleição. Estamos pegando uma lacuna muita grande em todas as áreas, que eu não vejo identidade muito grande dos outros candidatos.

Folha – Você chegou a participar do movimento que pediu o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). E hoje tem como principal aliado o PC do B, parceiro tradicional dos petistas, pelos quais chegou a ser sabatinado em Campos, na esperança de ter o apoio do partido. Não é uma contradição? Por quê?
Rogério – Nós estamos focando exatamente na nossa cidade que precisa muita coisa acontecer, tanto na área da Saúde, da Educação, do Transporte, do Meio Ambiente. Agora, as questões de cunho nacional, eu quero, como aqui em Campos, transparência. Se alguém errou, que pague pelo erro. Que se apure. Não mudo minha conduta por conta disso. Aqui em Campos, se nós tivermos pessoas que, em algum momento, estão no grupo, mas que tenham erro, que eles paguem. Que a gente consiga manter uma linha de entendimento e de cobrança real. Eu quero o melhor para o meu país, para a minha cidade. E nisso a gente não pode ter a visão abstrata partidária. Quem faz o partido são os homens. E como tem os homens, aqui nós temos bons quadros no PC do B, que a polução identifica – como a professora Odete, entre outros. É uma coisa muito maior que partidária, é uma coisa do ser humano, do elemento homem que está conduzindo essa coisa com a gente, partidariamente.

Folha – E o melhor para o país é o afastamento da presidente?
Rogério – O melhor é que se apure tudo. Se for concretizado que ela tem culpa, que nós tenhamos novas eleições. Acho que a democracia tem de ser maior que tudo. Acredito sim que o PT errou muito na administração do nosso país. Nós temos aí vários casos de pessoas até presas. Agora, nós temos que identificar os homens que fazem parte aqui. O PT, hoje, acaba sendo linha política para o Garotinho. Eles estão fazendo hoje o jogo de Garotinho. E eu tenho que criticar isso sim. Aqui está visceral, aqui está na nossa pele. Hoje eles fazem tudo que o Garotinho mandou.

Folha – Entre os seis nomes na disputa, você é o único sem o apoio de políticos com mandato.
Rogério – Graças a Deus.

Folha – Isso atrapalha?
Rogério – É justamente o que a população está querendo. As pessoas que estão aí no poder há muito tempo, independente de falar que são oposição ou não, a gente vê gente com a oposição que faz hoje a mesma política antiga do próprio Garotinho, que se espelha nele. Se você pegar aí, no histórico, vai ver gente da oposição que tem aí empreiteiros que ficaram ricos dentro desse governo agora. Pessoas que tem problemas ambientais, em algumas outras situações, e falam de questões ambientais. Então, eu vejo hoje que a população quer alguma coisa realmente nova. Mas não basta ser só novo, tem que ter experiência, tem que ter identidade com a cidade, tem que ter identidade com os segmentos.

Folha – O candidato Geraldo Pudim (PMDB) disse em entrevista à Folha que, caso não chegue ao segundo turno, estará ao lado de qualquer oposicionista, caso a disputa seja contra o governo. Você também?
Rogério – Eu não vejo essa hipótese. Por que a única hipótese é Rogério Matoso no segundo turno. Se todo mundo quiser nos apoiar, nós vamos estar lá. Só tem essa hipótese. Eu hoje no primeiro turno, estarei no segundo.

Folha – Os arranhões entre a oposição no primeiro turno podem atrapalhar composições para um segundo e decisivo turno?
Rogério – Eu espero que não. Eu espero que isso seja digerido de maneira madura. Nós temos que enaltecer cada um com suas qualidades. Acredito que todo mundo que está na oposição quer um novo governo. Mas em algum momento você tem que falar dos segmentos, do que você acredita, do por que você está aqui. Eu estou aqui porque acho que não sou representado por nenhum outro quadro da oposição. Agora, não é por conta disso que a gente não vai fazer uma composição no segundo turno, que eu estarei lá.

Folha – Seu perfil é de um político que trabalha muito no emocional, característica que você não nega. Para ser prefeito de Campos, sobretudo na situação de penúria que o próximo deve herdar após os oito anos de Rosinha Garotinho (PR), um perfil racional não seria o mais adequado?
Rogério – Eu sou gestor. A emoção tem que estar na administração pública, porque você vai gerir a vida de outras pessoas. Mas eu sou empregador dentro da cidade. Eu sei a dificuldade que passa o comércio. Eu sei como a gente pode fazer uma administração eficiente, colocando a tecnologia de informação e comunicação a nosso favor. Colocando isso para ter o maior conforto para população. Isso eu consigo fazer no meu negócio. De uma crise, a gente faz uma criatividade. Agora, eu não posso perder nunca a visão emotiva do meu povo, da minha identidade com minha terra. Eu sou totalmente racional e provei isso quando administrei uma Câmara de Vereadores num momento muito complicado que a cidade estava vivendo. Eu levei isso com equilíbrio, com lisura. Não respondo a nenhum processo no Tribunal de contas. Naquele momento, provamos e comprovamos que temos condição sim de administrar uma cidade em crise. Porque não adianta, como falei, ser novo, tem que ter um tipo de experiência também.

Folha – Em entrevista à Folha em fevereiro, você afirmou que a prefeita Rosinha decretou a falência de Campos. Pretenso a sucedê-la no comando do município, o que apresenta como solução para tirar Campos da situação econômica atual, visto que a previsão ainda é de queda de arrecadação?
Rogério – Se você pegar o histórico da nossa cidade, nós vimos quando os royalties começaram, prefeitos administrando a cidade, na Saúde, na Educação, e as coisas acontecendo, a economia pujante na nossa cidade, com R$ 600 milhões de arrecadação por ano. Nós temos R$ 1 bilhão e 600 milhões. Isso é muito recurso ainda. Nós temos que fazer uma administração mais eficiente. Temos que ver essas empresas de fora, que fizeram contratos muitas vezes pelo o que a gente já tem de maneira gratuita, até no SUS. Por exemplo: o governo fez contratos aí com uma empresa para alugar um software para Saúde e o SUS disponibiliza o Datasus, de maneira gratuita e muito boa. Nós podemos reformar nossos hospitais como a Beneficência fez. Tá bonito, tá lindo, com linhas de crédito que o SUS consegue fazer. Nós podemos trazer essa independência do petróleo, fortalecendo o homem do campo, a secretaria de Agricultura que nesse governo não existe. E isso com muito pouco recurso. Nós podemos fazer convênio com essas universidades aí, e colocar essas pessoas para fazer reforço escolar, fazer a educação no campo. Nós podemos prestigiar o transporte. Eu votei a favor da passagem a R$ 1, mas nós podemos fazer a classificação para as empresas. A empresa nota A, classificação 10, que a gente pague a ela um bônus por isso, e a gente faça uma linha “corujão”. Agora isso faz com muito pouco dinheiro. Com esses recursos todos que eles investiram, R$ 100 milhões no Cepop, R$ 30 milhões na Beira-Valão, R$ 70 milhões de jardins, gastaram não sei quanto com software da Saúde, entre outras coisa, a Cidade da Criança tem de pagar R$ 5 para entrar lá, nós podemos fazer uma gestão mais eficiente. E isso eu posso falar por experiência de causa por ser gestor, por ser empreendedor, por ser empregador.

Folha – Em sua entrevista, publicada na edição desta terça, Pudim afirmou que, se eleito, vai entrar na Prefeitura dia 1º de janeiro com a Polícia Federal, Ministérios Públicos estadual e federal, para fazer uma auditoria nas contas da Prefeitura. E você, vê a necessidade da auditoria nas contas da atual gestão? 
Rogério – Nós temos que fazer essa avaliação precisa, porque nós temos muito recurso e o recurso desapareceu. Isso realmente é necessário. Nós temos que manter os programas bons e vitais porque nós vamos já começar um ano estudantil. Em janeiro a gente tem que programar nossa cidade para ter aqui material escolar para nossas crianças, que muitas vezes chegam mais tarde. A Prefeitura tem feito licitações para empresas, e muitas vezes a gente consegue esse material gratuito do Governo federal, e o material chega fora de época. Nós temos que pensar em manter as atividades vitais de uma administração, que é Educação e Saúde. Nós temos que colocar remédios nas farmácias. Não tem cabimento, em uma cidade tão rica, a população não ter acesso a remédio. Isso é um absurdo mesmo, nós temos que lutar para isso. Agora, temos que ver onde está o rombo porque o dinheiro desapareceu. Temos que fazer sim uma auditoria técnica na Prefeitura para descobrir onde está esse dinheiro, para onde foi e como está sendo empregado. Eu também não sei onde está. Eles falam que a Prefeitura está uma maravilha, mas quando você vai às ruas, a gente vê um monte de reclamação, faltando tudo em todos os segmentos. E eles falando que a crise nos pegou.

Folha – Pudim afirmou que, caso eleito, Arnaldo Vianna será o que quiser no governo. Você tem como aliado o ex-deputado estadual Roberto Henriques. Ele será o que quiser?
Rogério – Roberto Henriques a partir de janeiro vai ser deputado estadual. Ele é suplente de deputado. E vai trazer uma grande contribuição pra gente na Alerj.

Folha – Sua coligação é formada por três partidos pequenos – PPL, PC do B e Pros. Isso representa pouco tempo de TV durante a campanha, fator importante para qualquer candidato. Hoje você aparece em último nas pesquisas, como usar o pouco tempo na televisão para reverter este quadro? Aposta em outras formas de chegar mais, se tornar mais conhecido e apresentar suas propostas ao eleitorado?
Rogério – Vamos falar da pesquisa primeiro. Eu vejo uma incoerência muito grande de uma para outra e eu vejo uma amostragem muito pequena. Mas o que ela me identifica: de cada 10 entrevistados, oito ainda não escolheram seu candidato a prefeito. Então nós estamos nas ruas, andando e mostrando para a população que ela tem uma opção, que é o Rogério Matoso, com quase 10 anos de vida pública, gestor, empregador e vida pública. Tem as redes sociais. Nós vamos ter o momento do debate eleitoral, nós vamos estar expondo algumas das nossas propostas, algumas das nossas condutas. Eu tenho certeza absoluta que, por mais que outros candidatos tenham um pouco mais de tempo, o desgaste deles é muito grande. Eles já usaram esse tempo de televisão e essas velhas práticas em outras eleições. E a população hoje está mais experiente e vai conseguir uma renovação com experiência. Como eu falei, não adianta só renovar, a gente tem que ter o mínimo de experiência.

Folha – Na corrida por cadeiras da Câmara, seus aliados apresentam poucos puxadores de votos, você chegou a citar a professora Odete. Quantos vereadores vocês trabalham para eleger?
Rogério – De dois a três, nós vamos eleger. Nós temos uma coligação cheia, com 38 pessoas. Vamos ter, se Deus quiser, voto na legenda, na legenda do 54, do PC do B e do Pros. E temos bons candidatos. Além da professora Odete, temos uma gama de outros candidatos, que são eleitoralmente viáveis, que estão nas ruas, motivados. Eu tenho sentido a adesão a campanha de vários dos nossos candidatos. A Câmara vai renovar muito, vai pegar muita gente de surpresa.

Folha – O número reduzido de parlamentares aliados, não acarreta em governabilidade comprometida, caso seja eleito? Como reverteria isso?
Rogério – Nós temos que fazer um passo após o outro. Estamos numa luta para irmos ao segundo turno. E nós iremos para o segundo turno, tenho certeza absoluta. Estamos sendo reconhecidos na campanha de rua. A população tem identidade com o nome Rogério Matoso. Eles só não sabiam que a gente ia ser candidato a prefeito. No momento certo, nós como prefeito, já tenho experiência de ser presidente da Câmara, então eu vim daquela Casa, nós vamos fazer a administração, com certeza absoluta, em comunhão com a Câmara. Com a experiência que eu tenho com o Legislativo e como presidente da Câmara, a gente consegue tirar isso de letra.

Folha – Em 2008 você participou da eleição na proporcional, venceu. Apoiou Arnaldo, foi derrotado. No ano de 2012, entrou na majoritária como vice de Arnaldo, foi derrotado. Qual o aprendizado dessas derrotas na majoritária, para enfrentar a máquina agora?
Rogério – Contribuiu muito. Cada eleição é diferente. Hoje nós temos uma população que, lá atrás, desde 2008, a gente vem mostrando para ela que esse modelo de gestão não é o melhor para cidade. Estamos vendo às vésperas de eleição, várias obras acontecendo, programas sociais que deveriam ser mantidos durante esses anos todos, não foram, e agora são feitos. Nós temos, nesse período de 2008 pra cá, uma população que agora despertou, enxergou. E nós temos essa experiência eleitoral, que eu tenho certeza que vai contribuir para que a campanha de Rogério Matoso esteja no segundo turno.

Folha – Por falar em retorno de obras, muitas delas voltaram após a terceira “venda do futuro de Campos”.
Rogério – Eu vou ter que pagar essa conta. É isso que você quer saber? Eu vou pagar.

Folha – A Prefeitura vive no “cheque especial”? Vai precisar de novos empréstimos no ano que vem?
Rogério – A gente ainda tem recurso. Esse governo que está aí se acostumou a ter muito recurso e trabalhar de maneira sem planejamento, sem se engajar no futuro. Nós temos de ser previdentes. E isso como um gestor e empreendedor, nós temos um plano todo administrativo que a gente trabalha com pouco recurso. Nós temos as nossas universidades, que em nenhum momento são colocadas dentro da administração. Eu discutia sustentabilidade quando eu era vereador. Nós podemos usar o que temos do ambiente ao nosso favor, como a energia solar, a eólica, entre outras questões. Nós temos que patrocinar mais o homem do campo, que está totalmente esquecido. Com um pouco de recurso, você consegue colocar o nosso homem do campo em primeiro plano. Nós podemos resgatar nossa bacia leiteira. São Francisco de Itabapoana, uma cidade sem royalties e sem recurso, tem uma bacia de refrigeração para os pequenos produtores. Isso gera economia também. Quando eu falo da gente arrumar, e eu crítico o Cepop desses valores, nós vamos fazer um convênio com a Uenf e vamos fazer um polo de cinema dentro do Cepop, no período que o Cepop está parado. Se você for em Paulínia, uma cidade de São Paulo que gera recurso e economia com polo de cinema, nós estamos numa planície, isso eu já discutia, esse polo de cinema, quando eu era vereador, do plano Darcy Ribeiro. A planície nos dá uma questão favorável, que é a questão da iluminação, que na cinematografia é muito cara, além da ventilação. Nós temos um plano na nossa cidade.

Folha – No período pré-eleitoral, você esteve com Arnaldo e Caio se filiou ao PDT. Posteriormente, Caio começou a se mostrar como pré-candidato a prefeito. Ficou alguma mágoa da sua saída do PDT? Você pretendia apoiar Arnaldo à Prefeitura naquele momento?
Rogério – Não ficou mágoa nenhuma. Quando fui convidado para ir para o PDT, partido até que nós temos alguma uma identidade, tinha sido vice de Arnaldo. A tendência era o seguinte: Arnaldo sem resolver os problemas dele, eu poderia ser o candidato a prefeito do PDT. Naquele momento as questões mudaram, a legislação mudou. Eu vi que não era nada daquilo que estava acontecendo. (Pausa) Você queria que eu desse uma alfinetada no Caio? Mas eu não vou não. Não vou alfinetar ninguém. Mas nem o pai dele apóia ele.

Folha – Você como vereador lutou para a implantação do Programa Saúde da Família (PSF). Como prefeito, o que pretende fazer em relação a esse programa?
Rogério – Isso foi uma luta desde o meu primeiro mandato. O meu primeiro dia de vereador – hoje a gente vê muitos debates, as pessoas falando em gestão participativa –, vocês têm matéria aqui na Folha, nos meus primeiros dias de vereador peguei minha mesa do meu gabinete e levei pro púlpito da praça do Liceu. Isso sim é gestão participativa. Eu ouvi muita gente. Naquele momento, a falha do governo também era na questão da Saúde. Tinha a questão do PSF, que é a Atenção Básica, e aí nós vamos tocar novamente na questão do orçamento da administração. Você numa administração pública de extensão de terra como Campos, você não consegue resolver se não tiver a Atenção Básica, que é um ditado popular, “é melhor prevenir do que remediar”. Isso deixa a administração da saúde mais barata. O fortalecimento do PSF, que hoje é o ESF – Estratégia de Saúde da Família -, ele é primordial para que a gente consiga descongestionar esses postos de emergência todos, porque o médico vai estar nas casas das pessoas, e a gente baratear o custo da nossa saúde pública. Então, isso foi uma luta minha como vereador. Eu vou fortalecer isso mais e fazer programas, talvez municipais, que fortaleçam e tenham o mesmo cunho da Atenção Básica, que é antes de ter a emergência.

Folha – A oposição é muito criticada por falta de diálogo, e talvez com diálogo ter menos candidaturas. No período pré-eleitoral, como foi o seu diálogo com os candidatos da oposição?
Rogério – Eu procurei a todos. Eu liguei para Rafael (Diniz), falei com Caio (Vianna), liguei para Nildo (Cardoso), falei com o próprio Pudim (Geraldo). Com todos eu conversei. De alguma maneira, a gente acaba tendo o mesmo tipo de pensamento em alguns segmentos, em outros não, e nós não conseguimos compor uma candidatura única para esse primeiro turno. As conversas aconteceram, até a época das convenções conversamos várias vezes, com vários candidatos da oposição. Eu espero que no segundo turno eles possam nos apoiar.

Folha – Gostaria de deixar alguma mensagem para os leitores?
Rogério – Quero dizer para a população que a gente pode fazer uma cidade mais moderna, uma administração mais eficiente. Não basta só renovar com a idade. Nós temos que prestar atenção no histórico do candidato, na experiência do candidato. O país vive uma crise? Sim. E a gente só sai disso, ficando independente dessa dependência do petróleo. Nós temos um plano para nossa cidade. Eu quero convidar a todos os leitores da Folha para nos acompanhar nas redes sociais: Rogério Matoso 54.

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